Astrônomos de várias partes do mundo anunciaram a descoberta de um novo túnel interestelar que conecta o Sistema Solar a regiões distantes da constelação do Centauro. Feito com dados do telescópio espacial eROSITA, o achado revela a presença de longas cavidades de poeira e plasma quente no espaço interestelar.
Além disso, sugere a existência de uma rede de túneis mais “limpos” do que se imaginava. Os túneis interestelares, conhecidos por serem formados por gases e plasma quente que atravessam o meio interestelar, têm sido observados há algum tempo.
No entanto, os novos dados revelam dois túneis com baixa densidade de partículas. Isso indica que esses caminhos cósmicos são mais comuns e mais limpos do que os cientistas inicialmente pensavam.
Um desses túneis é o bem conhecido túnel Β CMa, e o outro, localizado na direção de Centauro, foi identificado pela primeira vez na pesquisa atual. A descoberta foi realizada por uma equipe internacional de astrônomos da Alemanha, China e Itália, utilizando os dados do eROSITA, que vem mapeando o céu em raios X desde 2020.
O telescópio tem como missão observar cerca de 100 mil aglomerados galácticos. E com isso, estudar o meio intergaláctico — os vastos espaços entre as galáxias.
A pesquisa também tem se concentrado em identificar “fios de matéria” que formam a estrutura em rede do universo, organizando as galáxias nos nós dessa rede cósmica.
Além do novo túnel, os dados trazem outras descobertas. O Sistema Solar está localizado em uma área de baixa densidade chamada “Bolha Quente Local”. Trata-se de uma cavidade no meio interestelar, com gás quente de milhões de graus.
A equipe descobriu um diferencial de temperatura dentro dessa bolha, com o hemisfério norte sendo mais frio do que o sul — característica desconhecida até então. Uma possível explicação para essa diferença seria a presença de supernovas passadas, que teriam expandido e reaquecido a bolha.
Outro achado foi a constatação de que a Bolha Quente Local tem praticamente ausência de poeira interestelar. Isso ajuda a manter a região “limpa”, e ocorre em função do plasma quente, que emite raios X e desloca materiais neutros — explicando o vazio relativo onde o Sistema Solar está inserido.
A descoberta do túnel em direção a Centauro é considerada um exemplo de uma rede mais ampla de túneis interestelares, que poderiam se estender por toda a galáxia.
Essa teoria, proposta na década de 1970, continua sendo estudada, mas os dados mais recentes fornecem novas evidências de que essa rede existe, sustentada por retroalimentação estelar em diversas regiões da Via Láctea.