Por Katabella Roberts
Um grupo de astrônomos descobriu um dos maiores planetas já encontrados orbitando um sistema maciço e extremamente quente de duas estrelas, apesar de anteriormente acreditarem que tal ambiente era muito inóspito para a formação de um planeta.
O planeta foi descoberto por Markus Janson, um professor de astronomia da Universidade de Estocolmo, e seus colegas, de acordo com uma pesquisa publicada na quarta-feira pela revista científica Nature.
Janson e seus colegas encontraram o planeta utilizando o sofisticado instrumento Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet Research (SPHERE) no Very Large Telescope do European Southern Observatory, no Chile.
Chamado de b Centauri (AB) ou b Centauri b, o planeta é um “mundo alienígena que experimenta condições completamente diferentes das que enfrentamos aqui na Terra e em nosso Sistema Solar”, relataram os astrônomos em um comunicado à imprensa.
“É 10 vezes mais massivo que Júpiter, o que o torna um dos planetas mais massivos já encontrados. Além disso, ele gira em torno da estrela binária a uma distância surpreendente de 100 vezes maior do que Júpiter o faz do Sol, uma das órbitas mais largas já descobertas”, explicaram os astrônomos. “Esta grande distância do par central de estrelas pode ser a chave para a sobrevivência do planeta”.
Janson afirmou que a descoberta do planeta em torno do sistema de duas estrelas muda completamente o que os astrônomos acreditavam anteriormente sobre estrelas massivas que hospedam planetas, e mostra que elas podem, de fato, se formar em sistemas estelares tão severos.
O sistema de duas estrelas, também chamado de b Centauri, tem 15 milhões de anos e possui pelo menos seis vezes a massa do Sol, tornando-o de longe o maior sistema estelar no qual astrônomos encontraram um planeta em órbita. Devido às suas temperaturas incrivelmente altas, o sistema estelar, situado a 325 anos-luz de distância na constelação de Centaurus, emite grandes quantidades de radiação ultravioleta e de raios-X.
Antes de sua descoberta, os cientistas eram incapazes de detectar qualquer objeto ao redor de uma estrela com mais de três vezes a massa do Sol.
Além disso, a grande massa e o calor emitido pelo sistema estelar impactam fortemente o gás circundante, o que deve dificultar a formação de planetas.
“Estrelas do tipo B são geralmente consideradas ambientes bastante destrutivos e perigosos, então acreditava-se que deveria ser extremamente difícil formar grandes planetas ao seu redor”, afirmou Janson.
“Sempre tivemos uma visão muito centrada no sistema solar de como os sistemas planetários ‘deveriam’ ser”, relatou o cientista e co-autor da MPIA Matthias Samland. “Nos últimos 10 anos, a descoberta de muitos sistemas planetários em configurações surpreendentes e novas nos fez ampliar nossa visão historicamente limitada. Esta descoberta adiciona outro capítulo emocionante a esta história, desta vez para estrelas massivas”.
O instrumento usado para descobrir o planeta, o SPHERE, foi construído por um consórcio de várias instituições astronômicas, e os astrônomos o têm usado até agora para captar vários planetas orbitando estrelas diferentes do Sol.
Usando o instrumento, eles foram capazes de obter a primeira imagem de um planeta infantil em crescimento e, potencialmente, de um disco formador de luas.
“Será uma tarefa intrigante tentar descobrir como ele pode ter se formado, o que é um mistério no momento”, acrescentou Janson sobre o planeta recém-descoberto.
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