A vida é quase 1,5 bilhão de anos mais antiga do que pensávamos

Por Agência de Notícias
31/12/2024 17:03 Atualizado: 31/12/2024 17:12

Graças ao registro fóssil de ossos e conchas, sabemos como os animais evoluíram e, em alguns casos, foram extintos nos últimos 500 milhões de anos. Agora, uma nova análise científica estendeu a árvore da vida para quase 2 bilhões de anos atrás.

O novo catálogo é baseado em uma compilação mundial de dados fósseis e mostra as oscilações na contagem de espécies da vida antiga.

O trabalho, cujos detalhes foram publicados na quinta-feira na revista Science, é uma análise de alta resolução da diversidade global do Éon Proterozoico, entre 2,5 e 539 milhões de anos atrás, quando a vida (principalmente pequenos organismos e esponjas que não conseguiam desenvolver esqueletos minerais) deixou menos vestígios fósseis para estudo.

O registro foi feito pelo Instituto Politécnico da Universidade da Virgínia, em colaboração com pesquisadores das academias de ciências da Rússia e da China e das universidades da Califórnia em Santa Bárbara, Princeton, Missouri e Califórnia Riverside.

A equipe analisou especificamente os registros de antigos eucariotos marinhos, organismos cujas células contêm um núcleo.

Os primeiros eucariotos evoluíram posteriormente para os organismos multicelulares que são creditados como responsáveis pelo início de uma nova era de vida na Terra: animais, plantas e fungos.

“Essa é a análise mais completa e atualizada desse período até o momento e, o que é mais importante, usamos um programa de correlação gráfica que nos permitiu obter uma resolução temporal mais alta”, explica Xiao.

A nova análise revela que, embora as espécies antigas tenham evoluído mais lentamente e durado mais tempo, o ritmo da evolução se acelerou após as glaciações globais.

Coreografia de espécies

O estudo conclui que os primeiros eucariotos surgiram há não mais de 1,8 bilhão de anos e evoluíram gradualmente para um nível estável de diversidade entre cerca de 1,45 bilhão e 720 milhões de anos atrás, um período conhecido como o “bilhão chato”, quando as taxas de rotatividade de espécies eram notavelmente baixas.

É possível que as espécies eucarióticas do “bilhão chato” tenham evoluído mais lentamente e durado mais do que as posteriores, de acordo com o estudo.

Em seguida, o cataclismo: a Terra Bola de Neve, uma espiral de queda de temperatura, selou o planeta em gelo pelo menos duas vezes entre 720 milhões e 635 milhões de anos atrás. Quando o gelo descongelou, a atividade evolutiva se acelerou e as coisas deixaram de ser entediantes.

“As eras glaciais foram um fator importante que redefiniu o caminho evolutivo em termos de diversidade e dinâmica. Observamos uma rápida mudança de espécies eucarióticas imediatamente após a glaciação. Essa é uma descoberta importante”, diz Xiao.

Esses padrões, de acordo com Xiao, levantam muitas questões interessantes, como por que a evolução eucariótica foi lenta durante o “bilhão chato”, quais fatores impulsionaram o ritmo da evolução após as eras glaciais ou se foi uma corrida armamentista evolutiva entre diferentes organismos que levou as criaturas a evoluir rapidamente.

Os autores acreditam que, no futuro, os cientistas poderão usar esse novo registro para responder a todas essas perguntas e entender melhor a complexa interação da vida na Terra e da própria Terra.