Xi Jinping inclina balança a seu favor durante Congresso do Partido Comunista

27/10/2017 13:06 Atualizado: 01/11/2017 14:39

Na conclusão do 19º Congresso Nacional da China, a reestruturação quinquenal do Partido resultou favorável ao atual líder Xi Jinping.

O número de aliados que Xi conseguiu nomear no mais alto órgão decisório da China, o Comitê Permanente do Politburo, é um sinal de seu poder dentro do Partido.

Depois de uma semana de duras negociações, Xi conseguiu colocar seus aliados em postos de alta liderança: no Comitê Permanente composto de sete membros, incluindo ele próprio, cinco estão solidamente do seu lado, enquanto apenas um tem vínculos estreitos com Jiang Zemin, ex-líder do Partido Comunista Chinês (PCC).

Tendo em vista que anteriormente três dos membros pertenciam à facção de Jiang Zemin, a nova composição inclinou a balança favoravelmente para Xi.

Vale ressaltar que Xi não nomeou um protegido para sucedê-lo, sugerindo com isso que o seu desejo é permanecer no poder após o próximo congresso do Partido em 2022. O costume do Partido é nomear alguns membros mais jovens para o Comitê Permanente, um dos quais é alçado ao cargo de líder do PCC no congresso seguinte. Mas como todos os membros do Comitê Permanente, inclusive Xi, têm mais de 60 anos, não há um sucessor óbvio. A idade para se aposentar é aos 68 anos.

Xi também afirmou ainda mais sua autoridade dentro do Partido quando, em 24 de outubro, o congresso decidiu incorporar a doutrina política de Xi (conhecida como “Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era”) à constituição do Partido.

Líder chinês Xi Jinping na sessão de abertura do 19º Congresso do Partido Comunista, realizado no Grande Salão do Povo em Pequim, em 18 de outubro (Lintao Zhang/Getty Images)
Líder chinês Xi Jinping na sessão de abertura do 19º Congresso do Partido Comunista, realizado no Grande Salão do Povo em Pequim, em 18 de outubro (Lintao Zhang/Getty Images)

Os líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) das últimas décadas também incluíram suas ideologias, mas não junto com o próprio nome. A inclusão do nome de Xi o coloca ao lado do fundador da China comunista Mao Zedong como o único outro líder cujo nome está ligado ao seu pensamento. Em contraste, por exemplo, o nome de Deng Xiaoping está ligado a uma “teoria”.

Quem está dentro

Pouco antes do meio dia de 25 de outubro, os recém-nomeados membros do Comitê Permanente foram revelados em uma conferência de imprensa em Pequim. Os homens de confiança de Xi alcançaram as posições mais poderosas ao seu lado.

Durante as últimas semanas houve especulações sobre se Xi quebraria as regras permitindo que Wang Qishan, liderança da campanha anticorrupção de Xi, permanecesse no cargo, já que superou a idade de aposentadoria para ser membro do Comitê Permanente do Politburo (Wang completou 69 anos em julho).

Wang era chefe da Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCID), uma agência anticorrupção que se tornou a força motriz por trás de Xi para se livrar de seus inimigos políticos — especificamente, de membros da facção de Jiang.

Com a remoção do nome de Wang da lista de membros do Comitê Central (um corpo de mais de 200 funcionários de alto escalão), foi confirmado que ele se retirará de seu cargo no Comitê Permanente do Politburo.

Xi não conseguiu manter Wang, mas colocou com sucesso outros de seus aliados no Comitê Permanente. Além de si mesmo e do atual primeiro-ministro Li Keqiang, os outros cinco membros constituem novas designações, incluindo Zhao Leji, que também foi nomeado secretário da Comissão Central de Inspeção Disciplinar, sucedendo Wang no cargo de chefe da agência anticorrupção. Como chefe do Departamento de Organização, Zhao foi encarregado de fazer nomeações para cargos elevados e ajudou a promover muitos dos aliados de Xi, segundo informou o Instituto Brooking.

(Da esq. para a dir.) Li Keqiang, Wang Yang e Zhao Leji recebem a mídia no Grande Salão do Povo em 25 de outubro de 2017 (Lintao Zhang/Getty Images)
(Da esq. para a dir.) Li Keqiang, Wang Yang e Zhao Leji recebem a mídia no Grande Salão do Povo em 25 de outubro de 2017 (Lintao Zhang/Getty Images)

Em 2015, Zhao escreveu um artigo de 4.000 palavras para o Qiushi, jornal político do PCC, anunciando publicamente seu apoio a Xi.

Xi também promoveu seu subordinado Li Zhanshu, que atuou como chefe de gabinete de Xi desde que ele assumiu o poder em 2012. Li começou sua carreira trabalhando em estreita colaboração com Xi e tanto ele como Xi ocuparam cargos de secretários do Partido em municípios da Província de Hebei.

Wang Huning, conselheiro de Xi para política externa, também é um aliado confiável. Ele ganhou o apelido de “riqueza de conhecimento de Zhongnanhai”, em referência ao recinto de liderança de Pequim.

Wang Yang, atual vice-primeiro-ministro ministro conhecido por seus esforços de reforma enquanto administrou a província de Guangdong, também se juntou ao comitê.

Li, Wang Huning e Wang Yang formam um círculo hermético que muitas vezes acompanhou Xi em suas viagens domésticas e internacionais.

O único funcionário ligado a Jiang é Han Zheng, atual chefe do Partido de Xangai. Desde que Jiang atuou como chefe do Partido na década de 1980, a cidade tornou-se conhecida como um terreno fértil para os aliados de Jiang. No entanto, nos últimos anos, Han começou a expressar lealdade à Xi.

Enquanto isso, Cai Qi (atual secretário do partido de Pequim), Huang Kunming (vice-ministro do departamento de Propaganda) e Li Qiang (secretário do partido da província de Jiangsu), todos os quais trabalharam ao lado de Xi na província de Zhejiang, foram designados no Politburo, um grupo de 25 membros (o Comitê Permanente está incluído)

Quem está fora

Como evidência do declínio da influência de Jiang, outros aliados importantes de Jiang não obtiveram altas designações. Meng Jianzhu, ex-chefe de segurança e membro da “gangue de Xangai” (grupo de funcionários que devem suas carreiras ao patrocínio político de Jiang) foi retirado do Comitê Central.

Colaboraram: Frank Fang, Gu Qing’er e Zhang Dun

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