Visita de Li Zhanshu à Coreia do Norte pode representar cautela diplomática da China

10/09/2018 15:15 Atualizado: 10/09/2018 15:15

Por Epoch Times

Na noite de 4 setembro, os meios de comunicação do Partido Comunista Chinês (PCC) anunciaram que, a convite do regime norte-coreano, o membro do Comitê Permanente do Politburo do PCC e presidente da Assembleia Popular Nacional, li Zhanshu, visitará a Coreia do Norte em 8 de setembro em nome do líder chinês Xi Jinping.

A notícia parece confirmar as especulações da mídia sul-coreana de que o plano de Xi de visitar a Coreia do Norte em pessoa parece ter mudado.

A notícia, divulgada pelo jornal Xinhua, controlado pelo Partido, não mencionou quanto tempo Li Zhanshu vai ficar na Coreia do Norte.

O líder norte-coreano Kim Jong-un visitou a China três vezes este ano. De acordo com fontes anônimas, durante sua primeira viagem à China no final de março, Kim convidou Xi para visitar a Coreia do Norte, e Xi aceitou seu convite. Mais tarde, começou a correr o boato de que Xi viajaria para Pyongyang em setembro.

Em 3 de setembro, um dia antes do Xinhua divulgar a notícia, análises de vários meios de comunicação sul-coreanos sugeriram que Xi não poderia visitar a Coreia do Norte devido à falta de tempo na agenda lotada de Xi, bem como ao medo de indispor-se ainda mais com os norte-americanos no contexto dos atuais conflitos comerciais entre a China e os Estados Unidos.

De acordo com as agências de notícias sul-coreanas Yonhap e Chosun Online, o regime chinês estava muito quieto sobre os planos de seus líderes de visitar a Coreia do Norte, embora faltasse menos de uma semana para a celebração do 70º aniversário do Dia Nacional da Coreia Norte. No passado, a imprensa estatal chinesa teria publicado tais notícias uma semana antes da viagem.

As análises também mencionaram a dificuldade de incluir uma visita à Coreia do Norte na agenda de Xi, que havia sido atualizada em 31 de agosto. O Ministério das Relações Exteriores do PCC emitiu uma nota avisando que os líderes dos países africanos de Ghana, Egito, África do Sul, Congo e outros haviam aceitado um convite de Xi para fazerem uma visita de Estado a Pequim entre 31 de agosto e 9 de setembro.

Nos dias 3 e 4 de setembro foi celebrado em Pequim o Fórum de Cooperação China-África, depois do qual os líderes africanos se reunirão separadamente com Xi. O PCC colocou muito esforço na organização do fórum, circunstância em que Xi terá pouco tempo para fazer visitas no exterior.

Recentemente, o presidente norte-americano Donald Trump inesperadamente cancelou a visita do secretário de Estado Mike Pompeo à Coreia do Norte. Trump acusou o PCC de frear o progresso da desnuclearização da Coreia do Norte e de incentivar Pyongyang a não cumprir seus compromissos.

Isto colocou mais pressão diplomática sobre Xi, já que as relações sino-americanas se deterioraram desde o início da guerra comercial entre os dois países. De acordo com Dong-a-Ilbo, da Coreia do Sul, se Xi fizer uma exibição pública de amizade com a Coreia do Norte — que é amplamente considerado um Estado pária — isso pode levar ainda mais os Estados Unidos a considerarem a China como um adversário por trás da não-desnuclearização da Coreia de Norte.

As análises também disseram que se Xi participar de um desfile militar em Pyongyang, provavelmente se sentará perto de Kim Jong-un ou de outros líderes norte-coreanos em um gesto aparente de apoio. Essa atitude pode ser ainda mais grave caso o regime norte-coreano decida mostrar uma nova arma no desfile, o que indicaria a cumplicidade de Pequim no desafio da Coreia do Norte frente aos Estados Unidos.

Além disso, a visita de Xi à Coreia do Norte obrigaria o PCC, por cortesia, a oferecer a Pyongyang gestos de boa vontade, como acordos de cooperação econômica ou outras formas de ajuda. Mas nestas circunstâncias em que a China participa dos esforços internacionais de desnuclearizar a Península Coreana, esforços em que os Estados Unidos e a Coreia do Sul igualmente participam, seria desconfortável para a China brindar a Coreia do Norte com essa generosidade, se ela quiser evitar repercussões diplomáticas.