Por Agência Brasil
Governos e bancos centrais de todo o mundo têm liberado volumes sem precedentes de estímulos fiscais e monetários, além de outros medidas de apoio ao longo deste mês para as economias nacionais que sofrem com a pandemia de coronavírus.
Veja um resumo dos principais passos das políticas até o momento.
Estados Unidos
Estímulo monetário – O Federal Reserve (FED, banco central dos EUA) reduziu as taxas de juros em um total de 150 pontos-base em duas reuniões de emergência nos dias 3 de março (50 pontos-base) e 15 de março (100 pontos-base), levando as taxas de fundos federais ao intervalo entre 0-0,25%, juntamente com US$ 700 bilhões em compras de ativos, ou flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês).
O Fed também reduziu a janela de desconto, instrumento de política monetária, em 150 pontos-base. Em 23 de março, o Fed seguiu com a flexibilização quantitativa ilimitada e aberta e compras planejadas de títulos corporativos do governo municipal.
Operações e financiamento de liquidez – Trilhões de dólares em acordos de recompra inundaram os mercados com dinheiro; linhas de swaps com outros grandes bancos centrais para fornecer financiamento em dólares; programa de apoio a fundos do mercado monetário; várias flexibilizações de amortecedores de capital bancário; financiamento de suportes para empresas fornecerem empréstimos que se entendem até quatro anos; financiamento para auxiliar no fluxo de crédito nos mercados de títulos lastreados em ativos; também se planeja estender crédito para pequenas e médias empresas.
Estímulo fiscal (Federal) – O Congresso deve aprovar um pacote de estímulo de US$ 2 trilhões nesta quarta-feira (25), incluindo um fundo de US$ 500 bilhões para ajudar indústrias afetadas com empréstimos e uma quantia comparável para pagamentos diretos de até US$ 3 mil a milhões de famílias norte-americanas.
Zona do Euro
Estímulo monetário – Em 12 de março, o Banco Central Europeu (BCE) acrescentou 120 bilhões de euros a seu atual programa de compra de ativos de 20 bilhões de euros mensais, além de flexibilização quantitativa. Em 19 de março, o BCE adicionou outros 750 bilhões de euros em flexibilização quantitativa, elevando o total para cerca de 1,1 trilhão de euros neste ano e incluiu a Grécia na carteira de títulos que compraria.
Operações e financiamento de liquidez – O BCE cortou a taxa de juros em suas Operações de Refinanciamento de Longo Prazo (TLTROs, na sigla em inglês), empréstimos baratos para bancos, em 25 pontos-base, para -0,75% em 12 de março. Forneceu Operações de Refinanciamento adicionais para reduzir o financiamento bancário até junho e afrouxou as regras de capital.
Fiscal/outros – Suspensão dos limites dos empréstimos do governo da União Europeia (UE), considerando permitir uma linha de crédito de precaução no valor de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional do fundo de resgate do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês).
Alemanha
Estímulo fiscal – Em 23 de março, acertou um pacote de até 750 bilhões de euros; 100 bilhões de euros para um fundo de estabilidade econômica que pode assumir participações diretas em empresas; 100 bilhões de euros em crédito ao banco público de desenvolvimento para empréstimos a empresas em dificuldades; o fundo de estabilidade oferecerá 400 bilhões de euros em garantias de empréstimos para garantir dívidas corporativas sob o risco de inadimplência.
França
Estímulo fiscal – Anunciou US$ 45 bilhões em euros em medidas de crise para auxiliar empresas e trabalhadores em 17 de março; garantia de até 300 bilhões de euros em empréstimos corporativos de bancos comerciais em 16 de março.
Itália
Estímulo fiscal – Em 16 de março, decreto de emergência no valor de 25 bilhões de euros que suspende o pagamento de empréstimos e hipotecas para empresas e famílias e amplia os fundos para auxiliar empresas a pagarem trabalhadores demitidos temporariamente.
Espanha
Estímulo fiscal – Em 17 de março, um pacote de 200 bilhões de euros foi anunciado; metade das medidas de assistência econômica são garantias de crédito para empresas e o restante inclui empréstimos e auxílios a pessoas vulneráveis.
Reino Unido
Estímulo monetário – O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) reduziu as taxas de juros em um total de 65 pontos-base em duas reuniões de emergência, nos dias 11 de março (50 pontos-base) e 19 de março (15 pontos-base), levando os juros bancários a um nível recorde de 0,10%; anúncio de compras de títulos de 200 bilhões de libras.
Operações e financiamento de liquidez – O BoE também introduziu um novo programa de crédito barato e reduziu um amortecedor de capital para ajudar os bancos a emprestarem. Um mecanismo de financiamento corporativo do BoE comprará papéis comerciais com prazo de vencimento em até 12 meses de empresas com classificação de risco em grau de investimento ou semelhante no período pré-crise.
Estímulo fiscal – Em 11 de março, um plano de estímulo de 30 bilhões de libras; 330 bilhões de libras em garantias de empréstimos para empresas; ofereceu pagar até 80% das despesas com salários se os funcionários forem colocados em licença, até um máximo de 2.500 libras (2.930 dólares) cada por mês –se as empresas os mantiverem. As empresas também têm permissão para reter temporariamente 30 bilhões de libras (US$ 35 bilhões) de imposto sobre valor agregado (IVA).
Canadá
Estímulo monetário – O Banco do Canadá cortou as taxas em 100 pontos-base em duas reuniões de emergência, nos dias 4 de março (50 pontos-base) e 13 de março (50 pontos base), levando a taxa de juros overnight ao patamar de 0,75%.
Operações e financiamento de liquidez – expansão das garantias elegíveis para operações compromissadas a prazo; programa de compra de hipotecas seguradas em 50 bilhões de dólares canadenses (US$ 34,6 bilhões); programa de suporte a crédito de 10 bilhões de dólares canadenses para empresas.
Estímulo fiscal – 55 bilhões de dólares canadenses em diferimentos de impostos para empresas e famílias; Pacote de ajuda de 27 bilhões de dólares canadenses para trabalhadores e famílias de baixa renda.
Japão
Política monetária – O Banco do Japão afrouxou a política monetária, aumentando as compras de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) e outros ativos de risco, incluindo títulos corporativos. O banco central também decidiu criar um novo programa para conceder empréstimos a taxa zero por um ano a instituições financeiras.
Política fiscal – O governo anunciou gastos extras de 430,8 bilhões de ienes (US$ 4,1 bilhões), destinados principalmente a auxiliar as pequenas e médias empresas afetadas. O governo também financiará melhorias em instalações médicas e subsidiará os pais que são forçados a sair de licença por causa das escolas fechadas.
Nenhum plano de estímulo fiscal foi anunciado, mas é esperado algo para o mês de abril, o que pode incluir pagamentos em dinheiro. As medidas poderiam contabilizar mais de 30 trilhões de ienes (US$ 270 bilhões).
Austrália
Estímulo monetário – O Banco Central da Austrália reduziu as taxas em 50 pontos-base em duas decisões (25 pontos-base na reunião de 3 de março e outros 25 pontos-base na reunião de emergência de 19 de março), levando o nível dos juros para 0,25%; introduziu o primeiro uso da flexibilização quantitativa, estabelecendo uma meta de cerca de 0,25% para o rendimento dos títulos.
Operações e financiamento de liquidez – Um mecanismo de financiamento de 90 bilhões de dólares australianos (US$ 53,3 bilhões) para bancos a uma taxa fixa de 0,25%; um programa de compra de 15 bilhões de dólares australianos em títulos garantidos por hipotecas residenciais e outros garantidos por ativos; um programa de suporte, de 715 milhões dólares australianos, para companhias aéreas.
Estímulo fiscal – 66,1 bilhões de dólares australianos em assistência a empresas e pagamentos adicionais de assistência social; um pacote de 17,6 bilhões de dólares australianos em subsídios para aprendizes, pequenas empresas, pensionistas e outros.
Coreia do Sul
Estímulo monetário – O Banco da Coreia reduziu as taxas de juros em 50 pontos-base, para 0,75%, em 16 de março.
Estímulo fiscal – Orçamento suplementar de 11,7 trilhões de won; 50 trilhões de won em financiamento de emergência para pequenas empresas; maior afrouxamento às principais regras de fluxo de capital temporariamente para incentivar as instituições financeiras locais a fornecerem mais dólares.
China
Estímulo monetário – O Banco Popular da China reduziu sua taxa de empréstimo de um ano, introduzida pela primeira vez em agosto, em 10 pontos-base, para 4,05% em 20 de fevereiro, após várias injeções de liquidez e outras flexibilidades políticas. Em 13 de março, o banco cortou o caixa que os bancos devem manter como reservas pela segunda vez este ano, liberando 550 bilhões de iuanes (US$ 79 bilhões).
Liquidez e financiamento – A China ofereceu financiamento mais fácil para empresas de pequeno e médio porte, aumentando em 500 bilhões de iuanes as cotas de reempréstimos e redesconto de iuan em 25 de fevereiro. Também aumentou a cota de empréstimos dos bancos políticos em 350 bilhões de iuanes para fazerem empréstimos direcionados a esses negócios.
Estímulo fiscal – A China deve liberar trilhões de iuanes em estímulo fiscal. Os gastos ampliados terão como objetivo estimular o investimento em infraestrutura, apoiado em 2,8 trilhões de iuanes (US$ 394 bilhões) em títulos especiais do governo local, segundo fontes, em 19 de março. O déficit orçamentário nacional pode subir para níveis recordes, acrescentaram fontes.
Várias pequenas medidas e despesas fiscais, como incentivos fiscais, tarifas reduzidas de energia e redução de taxas.
Brasil
Estímulo monetário – O Banco Central do Brasil reduziu as taxas de juros em 50 pontos-base para 3,75% e diminuiu os requisitos de capital para instituições financeiras.
Operações e financiamento de liquidez – Um programa do banco central, de R$ 1,2 trilhão (US$ 233,8 bilhões), para injetar liquidez por meio da compra de pacotes de carteiras de empréstimos bancários; novas regras que permitem aos bancos oferecerem a empresas e famílias empréstimos maiores e melhores condições; intervenção do banco central nos mercados de câmbio e recompras de títulos soberanos em dólar.
Estímulo fiscal – Programa de 150 bilhões de reais para auxiliar a população mais vulnerável e proteger empregos; aprovação, pelo Congresso, de decreto presidencial que declara emergência nacional em torno do coronavírus, permitindo ao governo renunciar às metas fiscais e liberar recursos orçamentários.