Por Joshua Philipp, Epoch Times
Apesar de dizer que reduziria o uso de carvão, o regime chinês renovou silenciosamente a construção de várias usinas.
De acordo com a televisão alemã Deutsche Welle, a constatação foi feita por meio de imagens de satélite recentes que mostram que o regime retomou a construção de dezenas de usinas de carvão. A nova construção foi exposta em um relatório conjunto do Global Energy Monitor, do Greenpeace e do Sierra Club.
Como a Deutsche Welle aponta, isso vai contra as próprias medidas do Partido Comunista Chinês (PCC) de 2012 e 2013 para reduzir o crescimento de sua indústria de carvão e sua promessa de limitar o consumo do produto. A transmissora informou que o PCC também investiu dinheiro em outras usinas de carvão no exterior.
Isso mostra que, enquanto o PCC fala de “energias limpas” e de apoiar programas internacionais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o país mantém seus próprios programas de energia barata e eficiente.
Ao mesmo tempo, ao promover programas de energia menos lucrativos e menos eficazes na Europa e em outros lugares, o PCC adota um caminho que lhe permite dominar o mercado.
Guerra irrestrita
Essas ações estão ligadas às estratégias militares delineadas nos sistemas de guerra irrestritos do PCC — especificamente a guerra de recursos e a guerra do direito internacional (também chamada de “guerra legal”). A guerra ambiental combina esses dois conceitos.
Segundo o livro militar chinês “Guerra Irrestrita“, a guerra de recursos é descrita como “apropriação da riqueza pela dizimação da provisão de recursos”, e a guerra legal é descrita como “aproveitar a primeira oportunidade para estabelecer regulamentos”.
“O objetivo desse tipo de guerra é mais do que simplesmente usar meios que envolvam a força das armas para forçar o inimigo a aceitar a sua vontade”, diz o livro.
“Em vez disso, o objetivo deveria ser ‘usar todos os meios disponíveis — meios que envolvam a força de armas e meios que não envolvam a força das armas, meios que envolvam poder militar e meios que não envolvam poder militar, meios que impliquem em perda de vidas e meios que não impliquem em perda de vidas — para forçar o inimigo a servir seus próprios interesses.”
No sentido estratégico, a guerra de recursos poderia ser a destruição intencional da terra para impedir que o adversário a use — como quando a Rússia incendiou campos de cultivo enquanto caía sob as forças de Napoleão, fazendo com que o exército de Napoleão passasse fome.
Quando se trata de guerra legal, isso inclui a manipulação de leis e regulamentos para controlar ou impedir o acesso a recursos-chave como ferro, minerais de terras raras ou fontes de energia, como petróleo e gás natural.
O PCC demonstrou o uso dessa estratégia em setembro de 2010, quando estava tentando assumir o controle das ilhas Senkaku do Japão. Depois que o Japão deteve um barco pesqueiro chinês em águas disputadas, o PCC respondeu proibindo a venda de terras raras para o Japão.
Seu controle do mercado de terras raras atuou como uma arma simbólica à frente da indústria de alta tecnologia do Japão — e também da economia japonesa.
Em outras palavras, o PCC usou o método da guerra legal para assumir o controle do território.
Guerra ambiental
Agora vamos entrar no assunto dos combustíveis fósseis e nos gases do efeito estufa — e se você está de um lado ou de outro sobre a questão do aquecimento global, esqueça por um momento. Vamos ver isso puramente do ponto de vista estratégico.
Quando se trata da questão atual da energia proveniente do carvão, o PCC tem falado em duas línguas. Por um lado, ele fala da boca para fora sobre energias limpas e diz que vai liderar a mudança. Por outro lado, nada está mudando — ele ainda continua sendo o transgressor número um em emissões de gases do efeito estufa.
O negócio de energia é estrategicamente valioso, não apenas porque controla a capacidade de fornecer energia a exércitos, economias e infraestrutura nacional, mas também devido ao seu poder de influenciar outras nações.
A Rússia tem muito claro esse conceito e usou seu controle sobre o gás natural para influenciar as políticas na Europa. Cabos grampeados do Departamento de Estado em 2009, mostraram que a Rússia estava planejando exercer controle semelhante com energia nuclear, e estava fazendo da Europa Oriental seu principal objetivo.
As conhecidas ambições da Rússia de usar os mercados de energia como influência política fizeram parte da controvérsia quando o Departamento de Estado dos Estados Unidos, sob Hillary Clinton, fez seu “retorno a zero” em 6 de março de 2009 e ajudou a aprovar a compra pela Rússia da empresa de urânio Uranium One, enquanto milhões de dólares foram para a Fundação Clinton.
Quando se trata de debates sobre o aquecimento global, a China é o maior infrator nas emissões de gases do efeito estufa. Como observa a Deutsche Welle, o carvão é o maior culpado pelas emissões de carbono e, embora a maior parte do mundo esteja querendo se livrar das fontes de energia a base de carvão, a demanda global por carvão aumentou 0,7%. DW diz que “quase todo esse crescimento veio da Ásia e especialmente da China, onde a produção de eletricidade pelo carvão aumentou mais de 5%”.
De acordo com esses números, e o histórico ambiental do regime chinês que inclui a destruição irresponsável de seus próprios recursos naturais, é justo dizer que o PCC pouco se preocupa com o modo como sua indústria afeta o meio ambiente.
Mas o PCC diz que se importa. Isso tem algumas facetas. Parte da razão pela qual o PCC apoia a restrição de emissões de gases de efeito estufa é que as regulamentações internacionais incapacitam seus concorrentes e permitem que eles comprem recursos a preços de liquidação.
O PCC também controla grande parte do movimento tecnológico de “energia limpa”, também por causa de seu monopólio sobre terras raras usadas em painéis solares e turbinas eólicas, e sua capacidade de reduzir o preço de seus concorrentes na tecnologia de turbinas eólicas, que seus hackers militares — a “Unidade 61398” — roubaram da empresa American Superconductor Corp.
Isso nos leva ao acordo climático de Paris, que foi um tratado internacional para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. O presidente Donald Trump retirou-se do acordo, criticando-o como um tratado que colocaria restrições pesadas às empresas dos Estados Unidos enquanto ao mesmo tempo dava liberdade aos principais infratores, incluindo a China.
Ironicamente, a administração Trump — sem restrições para produzir através de queima limpa de gás — conseguiu reduzir as emissões de carbono mesmo sem as restrições do acordo de Paris, tanto que os Estados Unidos são agora o líder mundial em corte emissões de carbono. Ele superou todos os seus críticos desde o Canadá até a Europa e até mesmo a China.
Enquanto isso, de acordo com o The Heartland Institute, “as emissões de dióxido de carbono da China subiram no ritmo mais rápido em sete anos durante o primeiro trimestre de 2018, de acordo com o Greenpeace. A China é o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e dados do governo mostram que as emissões de dióxido de carbono do país foram 4% maiores no primeiro trimestre de 2018 do que no mesmo período de 2017.”
O acordo de Paris teria permitido que o PCC dominasse o mercado de energia. As novas descobertas das usinas de carvão do PCC mostram que tudo o que foi dito sobre energias limpas não foi nada além de conversa fiada.
Joshua Philipp é jornalista investigativo sênior do Epoch Times
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