Universidade chinesa proíbe festa de Natal

18/12/2017 14:05 Atualizado: 18/12/2017 16:27

Adicione o Papai Noel à lista de coisas que o Partido Comunista Chinês (PCC) não gosta.

Com a proximidade do Natal, o Partido se pôs em guarda contra a influência ocidental que acredita poder corromper as mentes dos jovens chineses.

Na Universidade de Farmacêutica de Shenyang, na província de Laioning, nordeste da China, a Liga da Juventude Comunista, uma organização do Partido criada para jovens entre 14 e 28 anos aprenderem a ideologia, publicou uma declaração na internet, proibindo sindicatos e associações estudantis de organizarem atividades relacionadas aos feriados religiosos ocidentais, como por exemplo o Natal, de acordo com o jornal nacionalista da China Global Times, em 14 de dezembro.

De acordo com o anúncio, a proibição ajudaria a geração mais jovem a “estabelecer uma segurança cultural”, devido a que recentemente alguns ficaram “cegamente entusiasmados com as festividades ocidentais”. Esta ação da Liga da Juventude ajudaria os jovens a “resistir à corrosão provocada pela cultura religiosa do Ocidente”.

Internautas usuários do Weibo, o popular microblogging da China semelhante ao Twitter, expressaram seu descontentamento com a proibição.

Um internauta do distrito de Chaoyang, em Pequim, escreveu: “Muitos estrangeiros em todo o mundo participaram das atividades em comemoração ao Ano Novo lunar chinês. E nós relatamos essas atividades de um ângulo positivo. Se os governos estrangeiros proibissem seus cidadãos de celebrar o Ano Novo Lunar Chinês, ficaríamos chateados… Diferentes festividades em diferentes países são realizadas para que as pessoas construam laços de amizade e compreensão uns com os outros. Qual a necessidade de proibir o Natal?”

Outro cidadão da província chinesa costeira de Jiangsu mencionou sarcasticamente: “Tanto o marxismo como o Partido Comunista foram trazidos do Ocidente.”

A proibição da Universidade de Farmacêutica de Shenyang não foi um acontecimento isolado. Em dezembro de 2014, a Faculdade Moderna da Universidade do Noroeste, na cidade central chinesa de Xi’an, disse que o Natal é “sentimentalista” e proibiu os alunos de celebrar o feriado. Em vez disso, os alunos foram forçados a assistir a uma mostra de três horas de filmes de propaganda, de acordo com MailOnline.

Também em 2014, a secretaria de educação da cidade de Wenzhou, na província de Zhejiang, no leste da China, emitiu uma diretiva para todas as escolas e jardins de infância na região para que não realizassem eventos de Natal, informou a Radio Free Asia (RFA).

O regime chinês faz mais do que proibir o Natal para impedir que os estudantes sejam influenciados pela cultura ocidental. Em julho de 2016, milhões de livros de Wen Lisan, ex-editor de uma casa literária proeminente, foram retirados do mercado e seu nome foi apagado. Essas medidas foram tomadas por causa de seus comentários críticos sobre o Partido Comunista Chinês, e desde então ele tem sido classificado como um “radical elemento ocidentalizado”.

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