Unidade de subversão do regime chinês tem nova liderança

09/11/2017 20:10 Atualizado: 27/01/2018 18:27

O Partido Comunista Chinês (PCC) tem um departamento especial dedicado a executar secretamente sua agenda dentro e fora da China.

Chamado o Departamento dos Trabalhos da Vanguarda Unida (DTVU), esse órgão não é tecnicamente parte da estrutura do governo da China e reporta diretamente à liderança do Partido. Desde 1982, um funcionário do poderoso círculo de 25 membros do Politburo do PCC tem dirigido o departamento.

Dentro das fronteiras da China, a Vanguarda Unida subverte as instituições civis e os grupos religiosos e de minorias étnicas para coagi-los a adotarem a linha do Partido.

No estrangeiro, o DTVU recruta espiões e agentes e infiltra comunidades chinesas para espalhar sua propaganda e influenciar as opiniões dos chineses locais.

Esta agência, experiente nas táticas de guerra psicológica e subversão política, foi nomeada pelo líder chinês Mao Tsé-tung como uma das três armas críticas da revolução comunista.

Após o recente 19º Congresso Nacional, numa reunião interna do Partido para reorganização da liderança, You Quan foi nomeado como o novo chefe do DTVU.

You Quan era o ex-secretário-geral do PCC na província de Fujian e ficou conhecido por promover as relações entre sua província e as regiões autônomas de Hong Kong e Macau e a vizinha do outro lado do estreito, Taiwan. Observadores políticos acreditam que sua familiaridade com as regiões autônomas desempenhou um papel importante em sua nomeação para a chefia do DTVU.

Em 7 de novembro, You Quan fez sua primeira aparição pública em seu novo cargo, numa reunião com funcionários da Vanguarda Unida. Ele proferiu um discurso em que enfatizou “o pensamento de Xi Jinping” e o “núcleo Xi Jinping”, deixando clara sua lealdade ao atual líder do regime chinês.

Enquanto isso, Sun Chunlan, o antecessor de You Quan, ainda não foi nomeado para uma nova posição.

Sun Chunlan, ex-chefe do Departamento dos Trabalhos da Vanguarda Unida. (Wang Zhao/AFP/Getty Images)
Sun Chunlan, ex-chefe do Departamento dos Trabalhos da Vanguarda Unida. (Wang Zhao/AFP/Getty Images)

Sendo um membro da elite do Partido que chegou ao poder quando o ex-líder chinês Jiang Zemin estava no controle do Partido, o futuro de Sun Chunlan é incerto. Os aliados de Jiang Zemin ainda estão envolvidos numa amarga luta de poder com os apoiadores de Xi Jinping, apesar de Xi Jinping ter ganhado poder considerável após o último congresso nacional, tendo nomeado muitos de seus aliados para posições de liderança.

Histórico

Sun Chunlan assumiu a liderança do DTVU após seu antecessor, Ling Jihua, ter sido expurgado durante a campanha anticorrupção de Xi Jinping. Ling Jihua foi um ex-assessor do ex-líder chinês Hu Jintao e foi apontado como um dos vários conspiradores leais ao ex-líder chinês Jiang Zemin que tentaram organizar um golpe contra Xi Jinping. Em 2016, ele foi condenado à prisão perpétua por acusações de suborno.

Ling Jihua, um assessor do ex-líder chinês Hu Jintao, foi condenado à prisão perpétua em 7 de junho de 2016. (CCTV)
Ling Jihua, um assessor do ex-líder chinês Hu Jintao, foi condenado à prisão perpétua em 7 de junho de 2016. (CCTV)

A Vanguarda Unida foi estabelecida pela primeira vez pelo Partido Comunista em 1942 para infiltrar os círculos intelectuais e o opositor Partido Nacionalista, como meio de garantir sua vitória na guerra civil e tomar o poder no país.

Desde então, o departamento tem ajustado suas estratégias para avançar os interesses do PCC. Nos Estados Unidos e em outros países do Ocidente, muitos líderes comunitários chineses são recrutados como seus agentes, organizando protestos antiamericanos; espalhando propaganda de ódio contra o Falun Gong, uma prática espiritual proibida e perseguida brutalmente na China continental; e realizando demonstrações onde o Dalai Lama está programado para falar. Na Austrália, os dissidentes chineses sofreram assédio de agentes do DTVU.

Michael Chu (centro), líder da comunidade chinesa na cidade de Nova York, amaldiçoa e ameaça os praticantes do Falun Gong durante um desfile em Flushing, no bairro de Queens, em Nova York, em 26 de abril de 2014. Chu dirige uma organização dedicada a assediar os praticantes do Falun Gong. (Gary Du/The Epoch Times)
Michael Chu (centro), líder da comunidade chinesa na cidade de Nova York, amaldiçoa e ameaça os praticantes do Falun Gong durante um desfile em Flushing, no bairro de Queens, em Nova York, em 26 de abril de 2014. Chu dirige uma organização dedicada a assediar os praticantes do Falun Gong. (Gary Du/The Epoch Times)

Espiões geralmente operam como membros de grupos patriotas e organizações de estudantes para chineses estrangeiros, bem como em câmaras de comércio e bairros chineses, especialmente por meio das chamadas “associações de amizade”. Os meios de comunicação chineses no estrangeiro também são influenciados e pressionados a promoverem a propaganda do Partido Comunista Chinês.

Em Taiwan, a Vanguarda Unida tenta influenciar as eleições locais para eleger os políticos que seguirão e promoverão os interesses do PCC. Em Hong Kong, o departamento contrata pessoas para distribuir panfletos que difamam o Falun Gong e tumultuar as manifestações pró-democracia.

Na próxima vez que você vir uma manifestação ou evento pró-China, há enormes chances de que seja o trabalho da Vanguarda Unida.

Colaborou: Zhang Dun