Trump pressiona por uso de medicamentos para malária e ebola contra Covid-19

19/03/2020 17:56 Atualizado: 19/03/2020 17:56

Por EFE

Washington, 19 mar – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quinta-feira pressa à entidade reguladora de medicamentos no país para que termine os testes clínicos e libere o uso de remédios destinados a combater a malária e o ebola em pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Na sua já diária entrevista coletiva na Casa Branca, Trump disse inicialmente que a U.S. Food and Drug Administration (FDA), a agência de vigilância sanitária dos EUA, tinha aprovado o uso de Cloroquina e Remdesivir em pacientes com o novo vírus em todo o país, mas o chefe da entidade rapidamente o contradisse.

“Nós vamos (administrar Cloroquina e Remdesivir a pacientes com coronavírus) no contexto de um ensaio clínico”, disse o Comissário da FDA, Stephen Hahn, durante a coletiva.

A Cloroquina, um medicamento usado há décadas para combater a malária, e o Remdesivir, desenvolvido para combater o ebola pela empresa farmacêutica americana Gilead, mostraram sinais de inibição eficaz do novo coronavírus in vitro, segundo um estudo de um grupo de cientistas chineses publicado em fevereiro na revista “Nature”.

A China iniciou seu próprio ensaio clínico com o Remdesivir no mês passado, após descobrir que a condição de um paciente infectado nos Estados Unidos melhorou visivelmente com um tratamento intravenoso do medicamento.

“Já existem ensaios clínicos ativos para muitas terapias e estamos trabalhando para acelerá-los para que muitos mais americanos possam ter acesso a diversos medicamentos que estão se mostrando promissores”, disse Trump.

O chefe da FDA salientou, no entanto, que a agência quer garantir que esses tratamentos são seguros e não quer especular uma data em que o público em geral poderá usá-los contra o SARS-CoV-2.

Entretanto, o uso compassivo desses medicamentos será permitido agora. Ou seja, se um paciente com coronavírus quiser se submeter voluntariamente a eles, o médico poderá prescrevê-los, desde que peça permissão à FDA. A entidade então coletará os dados para acelerar o ensaio clínico.

“Se as coisas não correrem como planejado, não quer dizer que vá matar alguém”, pressionou Trump.

De acordo com “The Wall Street Journal”, o presidente dos EUA queria ir um passo além e exigir que tais tratamentos experimentais já fossem liberados em pacientes com o novo vírus, mas encontrou forte resistência da FDA, que advertiu que isso poderia criar riscos desnecessários.

Hahn informou também que a vacina contra Covid-19 desenvolvida em um ensaio clínico em Seattle levará 12 meses para ficar pronta, o que se encaixa no prazo que havia sido dado pelo governo, de um ano e meio.

Os casos de coronavírus nos EUA ultrapassaram 10 mil nesta quinta-feira, um número duas vezes superior ao de dois dias atrás. Houve pelo menos 150 mortes até agora.