Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Um grupo de tesoureiros e auditores estaduais dos Estados Unidos enviou uma carta aos fiduciários de fundos de pensão públicos, instando-os a desinvestir em investimentos baseados na China devido à possível influência do Partido Comunista Chinês (PCCh).
Em uma carta datada de 1º de novembro, 18 oficiais financeiros de 15 estados afirmaram que os fiduciários devem cumprir suas obrigações e reconhecer que os investimentos na China “apresentam cada vez mais sinais de alerta”.
“Os administradores de fundos estaduais têm o dever de investigar, monitorar investimentos e desinvestir de investimentos imprudentes, para garantir que esses fundos cresçam e estejam protegidos para os futuros beneficiários”, escreveram. “Chegou a hora de desinvestir da China.”
Os oficiais financeiros são dos estados do Alabama, Arkansas, Alasca, Arizona, Indiana, Kansas, Louisiana, Mississippi, Missouri, Nebraska, Carolina do Norte, Oklahoma, Pensilvânia, Carolina do Sul e Wyoming.
A carta deles mencionou uma repressão do PCCh contra empresas de diligência prévia (due diligence) e afirmou que auditorias financeiras na China “foram consideradas não confiáveis”
No início de 2023, as autoridades chinesas invadiram três empresas americanas — Bain & Co., Capvision e Mintz Group — em uma ampla repressão a empresas estrangeiras de auditoria, consultoria e diligência prévia.
Em agosto do ano passado, a secretária de Comércio Gina Raimondo disse que empresas americanas reclamaram para ela que a China se tornou “inviável para investimentos”, citando invasões a empresas como uma das preocupações na segunda maior economia do mundo.
Os oficiais financeiros também apontaram interferências do PCCh nos mercados de ações e títulos chineses, dizendo que recentemente observaram a China ocultar saídas de investimentos estrangeiros e impedir participantes do mercado de vender ações.
“O PCCh exerce controle sobre empresas baseadas na China, inclusive ao colocar operativos de inteligência e militares dentro das empresas”, diz a carta.
Outra preocupação é como a China mantém o status legal das entidades de interesse variável (VIEs) em “um estado de incerteza”, escreveram os oficiais financeiros.
Sob a estrutura de VIE, empresas chinesas criam entidades offshore para listar ações no exterior, contornando as regras chinesas que restringem investimentos estrangeiros. Em outras palavras, os investidores possuem ações em empresas de fachada e enfrentam riscos, como a falta de recursos legais.
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) alerta em seu site que a China pode, de repente, determinar que as VIEs são ilegais sob a lei chinesa, criando uma “perda significativa” para aqueles que investem nelas.
Em 8 de janeiro, 265 empresas chinesas estavam listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque, NASDAQ e NYSE American, de acordo com a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China. Entre elas, 161 empresas chinesas utilizavam a estrutura de VIE, incluindo Alibaba Group, Pinduoduo Inc. e JD.com.
Os oficiais financeiros disseram que a possibilidade de a China invadir Taiwan também deve ser considerada um risco para os investidores. Para reforçar seu argumento, mencionaram que alguns estados perderam bilhões em pensões por não reconhecerem sinais de alerta antes de a Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro de 2022.
“As juntas de pensão devem aprender com o passado, ou estarão condenadas a repeti-lo”, escreveram.
Além disso, disseram que o investimento estrangeiro na China “está diminuindo rapidamente”.
A economia da China enfrenta uma ampla gama de desafios, com os lucros industriais registrando o declínio mensal mais acentuado em setembro deste ano. O otimismo das empresas americanas na China caiu para um nível recorde, de acordo com uma pesquisa publicada pela Câmara de Comércio Americana em Xangai em setembro.
“Fiduciários similares estão desinvestindo ou evitando investimentos baseados na China, incluindo o Federal Thrift Savings Plan e sistemas estaduais na Flórida, Indiana, Kansas, Missouri, Nebraska, Oklahoma, Pensilvânia, Tennessee e Virgínia Ocidental”, afirma a carta.
Em abril, o Comitê Seleto da Câmara sobre o Partido Comunista Chinês publicou um relatório observando que provedores de índices e gestores de ativos facilitam investimentos de mais de $6,5 bilhões em 63 empresas chinesas destacadas ou incluídas na lista negra de Washington por contribuírem para as capacidades militares da China ou apoiarem suas violações de direitos humanos.
“Como oficiais financeiros estaduais, instamos as juntas de pensão públicas a analisarem essas questões, identificarem investimentos baseados na China e desinvestirem desses investimentos em conformidade com suas obrigações fiduciárias”, conclui a carta.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.