Táticas do Partido Comunista Chinês para roubar tecnologia militar ocidental (Parte 1)

13/03/2018 17:38 Atualizado: 21/03/2018 11:01

Por Zhang Ting, Epoch Times

Desde que o Partido Comunista Chinês (PCC) assumiu o controle da China em 1949, o regime chinês esteve roubando constantemente tecnologia militar de outros países. Nos últimos anos, o roubo parece ter se tornado uma estratégia nacional para incrementar sua capacidade militar, e está se tornando um problema cada vez mais preocupante.

No mês de janeiro, várias fontes de notícias relataram que, em um vídeo promocional oficial publicado pelo grupo estatal chinês Hongdu Aviation Industry Group, um avião Falcon L-15 realizou um voo no Centro de Teste da China, transportando uma nova bomba teleguiada de fabricação nacional. O nome do tipo de bomba “TL-20/CK-G” estava gravado no artefato explosivo. Analistas fora da China notaram imediatamente as impressionantes semelhanças entre a TL-20 de fabricação chinesa e a GBU-53/B, a mais recente bomba de segunda geração usada pela Força Aérea dos Estados Unidos.

Em março de 2017, o avião de combate J-20 da Força Aérea do Exército de Libertação do Povo entrou oficialmente em serviço. Alguns anos atrás, China e Estados Unidos se enfrentaram em uma “guerra de palavras” sobre se o J-20 era uma imitação do F-35 norte-americano, porque os dois modelos compartilhavam de muitas semelhanças. Em 2014, um cidadão chinês declarou-se culpado de conspirar com fontes chinesas para roubar informações de design e tecnologias de fabricação do F-35 e outros aviões a jato norte-americanos.

Em 30 de julho de 2017, aviões a jato chineses J-20 voam em formação durante um desfile militar na base de treinamento Zhurihe na região setentrional da Mongólia Interior, na China (Str/AFP/Getty Images)
Em 30 de julho de 2017, aviões a jato chineses J-20 voam em formação durante um desfile militar na base de treinamento Zhurihe na região setentrional da Mongólia Interior, na China (Str/AFP/Getty Images)

Analistas estrangeiros observaram que, assim que o veículo aéreo não tripulado (UAV, da sigla em inglês) dos Estados Unidos, mais comumente conhecido como drone, entrou em serviço de combate, a marinha chinesa imediatamente revelou seu próprio modelo UAV para o mundo em um show aéreo em 2006, sem a intenção de ocultar o fato de que seu modelo era muito parecido com o drone norte-americano. Com o passar do tempo, o Ocidente se manteve cada vez mais vigilante quanto ao roubo de tecnologia por parte do PCC a fim de aumentar a capacidade operacional de suas forças armadas.

Documento oficial detalha plano para roubar tecnologia

As indústrias de alta tecnologia, como a inteligência artificial (IA), desempenham um papel cada vez mais vital no desenvolvimento militar. A tecnologia capaz de filtrar dados de inteligência e desenvolver veículos terrestres não tripulados e UAV pode aumentar consideravelmente a capacidade de combate da força militar. Ao longo dos anos, o PCC teve como objetivo de longo prazo ter esta tecnologia à sua disposição.

Em julho passado, o Conselho de Estado da China emitiu uma notificação intitulada “Plano para desenvolver uma nova geração de inteligência artificial”. No documento estava claramente indicado que a IA estava se tornando um novo ponto focal para a competição internacional. O desenvolvimento da IA deve ser tratado como “o auge da estratégia nacional” e a China deve “tomar a iniciativa” de “desenvolver planos sistematicamente”, disse a notificação.

O PCC admitiu também que estava ficando para trás dos países desenvolvidos, e que estava carente de “realizações originais” em áreas tais como algoritmos básicos, materiais e instalações chave, chips de qualidade superior e software. O país asiático também tem uma grave escassez de talentos em IA do mais alto nível, afirmava o documento.

Diante desta situação, o PCC esboçou estratégias para “adquirir” tecnologias sensíveis de países estrangeiros: 1) incentivar as empresas nacionais de IA a “sair de casa” e adquirir empresas estrangeiras, investir em ações estrangeiras e capital de risco e estabelecer Centros de I e D no estrangeiro; 2) atrair empresas estrangeiras e institutos de pesquisa científica para estabelecer centros de I e D na China; 3. colocar em marcha políticas especiais para atrair profissionais de alto nível de IA, como o “Plano dos Mil Talentos”, para recrutar profissionais chineses e estrangeiros de primeira linha; 4. fornecer apoio às empresas chinesas de IA para que formem parcerias com as principais universidades estrangeiras, institutos de pesquisa científica e laboratórios que trabalham com IA.

Os países ocidentais descobriram que estas quatro estratégias deram à China a oportunidade de roubar tecnologia deles. Este artigo e a próxima publicação da segunda parte irão esplanar cada estratégia com mais detalhes.

Estratégia 1: O regime chinês apoia as empresas nacionais na aquisição em larga escala de empresas estrangeiras de alta tecnologia

O PCC provou pela primeira vez o sabor da vitória depois de adquirir uma empresa britânica de alta tecnologia em 2008. Posteriormente, o acordo ajudou o PCC a fazer um avanço decisivo no desenvolvimento de seus porta-aviões.

Durante muitos anos, a pesquisa sobre fabricação de uma nova geração de sistemas eletromagnéticos de lançamento de aviões (EMALS, na sigla em inglês) foi uma prioridade tanto para os Estados Unidos como para a China. Os Estados Unidos foram os primeiros a obter êxito, incorporando-o ao USS Gerald R. Ford, líder dos super porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos.

 

Fuzileiros navais da Marinha dos EUA a bordo do porta-aviões norte-americano Gerald R. Ford (CVN 78) em Newport News, Virgînia, em 8 de abril de 2017 (Chefe especialista em comunicação massiva Christopher Delano/Marinha dos EUA/Getty Images)
Fuzileiros navais da Marinha dos EUA a bordo do porta-aviões norte-americano Gerald R. Ford (CVN 78) em Newport News, Virgînia, em 8 de abril de 2017 (Chefe especialista em comunicação massiva Christopher Delano/Marinha dos EUA/Getty Images)

De acordo com a mídia estatal chinesa, no ano passado, o principal avião do país, o J-15, embarcado no porta-aviões Liaoning, iniciou voos de teste para efetuar o lançamento a partir de uma catapulta usando a tecnologia EMALS. Um dos principais componentes para fabricar EMALS é um chip semicondutor chamado “Transistor bipolar de porta isolada” (IGBT, da sigla em inglês).

O jornal South China Morning Post informou em 19 de novembro de 2017 que o PCC foi capaz de alcançar um avanço fundamental após a aquisição da empresa britânica Dynex Semiconductor, que proporcionou a tecnologia para a fabricação de chips IGBT.

Jatos J-15 chineses no convés do porta-aviões Liaoning durante exercícios militares no Mar do Sul da China, em 2 de janeiro de 2017 (Str/AFP/Getty Images)
Jatos J-15 chineses no convés do porta-aviões Liaoning durante exercícios militares no Mar do Sul da China, em 2 de janeiro de 2017 (Str/AFP/Getty Images)

Em 2008, a empresa estatal chinesa Zhuzhou CRRC Times Electric Co. Ltd. comprou 75% das ações da Dynex Semiconductor. Isso aconteceu em meio a uma crise econômica global. Uma fonte interna do atual governo britânico, que preferiu permanecer anônimo, explicou ao jornal Epoch Times que o então primeiro-ministro Gordon Brown não impediu a venda porque seu governo naquele momento não considerou a transação como uma ameaça à segurança nacional.

Porém, no ano seguinte, o governo britânico incluiu os chips IGBT em sua Lista Estratégica de Controle de Exportações, os quais são produtos que requerem uma licença especial para serem exportados.

Várias fontes do meio jornalístico relataram que o PCC já construiu uma fábrica IGBT de grande-escala na cidade de Zhuzhou, província de Hunan.

Em uma audiência do Congresso no Comitê de Investimento Estrangeiro realizada em 9 de janeiro de 2018, Dennis Blair, co-presidente da Comissão de Roubo de Propriedade Intelectual dos Estados Unidos, uma organização independente, falou sobre as atuais ameaças da China para a tecnologia militar norte-americana. Em vez de focar-se em tecnologias secundárias, como fez no passado, o regime chinês agora está se focando nas tecnologias mais avançadas de nível o mais elevado. Seu principal canal para roubar tecnologias militares dos Estados Unidos são os investimentos feitos naquele país ou através de aliados norte-americanos.

Em um editorial publicado em 15 de agosto de 2017 no Financial Times, o secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, escreveu que “os chineses buscam ativamente as empresas norte-americanas pioneiras nas tecnologias que a China necessita. Então eles se concentram cuidadosamente nessas empresas para adquirir sua experiência.” Wilbur Ross também acrescentou que o regime chinês também aponta para novas empresas americanas com “avanços científicos” para fazer investimentos significativos, não pela “taxa de retorno, mas pela captura de novas tecnologias que os chineses usam para outros fins.”

Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, fala com o pessoal do departamento em Washington, D.C., em 1º de março de 2017 (Aaron P. Bernstein/Getty Images)
Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, fala com o pessoal do departamento em Washington, D.C., em 1º de março de 2017 (Aaron P. Bernstein/Getty Images)

Um boletim publicado em dezembro de 2016 pelo Mercator Institute for China Studies, grupo de especialistas com base na Alemanha, observou que quase todas as grandes empresas norte-americanas de semi-condutores receberam ofertas de investimento de interessados que representavam o regime chinês.

Há uma longa lista de exemplos em que as empresas estatais chinesas compraram empresas estrangeiras para promover os próprios propósitos do regime. Aqui nós listamos apenas alguns:

Nos últimos seis anos, a empresa estatal Aviation Industry Corporation of China (AVIC, da sigla em inglês, matriz do grupo da indústria de aeronaves Chengdu, que é a empresa de I e D que desenhou e fabricou a última os aviões de última geração J-20, adquiriu muitos Empresas norte-americanas que faziam aviões e suas peças e componentes. Em 2011, a AVIC adquiriu o fabricante norte-americano Cirrus Aircraft através de uma subsidiária, dando-lhe a oportunidade de participar de atividades de pesquisa e desenvolvimento nos renomados Oak Ridge National Laboratories, no Tennessee, operados pela Departamento de Energia dos Estados Unidos.

No início de novembro de 2016, a Canyon Bridge Capital Partners LLC, uma empresa apoiada pela China, anunciou sua intenção de comprar a empresa norte-americana de semicondutores Lattice Semiconductor Corp., por 1,3 bilhão de dólares. No entanto, o único investidor da Canyon Bridge, a China Venture Capital Fund Corporation, tem laços com o regime comunista chinês. O presidente Donald Trump bloqueou a inauguração em setembro de 2017, atendendo ao conselho de funcionários de defesa norte-americana oficiais de defesa dos Estados de que o acordo poderia representar uma ameaça à segurança nacional.

Pouco depois do acordo fracassar, a Canyon Bridge anunciou que compraria a Imagination Technologies, uma empresa britânica especializada em design de chips. O acordo foi aprovado por um tribunal britânico em novembro.

Estratégia 2: Atrair empresas de alta tecnologia para que invistam na China

No mesmo editorial do Financial Times, Wilbur Ross atacou as autoridades de Pequim por pressionarem empresas norte-americanas que operam na China para entregar tecnologia patenteada em troca de acesso ao mercado chinês. Com frequência, as empresas norte-americanas se vêm obrigadas a formar empresas em conjunto com empresas nacionais chinesas, limitadas a 50% ou menos de propriedade, e obrigadas a transferir sua tecnologia “como parte dos contratos de venda de produtos,” Wilbur Ross escreveu.

Muitas dessas empresas estão relacionadas com a tecnologia. Em fevereiro de 2017, a GlobalFoundries, fabricante de chips com sede na Califórnia, anunciou um projeto de 10 bilhões de dólares para construir uma fábrica de chips em Chengdu, província de Sichuan.

O jornal The New York Times informou em agosto de 2017 que as autoridades da província de Guizhou fornecerão terras e financiamento a uma empresa conjunta que foi formada com o fabricante norte-americano de chips Qualcomm, chamada Huaxintong Semicondutor. Por sua vez, a Qualcomm irá fornecer a tecnologia, 140 milhões de dólares em financiamento inicial, e aceitará a transferência de uma parte maior de sua fabricação high-end para o seu homólogo chinês.

Diretor executivo da Qualcomm, Steve Mollenkopf, participa de uma coletiva de imprensa em Pequim, na China, em 24 de julho de 2014 (ChinaFotoPress/Getty Images)
Diretor executivo da Qualcomm, Steve Mollenkopf, participa de uma coletiva de imprensa em Pequim, na China, em 24 de julho de 2014 (ChinaFotoPress/Getty Images)

O regime chinês anunciou planos para gastar perto de 100 bilhões de dólares para levar fábricas de chips e instalações de pesquisa para a China, de acordo com o New York Times.

Ao transferir tecnologia patenteada própria, as empresas norte-americanas correm o risco de perder vantagem competitiva e de entregar a outros os progressos avançados que os Estados Unidos poderiam aplicar a suas forças armadas.

O roubo de propriedade intelectual (PI), do qual a China é o maior infrator, causou perdas financeiras significativas para a economia dos Estados Unidos. O roubo de segredos industriais custa aos Estados Unidos entre 180 e 540 bilhões de dólares anualmente, de acordo com a Comissão de Propriedade Intelectual, grupo independente de peritos que investiga o roubo de propriedade intelectual norte-americana.

Os Estados Unidos esboçaram uma reação recentemente. Trump assinou um memorando para permitir que os representantes comerciais investiguem o roubo de propriedade intelectual na China, enquanto os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão planejam apresentar uma queixa junto à OMC (Organização Mundial do comércio) por causa das transferências forçadas de tecnologia e outras políticas chinesas que consideram injustas para as companhias estrangeiras, de acordo com matéria do jornal japonês Yomiuri Shimbun.