Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
TAIPEI, Taiwan — O Ministério da Defesa de Taiwan relatou ter avistado um balão chinês sobre as águas perto da ilha em 24 de novembro, a primeira vez que sinalizou tal incursão desde abril.
O ministério, que regularmente emite relatórios públicos sobre as atividades militares chinesas ao redor da ilha, disse que o balão foi avistado às 18h21, horário local, no domingo, a cerca de 60 milhas náuticas (111 quilômetros) a noroeste da cidade de Keelung, no norte de Taiwan. O balão foi visto a uma altitude de 10.000 metros.
O balão entrou na zona de identificação de defesa aérea (ADIZ) da ilha e desapareceu às 20h15, horário local, de acordo com o ministério.
Uma ADIZ é uma área declarada publicamente próxima ao espaço aéreo nacional de um estado, na qual aeronaves estrangeiras que se aproximam devem estar prontas para enviar seus identificadores e localização. A área permite que um estado tenha tempo para julgar a natureza da aeronave que se aproxima e tomar medidas defensivas, se necessário.
Doze aviões militares chineses e sete navios de guerra também foram detectados nas 24 horas que terminaram às 6 da manhã de 25 de novembro, disse o ministério, com oito das aeronaves cruzando a linha mediana do Estreito de Taiwan e entrando na ADIZ da ilha.
O uso de balões pela China foi examinado no início do ano passado, quando os militares dos EUA abateram o que disseram ser um balão espião chinês que havia atravessado os Estados Unidos continentais por uma semana.
Taiwan disse que enfrentou uma “escala sem precedentes” de atividade de balões chineses perto da ilha nas semanas anteriores às eleições presidenciais e legislativas do país em janeiro. O presidente taiwanês Lai Ching-te, que Pequim acusou de ser um “separatista”, venceu a eleição de janeiro e foi empossado em maio.
O Partido Comunista Chinês (PCCh) vê Taiwan como uma província renegada e ameaçou tomar a ilha à força. Em março, o almirante John Aquilino, então chefe do Comando Indo-Pacífico dos EUA, disse acreditar que os militares chineses estariam prontos para invadir Taiwan até 2027.
A “Zona Cinzenta” da China
De dezembro de 2023 até abril deste ano, a China implantou mais de 100 balões contra Taiwan, alguns dos quais voaram diretamente sobre o espaço aéreo territorial da ilha.
As autoridades taiwanesas descreveram os balões como parte das operações de “zona cinzenta” do PCCh, que são atividades não-combatentes projetadas para pressionar um inimigo.
Kevin Pollpeter, um cientista pesquisador do Center for Naval Analyses, sediado na Virgínia, escreveu em um artigo publicado em fevereiro de 2023 que a China poderia usar balões para preencher uma “lacuna nas capacidades de reconhecimento estratégico”. Ele disse que, enquanto os satélites em órbita baixa da Terra circulam ao redor da Terra a cada 90 minutos, os balões podem “perambular sobre um local por longos períodos de tempo”.
Pollpeter disse que a China também poderia implantar balões durante conflitos.
“Enxames de balões enviados contra os Estados Unidos e seus aliados e parceiros durante a guerra poderiam desviar recursos limitados da defesa contra ameaças aéreas e de mísseis para lidar com a ameaça dos balões”, escreveu ele.
Além disso, na segunda-feira, a Administração da Guarda Costeira de Taiwan (CGA) disse em um comunicado que quatro embarcações da guarda costeira chinesa invadiram as águas da ilha costeira de Kinmen, em Taiwan, no início do dia. A administração disse que a intrusão durou mais de duas horas.
A CGA chamou a intrusão de tática de “zona cinzenta” e pediu à China que parasse com medidas intrusivas semelhantes para garantir a paz e a estabilidade regionais.
Próxima viagem de Lai
Lai está programado para fazer sua primeira viagem oficial ao exterior desde que se tornou presidente. De acordo com o Gabinete Presidencial, Lai visitará as Ilhas Marshall, Tuvalu e Palau de 30 de novembro a 6 de dezembro. As três nações do Pacífico são aliadas diplomáticas de Taiwan.
Em 22 de novembro, cinco republicanos da Câmara enviaram uma carta ao Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pedindo que ele não impusesse “condições arbitrárias” a Lai se ele decidisse fazer uma escala nos Estados Unidos, como em Guam ou Havaí, durante sua próxima viagem.
“No passado, o Departamento de Estado teria tentado microgerenciar as visitas de autoridades de alto escalão de Taiwan, restringindo sua interação com membros da mídia e limitando sua capacidade de conduzir compromissos públicos”, diz a carta.
Em 15 de novembro, Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse durante um briefing diário que Washington não deveria permitir que Lai transitasse pelos Estados Unidos, alertando Wahington “para não enviar nenhum sinal errado às forças de ‘independência de Taiwan'”.
Os legisladores escreveram que a demanda de Pequim para impedir que Lai entre nos Estados Unidos “é ultrajante e inaceitável”.
“Afinal, os Estados Unidos não precisam pedir permissão ao PCCh ao tomar decisões sobre quem pode ou não visitar nosso país”, diz a carta.
Os legisladores disseram que confiam no Departamento de Estado para “receber o Sr. Lai sem quaisquer pré-condições ou restrições” e expressaram esperança de que o presidente Joe Biden “considere se encontrar pessoalmente com o Sr. Lai durante sua visita”.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.
Correção: uma versão anterior deste artigo escreveu incorretamente o nome de Lin Jian. O Epoch Times lamenta o erro.