Por Joshua Philipp, Epoch Times
O Partido Comunista Chinês desenvolveu formas de penetrar e se infiltrar na Austrália e Nova Zelândia, dando ao regime uma forte influência sobre a mídia local, a academia, os negócios e a política. Essa influência pode comprometer o compartilhamento de informações com outras democracias.
A questão da influência do Partido Comunista Chinês agora está nas manchetes na Austrália e na Nova Zelândia, após a divulgação da audiência da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China em 5 de abril.
Peter Mattis, membro do Programa da China na Fundação Jamestown, disse à comissão em abril que o Partido Trabalhista de Jacinda Ardern na Nova Zelândia aceitou doações de patrocinadores ligados a uma das agências de espionagem do Partido Comunista Chinês, o Departamento da Frente Unida.
“Eu acho que … chegou muito perto do núcleo político”, disse Mattis. “Um dos maiores angariadores de fundos para o Partido de Jacinda Ardern tem conexões com a Frente Unida [da China], e você tem que admitir que isto está perto demais do núcleo político central do sistema da Nova Zelândia e que temos de pensar se eles tomam ou não medidas e que tipos de ação.”
Mattis também disse que o ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia, Bill English, tinha laços com Jian Yang, um membro do parlamento neozelandês que também foi exposto tendo conexões com a Frente Unida, bem como anteriormente à inteligência militar do regime chinês, segundo uma série de reportagens em 2017 de agências de notícia locais.
Por causa dessa conexão, Mattis disse, “Qualquer coisa sobre a China que tenha sido informada a Bill English foi comunicada ao Sr. Yang Jian e, portanto, pode não ser uma espécie de acesso oficial diário, mas, em termos de conversas e instruções, estava inteiramente presente dentro do sistema.”
Russell Hsiao, diretor-executivo do Global Taiwan Institute, explicou durante a audiência que o Departamento da Frente Unida trabalha para “controlar, doutrinar e mobilizar as massas de não membros do Partido Comunista Chinês para servirem aos objetivos definidos pelo Partido”.
Devido à natureza das operações do Partido Comunista Chinês e sua profunda influência no sistema da Nova Zelândia, Mattis disse que isso levanta preocupações sobre a segurança das informações de inteligência dos EUA no programa “Cinco Olhos” que é compartilhado com a Nova Zelândia.
Sob o programa “Cinco Olhos”, os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá, o Reino Unido e a Nova Zelândia compartilham informações de inteligência. O programa inclui informações altamente confidenciais coletadas pelas agências de inteligência de cada país, incluindo a CIA, o FBI, a Agência de Inteligência de Defesa, a Agência Nacional de Inteligência Geoespacial e a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos.
O congressista James Talent (R-Mo) disse durante a audiência que as operações do Departamento da Frente Unida do Partido Comunista Chinês “merecem mais escrutínio e uma resposta cuidadosa”. Ele acrescentou que a Austrália e a Nova Zelândia são membros dos Cinco Olhos, embora “tenham visto aumento de doações políticas e investimento em mídia vindo de entidades afiliadas ao Departamento dos Trabalhos da Frente Unida, e até mesmo de indivíduos associados ao Departamento dos Trabalhos da Frente Unida e ao escritório administrativo do Exército da Libertação Popular [da China]”.
“Pequim também incentiva figuras políticas na Austrália e na Nova Zelândia a repetirem sua linha em questões que [o regime chinês] considera importantes”, disse ele.
James Talent também observou que o Partido Comunista Chinês pode estar testando suas operações na Nova Zelândia e na Austrália, e que mais tarde poderá tentar usar isso contra outros países, incluindo os Estados Unidos.
“É importante que os Estados Unidos considerem que a China pode estar testando métodos de interferência para identificar as fraquezas nas democracias, a fim de usar as mesmas táticas contra os países ocidentais no futuro”, disse ele. “Os Estados Unidos, seus aliados e seus parceiros devem entender os objetivos da China e reconhecer a determinação da China em alcançá-los.”
O Epoch Times tem relatado extensivamente sobre as operações subversivas do Partido Comunista Chinês há mais de uma década, incluindo seu Departamento da Frente Unida (anteriormente conhecido como Departamento dos Trabalhos da Frente Unida) e seu Escritório de Assuntos Chineses Ultramarinos.
As agências trabalham por meio da diáspora de associações em bairros chineses no exterior, associações estudantis, como as Associações Estudantis e de Docentes Chineses, e outros grupos que os agentes chineses tentam atrair para suas redes enquanto buscam expandir a influência do Partido Comunista Chinês sobre os políticos, acadêmicos, empresas e jornalistas estrangeiros.