Por Annie Wu, Epoch Times
Este fim de semana, o Partido Comunista Chinês (PCC) deu início às duas semanas de reuniões políticas conhecidas como “Lianghui”. A maioria delas será um ato cerimonial da legislatura do Partido que aprovará as decisões já tomadas pela liderança. No entanto, existem várias nomeações para altos cargos que ainda não foram anunciadas oficialmente.
Uma pergunta que permanece sem resposta é qual o papel que Wang Qishan irá desempenhar. Ele foi braço direito do líder chinês Xi Jinping até outubro do ano passado, quando uma regra não-oficial sobre a idade de aposentadoria de altos funcionários forçou Wang Qishan a abandonar os níveis superiores do Partido.
Wang liderou a campanha anticorrupção de Xi Jinping para purgar o Partido dos inimigos políticos, ou seja, dos funcionários que eram leais ao antigo líder Jiang Zemin. Ele ajudou Xi Jinping a limpar a casa, mas talvez isso o tenha transformado em um inimigo da facção opositora de Jiang Zemin. Durante a reorganização da liderança do Partido em outubro, quando as facções de Xi Jinping e Jiang Zemin competiram pelo poder, Wang não conseguiu obter uma designação de alto cargo.
Todos se perguntaram se essa seria a última vez que a China veria Wang. Mas em janeiro, inesperadamente, Wang foi nomeado representante do Congresso Nacional Popular (NPC, da sigla em inglês), uma organização cerimonial que se parece com um Parlamento. A notícia alimentou a especulação de que Wang logo voltaria à política.
Fontes próximas de Pequim recentemente declararam à agência Reuters que é provável que Wang se torne vice-presidente do NPC, com uma participação voltada para os laços sino-americanos.
Assim que as reuniões Lianghui começaram esta semana, ficou claro que Wang voltaria, e com toda força.
Em 4 de março, durante uma “reunião preparatória” para o NPC, Wang foi nomeado para o “Presidium”, um grupo de oficiais VIP, juntamente com Xi Jinping, o vice-primeiro-ministro Li Keqiang e outros membros do Comitê Permanente do Politburo, o órgão mais poderoso do Partido para tomada de decisões.
Ele estava sentado perto dos membros do Comitê, na primeira fila. O jornal de Hong Sing Tao Daily analisou esta distribuição de localização, sugerindo que representava a hierarquia de Wang dentro do Partido, já que ele seria o mais poderoso depois do Comitê Permanente do Politburo.
Enquanto isso, o jornal The Hong Kong Economic Times disse que era incomum para Wang, um membro aposentado do Comité Permanente do Politburo — que fez parte da poderosa elite até a reorganização de liderança em outubro de 2017 — tornar-se delegado do Congresso, o que o fará dar um salto para se tornar um membro do “Presidium” imediatamente.
No dia seguinte — o primeiro dia das reuniões do Congresso — Wang sentou-se novamente com o mais poderoso, à esquerda de Zhao Leí, o czar anticorrupção que sucedeu Wang em outubro.
Hu ping, analista político e redator chefe honorário da Pequim Spring, uma revista em idioma chinês com sede em Nova York, observou que a posição indicava que Wang Qishan seria igual aos membros do Comitê Permanente do Politburo, “como um oitavo membro. Ele vai assumir um papel muito importante”, declarou ele em uma entrevista para o Epoch Times.
Hu igualmente previu que Wang Qishan se converteria no vice-presidente mais poderoso da história comunista chinesa, já que é confidente próximo de Xi Jinping. Desde que o cargo foi criado em 1982, a vice-presidência era uma posição meramente cerimonial, com poucos poderes reais dentro do Partido. “Por causa da confiança que Xi Jinping deposita nele, Xi lhe dará muitas tarefas importantes”, disse Hu.
O analista político Xia Xiaoqiang também observou que o ressurgimento de Wang representa um revés para a facção de Jiang, devido ao papel de Wang Qishan na queda de muitos de seus membros.