Por EFE
Valência (Espanha), 10 abr – Voltar à vida que tínhamos antes da pandemia do novo coronavírus será “difícil”, pois levará tempo para que as pessoas consigam deixar uma “quarentena intelectual”, alertou nesta sexta-feira a cientista espanhola Pilar Mateo, doutora em Química pela Universidade de Valência e especialista no combate à dengue e à doença de Chagas.
Em entrevista à Agência Efe, a pesquisadora também defende a criação de equipes multidisciplinares de monitoramento para prevenir novas crises de saúde.
De acordo com ela, quando terminarem as medidas de confinamento obrigatório da população, que no caso da Espanha começaram em 14 de março e poderão durar mais um mês, será necessário um “longo tempo de adaptação”.
“Será difícil sair da quarentena, porque precisaremos de tempo para recuperar nosso nível normal de atividade. Será um tipo de quarentena intelectual difícil de entender”, afirmou.
“Mudamos a filosofia do existencialismo ocidental – somos uma função do que fazemos – para a quietude do taoísmo chinês – de contemplar e pensar”, argumentou.
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VÍRUS PERSISTENTE
Para a pesquisadora, o coronavírus “veio para ficar no planeta”, e até que uma vacina seja obtida para nos proteger, “o risco de contágio estará presente em qualquer momento da nossa vida social”.
Pilar ressaltou que o novo coronavírus fez os sistemas nacionais de saúde “entrarem em colapso” devido à sua contagiosidade, e por isso os países ocidentais deveriam perceber a importância de algo que ela defende há mais de 20 anos na linha de frente de combate a doenças: “a importância de equipes de prevenção e monitoramento”.
A cientista explicou que vários vírus são descobertos todos os anos, e muitos são zoonoses, ou seja, transmitidos entre animais e humanos.
“Sempre os vimos de longe, porque são encontrados em outros continentes”, afirmou Pilar, argumentando que a “falta de prevenção” nos países ocidentais nasce justamente pelo fato de tudo parecer tão distante.
“Pensávamos que essas coisas nunca aconteceriam com a gente”, disse.