Por Frank Fang, Epoch Times
Um recente relatório do governo dos Estados Unidos mostra que muitos setores industriais importantes nos Estados Unidos continuam a ser alvo de espionagem estrangeira – principalmente da China.
Em 26 de julho, o Centro Nacional de Contrainteligência e Segurança (NCSC) divulgou um relatório intitulado “Espionagem Econômica Externa de 2018 no Ciberespaço”, que identificou três países – Rússia, Irã e China – como os “ativistas cibernéticos ativos” mais ameaçadores às indústrias dos Estados Unidos.
“Nosso objetivo ao divulgar este documento é simples: fornecer à indústria e ao público dos Estados Unidos as últimas informações não confidenciais sobre esforços estrangeiros para roubar segredos comerciais dos Estados Unidos por meio do ciberespaço”, disse William R. Evanina, diretor do NCSC, em um comunicado à imprensa.
O relatório identifica seis setores-chave que são de maior interesse para invasores estrangeiros, como biotecnologia, energia alternativa e tecnologia da informação (TI) e tecnologia de comunicações. Na indústria de biotecnologia, biofármacos, biomateriais, novas vacinas e medicamentos são alvos muito procurados.
Enquanto isso, no reino das avançadas tecnologias promissoras, a inteligência artificial (IA), os chips de computador de ponta e os novos aparelhos de conexão com a internet (eletrodomésticos e dispositivos que podem ser conectados à internet) são o foco.
O roubo da tecnologia e know-how dos Estados Unidos é um dos objetivos estratégicos nacionais de desenvolvimento da China, a fim de alcançar seus próprios avanços em ciência e tecnologia, militar e objetivos de política econômica, de acordo com o relatório. Essa também foi a principal crítica da administração norte-americana das práticas comerciais desleais da China, que levaram às tarifas planejadas dos Estados Unidos sobre produtos chineses.
Em particular, o relatório indica que a lei de cibersegurança da China de 2017 torna as empresas norte-americanas que fazem negócios na China extremamente vulneráveis ao roubo de propriedade intelectual por entidades chinesas. A lei exige que todas as empresas de tecnologia que fazem negócios na China passem nas revisões de segurança nacional das autoridades. Além disso, os dados das empresas devem ser armazenados na China, e a aprovação do governo é necessária antes que as empresas possam transferir dados para fora do país.
A ciberatividade chinesa representa uma séria ameaça às empresas contratadas pela defesa dos Estados Unidos e empresas de TI e comunicação, de acordo com o relatório. O APT10, um grupo de ciberespionagem associado à China, conduziu operações contra empresas em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos.
Em junho, a empresa de segurança cibernética dos Estados Unidos Symantec alertou que sofisticadas campanhas de hackers realizadas em computadores na China se concentraram em empresas contratadas pela defesa e em operações de satélites nos Estados Unidos, além de todo o sudeste da Ásia, segundo a Reuters.
As empresas chinesas ligadas aos militares geralmente realizam os ataques. O relatório cita o caso de Wu Yingzhuo, Dong Hao e Xia Lei, cidadãos chineses que foram acusados pelos promotores norte-americanos em novembro de 2017 por crimes cibernéticos, incluindo hackers e roubo de segredos comerciais. Eles eram funcionários da Companhia de Tecnologia da Informação de Guangzhou Bo Yu, uma firma de serviços de segurança cibernética ligada à Unidade do Exército 61398, segundo a Reuters. A Siemens AG, a Trimble e a Moody’s Analytics estavam entre as empresas que foram invadidas entre 2011 e maio de 2017.
Além disso, os participantes chineses aproveitaram os aplicativos populares, como o CCleaner, um programa que limpa arquivos de computador indesejados. O relatório disse que o aplicativo construído no Reino Unido agora é inseguro por causa de um backdoor embutido que tem ligações com cibercriminosos chineses.
Como a China adquire a tecnologia dos Estados Unidos
Além dos ataques cibernéticos, o relatório descreveu 10 táticas diferentes que a China usa para coletar tecnologia dos Estados Unidos e realizar seus objetivos estratégicos. Três dessas táticas envolvem a formação de parcerias – joint ventures de negócios, parcerias de pesquisa e colaboração acadêmica.
O caso mais proeminente nos últimos anos, que envolve a Duke University, é descrito no livro “Spy Schools: How the CIA, FBI and Foreign Intelligence Secretly Exploit America’s Universities,” – “Escolas de espionagem: como a CIA, o FBI e a inteligência estrangeira exploram secretamente as universidades americanas” – de autoria do jornalista Daniel Gordon. Liu Ruopeng, um estudante chinês que estuda para um doutorado na Duke, trouxe para a China a tecnologia do casaco de invisibilidade de seu professor e estabeleceu a KuangChi Science, uma empresa avaliada em US$ 2 bilhões quando abriu o capital na Bolsa de Hong Kong em 2017.
Outra tática é o recrutamento de talentos estrangeiros – chineses e estrangeiros – para usar seus conhecimentos sobre as principais tecnologias.
Tanto o governo central chinês quanto os governos locais têm suas próprias versões de pacotes financeiros destinados a atrair talentos para trabalhar na China, como o Plano Mil Talentos estabelecido pelo governo central em 2008, que tem como alvo as áreas científicas e tecnológicas que a China deseja desenvolver, conforme descrito em políticas nacionais como “Made in China 2025”.
Outra estratégia principal é através de fusões e aquisições com empresas americanas.
Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos se tornou mais alerta sobre o potencial de ameaças à segurança nacional e bloqueou vários acordos chineses. Por exemplo, em setembro do ano passado, o Comitê Intergovernamental de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impediram que uma empresa estatal chinesa comprasse a Lattice Semiconductor Corporation, fabricante de chips semicondutores baseados em Oregon.