TORONTO – A China elevou sua advertência ao Canadá sobre a prisão da executiva da Huawei, Meng Wenzhou, dizendo que haverá “sérias consequências” se ela não for libertada imediatamente.
“A China pressiona veementemente o lado canadense a libertar imediatamente a pessoa detida e a proteger seus direitos legais, caso contrário o Canadá deve assumir total responsabilidade pelas graves conseqüências causadas”, segundo uma declaração de 8 de dezembro do Ministério das Relações Exteriores da China.
O que o regime comunista chinês pode estar ignorando, no entanto, é que os governos em países democráticos não podem interferir nos procedimentos legais.
“Eu acho que isso é muito típico do comportamento da China”, disse Brian Lee Crowley, diretor do Instituto Macdonald-Laurier. “Eles agem como se comportam internamente onde cada instituição na China deve se submeter à vontade do Partido Comunista, e eles apenas assumem que todas as outras sociedades são organizadas da mesma maneira.”
Meng, que é CFO da Huawei e filha do fundador da empresa chinesa de telecomunicações, foi presa em 1º de dezembro sob acusações de fraude e enfrenta extradição para os Estados Unidos. Ela teria mentido aos bancos dos Estados Unidos sobre o relacionamento da Huawei com a Skycom, uma empresa de Hong Kong que teria feito negócios com o Irã. Meng nega as acusações.
Meng teria supostamente enganado os bancos com um esquema que violava as sanções dos Estados Unidos, expondo-os a possíveis multas. O promotor não citou quais são os bancos, mas a mídia dos Estados Unidos informou na quinta-feira (6) que um monitor federal do banco HSBC sinalizou uma transação suspeita envolvendo a Huawei, segundo a Bloomberg. Os promotores também argumentaram que Meng evitou os Estados Unidos desde que soube de sua investigação sobre possíveis violações das sanções cometidas pela Huawei, e que ela deveria ser mantida sob custódia. O primeiro-ministro Justin Trudeau disse que a prisão de Meng foi o resultado de um processo legal ocorrido independentemente de política.
A audiência de sexta-feira em Vancouver é apenas o começo de um processo legal que pode terminar com Meng sendo extraditada para ser julgada nos Estados Unidos. Mesmo que os promotores acreditem que há pouca dúvida quanto à culpa de Meng, o processo de extradição pode levar meses ou até anos.
Omid Ghoreishi contribuiu para esta matéria.