Por Annie Wu, Epoch Times
O aniversário de 200 anos do nascimento de Karl Marx, o pai fundador do comunismo, foi comemorado com fanfarra pelo regime chinês.
O dia exato era 5 de maio, mas durante uma semana inteira, a mídia estatal chinesa transmitiu continuamente documentários e programas de debate sobre Marx durante o horário nobre da televisão. Em 4 de maio, enquanto uma delegação comercial americana estava discutindo com as partes de Pequim como reparar suas relações comerciais, o Comitê Permanente do Politburo, os sete homens no topo da liderança do Partido Comunista Chinês, realizou um evento comemorativo em Pequim, quando o líder Xi Jinping fez um discurso televisionado em âmbito nacional, divulgando o caminho “totalmente correto” do marxismo. Ele pediu aos membros do Partido que estudem as teorias marxistas como “um estilo de vida” e uma “busca espiritual”.
A elite da Universidade de Pequim também realizou uma conferência de dois dias sobre o marxismo.
Externamente, o regime adotou todas as marcas registradas de uma sociedade capitalista, desde o consumo conspícuo até a rápida modernização. Parece contradizer a retórica marxista do Partido Comunista Chinês, mas o aniversário de Marx foi uma ocasião para o Partido reivindicar que o comunismo ainda tem relevância, e assim, legitima seu regime.
“Precisamos assimilar a teoria e a educação marxistas, aprofundar a compreensão dos estudantes sobre o significado teórico e prático do marxismo, bem como sua necessidade histórica e precisão científica”, disse Xi Jinping num discurso na conferência da Universidade de Pequim em 2 de maio.
O ex-professor de historiografia chinesa Liu Yinquan ofereceu seus pensamentos sobre o porquê de o regime estar preso ao marxismo: “A razão pela qual o regime chinês quer comemorar Marx de maneira tão destacada é porque ele quer fortalecer seu domínio sobre os cidadãos chineses, reforçar a base do seu controle sobre as pessoas e preservar sua liderança autoritária de partido único”, disse ele.
O regime chinês estava tão entusiasmado com a comemoração do aniversário de Marx que presenteou a cidade de Trier, na Alemanha, o local de nascimento de Marx, com uma estátua dele.
Mas os alemães locais não estavam tão extasiados. Em 5 de maio, o dia em que a estátua seria revelada, um grupo se reuniu para protestar: um contingente representando o Tibete Livre, uma organização que defende a soberania tibetana; membros do partido de direita alemão AfD (Alternativa para a Alemanha); e adeptos do Falun Gong, uma disciplina espiritual que foi banida na China e é fortemente perseguida pelo regime chinês.
Um cartaz de protesto exibido pelos membros do partido AfD listou alguns números das pessoas mortas por Estados comunistas em todo o mundo: 65 milhões na China, 20 milhões na antiga União Soviética, 2 milhões no Camboja.
Alexander Bauersfeld, um ativista de direitos humanos de Hanover, juntou-se ao protesto como uma vítima de perseguição enquanto vivia na antiga Alemanha Oriental. “Esta estátua é um símbolo das violações dos direitos humanos”, disse ele. “Eu vim aqui para protestar porque apoio os direitos humanos na China. Em cerca de um mês, será o 29º aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial. Seja a liderança comunista na época ou agora, esse episódio ilustra o significado dessa estátua.”
Um estudante universitário em Trier explicou por que ele criticava a presença da estátua: “É a China tentando mostrar seu poder e influência.”
Os praticantes do Falun Gong montaram um estande no centro da cidade de Trier para coletar assinaturas para uma petição que se opõe aos abusos dos direitos humanos na China. Milhares de praticantes do Falun Gong têm sido presos e condenados na China desde 1999 por sua crença espiritual, segundo estimativas do Centro de Informação do Falun Dafa. Mais de quatro mil adeptos do Falun Gong tiveram suas mortes confirmadas como resultado da tortura e de abusos enquanto estavam em custódia das autoridades chinesas, embora se acredite que o número real seja muito maior devido à dificuldade de obter informações da China.
Colaborou: Reuters