O último funcionário a ser expurgado pela campanha anticorrupção do regime chinês lançou luz sobre o suborno generalizado no setor de energia da China.
Em 23 de janeiro, a agência de combate à corrupção do Partido Comunista Chinês, o Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), anunciou que Wang Xiaolin, o vice-chefe da Administração Nacional de Energia (ANE), estava sendo investigado por “violar a disciplina”.
A ANE foi estabelecida em 2008 para supervisionar as indústrias de energia da China, incluindo carvão, eletricidade, petróleo e gás natural.
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O CCID não forneceu detalhes sobre que problemas Wang Xiaolin estava metido em, mas um olhar na carreira de Wang oferece algumas indicações.
Wang Xiaolin anteriormente trabalhou no Grupo Shenhua, uma empresa estatal de mineração e energia e a maior produtora de carvão do país. A empresa também é famosa pela corrupção.
Wang Xiaolin começou como gerente-assistente em 1995, eventualmente sendo promovido para vice-presidente. Em 2015, ele avançou ainda mais e assumiu a posição na ANE.
Nos últimos anos, o CCID realizou dois inquéritos no Grupo Shenhua, com um total de 271 funcionários sendo disciplinados.
Em fevereiro de 2015, o CCID informou ter evidências de que os líderes do Grupo Shenhua usaram seu poder para obter lucro indevidamente, como por meio do uso de sua influência para priorizar e beneficiar os grandes projetos. A agência também descobriu que alguns líderes formaram alianças uns com os outros para obter ganhos pessoais.
Muitos dos quadros do Partido Comunista Chinês na empresa foram investigados nos últimos anos. O mais proeminente deles é Zhang Xiwu, o ex-presidente do Grupo Shenhua, que eventualmente foi nomeado vice-chefe da Comissão Estatal de Supervisão e Administração de Ativos, um órgão do governo central do Partido.
Zhang Xiwu foi preso em julho de 2017. Seu relacionamento íntimo com Zeng Qinghong, um político influente e assecla da facção de oposição do Partido Comunista Chinês, foi considerado o verdadeiro motivo por trás de sua prisão. Zeng, um ex-vice-secretário-geral do Partido, devia sua lealdade ao ex-líder chinês Jiang Zemin e permitiu que Jiang continuasse a influenciar e definir a agência no poder a partir dos bastidores por muito tempo depois que ele formalmente abandonou suas posições oficiais na liderança do regime.
Zeng Qinghong e sua família também acumularam enormes ativos por meio de grandes empresas estatais de energia. O exemplo documentado mais proeminente envolve o filho de Zeng, que adquiriu a antiga empresa estatal de energia Shandong Luneng por uma bagatela, muito abaixo do seu valor contábil e de mercado, depois de ter sido privatizada em 2006, de acordo com o Financial Times.
A rede de influência de Zeng Qinghong no setor de energia pode ser a razão pela qual a liderança atual o reprimiu com sua agência anticorrupção, pois o atual líder Xi Jinping considera os quadros do Partido e funcionários do governo vinculados à facção de Jiang Zemin como seus inimigos políticos. Xi Jinping já purgou dezenas de membro dessa facção desde que chegou ao poder.
Um olhar na carreira de Wang Xiaolin no Grupo Shenhua indica que Wang tem alguns laços potencialmente perigosos. Quando Wang foi o vice-gerente-geral em 2004, o gerente-geral na época era Zhang Xiwu.
A ANE também não é estranha às investigações do CCID. O vice-chefe anterior Xu Yongsheng foi julgado por acusações de suborno em junho de 2016.
Em dezembro de 2014, o ex-chefe da ANE, Liu Tienan, foi condenado à prisão perpétua sob acusações de suborno.
Colaborou: Zhuang Zhengming
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