Prisão de Meng no Canadá e prisão de Sun na China: um mundo de diferença

21/12/2018 13:49 Atualizado: 21/12/2018 13:49

Por Joan Delaney

As diferenças entre o tratamento dispensado a uma cidadã canadense ao ser presa na China e uma cidadã chinesa presa no Canadá não poderiam ser mais marcantes.

Depois que Meng Wanzhou foi presa em Vancouver em 1º de dezembro, a pedido dos Estados Unidos, ela ficou detida por alguns dias em um complexo penitenciário feminino, compareceu em audiência pública com representação legal competente e agora está livre sob fiança vivendo confortavelmente em uma de suas mansões na área metropolitana de Vancouver enquanto aguarda as audiências formais de extradição.

Quando Sun Qian, residente em Vancouver, foi presa na China há quase dois anos, nenhuma dessas delicadezas lhe foi oferecida. Em 19 de fevereiro de 2017, mais de uma dúzia de policiais invadiram sua casa em Pequim e a saquearam, arrastaram Sun para fora e a levaram para um centro de detenção, sem qualquer processo legal, nem mesmo um mandado de prisão. Uma ordem foi emitida algumas semanas depois.

Enquanto Meng enfrenta sérias acusações relacionadas à violação das sanções dos Estados Unidos contra o Irã, Sun foi detida apenas por praticar sua fé no Falun Dafa, ou Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa baseada nos princípios da Verdade, Compaixão e Tolerância.

E enquanto Meng só tem que usar uma tornozeleira eletrônica e ser vigiada e escoltada por uma empresa de segurança privada enquanto está sob fiança, Sun permanece no Centro de Detenção No. 1 em Pequim, onde é torturada e submetida a sessões de lavagem cerebral com o objetivo de forçá-la a desistir de sua fé.

Além disso, vários advogados que a família de Sun conseguiu contratar, que estavam dispostos a representar a praticante do Falun Dafa, foram ameaçados pelas autoridades a ponto de abandonar o caso. De acordo com sua família, ela agora está sendo representado por um advogado nomeado pelo regime comunista, que está advogando contra seus interesses.

Meng é diretora financeira da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, empresa fundada por seu pai. Ela é acusada de conspirar para fraudar várias instituições internacionais. Cada acusação tem uma penalidade máxima de 30 anos.

Sun é vice-presidente da Pequim Leadman Biochemistry, uma empresa multimilionária que ela fundou e da qual é co-proprietária junto com o marido, Shen Guangqian. Mas dois dias depois da prisão de Sun, seu marido roubou 2 bilhões de iuanes em ações da empresa de propriedade conjunta, que pertencem à Sun.

A irmã de Sun, Sun Zan, disse ao Epoch Times em uma entrevista anterior que Shen “conspirou com certos indivíduos da Secretaria de Segurança Pública, acionando a política de reprimir o Falun Gong para provocar a prisão ilegal e as acusações contra Sun”.

“A promotoria e o tribunal não apenas fecharam os olhos para os atos criminosos de Shen, como também estão usando Shen para condenar ilegalmente minha irmã”, acrescentou.

Em julho de 1999, o Partido Comunista Chinês lançou uma campanha de perseguição contra os praticantes do Falun Dafa, que na época somavam entre 70 e 100 milhões. Desde então, dezenas de milhares de praticantes foram presos e um número incalculável deles foi torturado a ponto de causar suas mortes ou incapacidade física. Muitos outros morreram devido à extração forçada de seus órgãos, de acordo com relatórios de investigação.

As autoridades chinesas disseram que a diretora financeira da Huawei foi “sequestrada” e que sua prisão violou seus direitos humanos. Na verdade, ela foi simplesmente presa em solo canadense, de acordo com a lei, porque enfrenta acusações criminais nos Estados Unidos, com o qual o Canadá tem um acordo de extradição.

Na China, no entanto, os praticantes do Falun Dafa são constantemente arrancados de suas casas ou locais de trabalho e jogados em campos de detenção, centros de lavagem cerebral ou na cadeia. Minghui.org, um site que documenta a campanha de perseguição, descreve isso como sequestro, porque em muitos casos nenhum processo legal é respeitado e quando há uma audiência judicial, ela é sempre utilizada para montar um show e não garantir a justiça.

Pode-se dizer que a prisão recente de três canadenses na China por falsas acusações, em retaliação à prisão de Meng, também constitui um sequestro. A medida demonstra claramente a natureza mafiosa do regime e seu desprezo pelo Estado de direito.

Especialistas que observam o caso de Meng dizem que isso pode durar anos se ela decidir lutar contra a extradição. Por outro lado, se ela optar por não lutar, ela pode ser extraditada em poucas semanas, dizem eles. De qualquer forma, ela nunca terá de suportar torturas durante sua permanência na prisão nem será submetida a um julgamento fictício. Aconteça o que acontecer, ela terá a possibilidade de contar com a melhor defesa legal que o dinheiro pode comprar.

Enquanto isso, na ausência de um Estado de direito na China e em face de um sistema judicial corrupto, Sun perdeu não apenas sua liberdade, mas também seu empreendimento multimilionário.

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