A Comissão Nacional de Saúde da China (NHC na sigla em inglês) não divulgará mais os casos diários de COVID-19 ou os números de mortes depois que dados vazados mostraram que centenas de milhões de pessoas em todo o país contraíram o vírus em dezembro.
“A partir de hoje, não publicaremos mais informações diárias sobre a epidemia”, disse a comissão de saúde em um breve comunicado no domingo, depois de ter divulgado atualizações diárias da COVID-19 pelos últimos três anos, desde o início do surto em 2020.
“Informações relevantes sobre a COVID serão publicados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China para referência e pesquisa ”, acrescentou o NHC, que não deu motivos para encerrar o fornecimento de informações.
O NHC também não deu detalhes sobre como seria esse relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China (CDC) referente a COVID.
No início deste mês as autoridades centrais do país interromperam as estritas regras da chamada “COVID-zero”. Agora é permitido que a quarentena seja feita em casa, os testes de PCR em massa foram descartados e os residentes e viajantes não precisam mais apresentar seus códigos QR de saúde. As pessoas estão também realizando testes rápidos de antígeno para detectar infecções sem a necessidade de relatar os resultados positivos.
Desde o início da flexibilização das restrições sanitárias, as autoridades nacionais não forneceram dados claros sobre a propagação do vírus por todo o país.
Documentos vazados
Após anos de severas restrições o fim abrupto dos lockdowns resultaram em um aumento dramático dos casos na China, com uma estimativa de que quase 37 milhões de pessoas contraíram COVID-19 em um único dia, isso de acordo com documentos vazados de uma reunião do NHC que foi realizada em 21 de dezembro. A primeira plataforma a divulgar os documentos foi a Bloomberg.
Ainda de acordo com esses documentos da reunião, até 248 milhões de pessoas provavelmente contraíram o vírus nos primeiros 20 dias de dezembro.
Após a mudança nas políticas da COVID-19 os dados nacionais se tornaram ambíguos.
E desde que Pequim aliviou suas restrições, a Organização Mundial da Saúde não recebeu mais dados da China referentes a novas hospitalizações ligadas ao COVID. A OMS disse que a lacuna de dados pode ser devido à dificuldade das autoridades em contabilizar os casos no país mais populoso do mundo. Em seu último dia para apresentação de dados, houve alguns contrastes gritantes entre os números do NHC e os de fontes mais regionais.
A comissão local de saúde em Zhejiang, uma província com 65 milhões de habitantes, disse em entrevista coletiva no domingo que o número de infecções recentes ultrapassou um milhão de pessoas por dia, isso considerando que o número diário pode chegar a 2 milhões de pessoas por dia no período de preparação para o Réveillon, incluindo casos assintomáticos.
No domingo, sem relatar as infecções assintomáticas, os números do NHC mostraram apenas 30 novos casos confirmados por dia na província de Zhejiang.
Com base em projeções de dados, Qingdao, uma cidade de 9 milhões de pessoas na província de Shandong, no leste, está enfrentando de 490.000 a 530.000 infecções por dia, informou a mídia chinesa no sábado, citando uma autoridade de saúde do governo local. Já a contagem do NHC divulgada no domingo mostrou menos de 40 novos casos por dia em toda a província, com exceção dos casos assintomáticos.
A China também aumentou as exigências para que as mortes sejam atribuídas a COVID-19, contando apenas aqueles que tiveram pneumonia ou insuficiência respiratória causada por COVID.
Luo Ya e Reuters contribuíram para esta reportagem.
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