Centenas de praticantes do Falun Gong da região metropolitana de Nova York se reuniram em frente ao consulado chinês para realizar uma vigília a luz de velas, marcando 18 anos desde que o ex-líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, lançou uma brutal campanha de perseguição em 20 de Julho de 1999 contra essa prática espiritual.
A manifestação pacífica contou com porta-vozes do Falun Gong, praticantes perseguidos na China, membros de ONGs de direitos humanos e sete cidadãos chineses que recentemente desfiliaram-se do Partido Comunista Chinês e suas organizações afiliadas.
“Estamos aqui reunidos em frente ao consulado chinês em Nova York para pedir à comunidade internacional que ajude a acabar com essa perseguição e a expor esse crime contra a humanidade que está acontecendo há 18 anos”, disse Erping Zhang, porta-voz do Falun Gong, em uma entrevista.
“Nos últimos 18 anos, numerosos praticantes do Falun Gong perderam suas casas, empregos, até suas vidas”, continuou Zhang. “Pior ainda, há o crime horrível da extração forçada de órgãos contra esses prisioneiros de consciência.” Os principais investigadores sobre a extração forçada de órgãos na China estimam que o regime comunista chinês matou um grande número de praticantes do Falun Gong por seus órgãos entre 2000 a 2015 para alimentar uma lucrativa indústria de transplantes, de acordo com um relatório de 2016.
O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, foi inicialmente apresentado ao público chinês em 1992 pelo Sr. Li Hongzhi. Inspirados e guiados pelos princípios morais da prática e exercícios tranquilos, de 70 a 100 milhões de pessoas na China adotaram a prática em 1999, de acordo com estimativas do regime chinês e membros do Falun Gong.
Entre eles, Li Dianqin, da província de Liaoning, no nordeste da China. Li estava praticamente em seu leito de morte quando ela soube do Falun Gong em 1995; ela teve um enorme tumor hepático e aderências intestinais que causaram dor constante e excruciante em seu abdômen.
Depois de praticar Falun Gong, no entanto, Li superou gradualmente não apenas a doença, que os médicos consideravam incurável, como também adquiriu estrutura mental para enfrentar a perseguição do regime chinês.
Em março de 2000, Li foi detida em um centro de lavagem cerebral num manicômio da cidade de Shenyang, onde foi bombardeada dia e noite com propaganda de ódio contra o Falun Gong.
Três meses depois, Li foi jogada no Campo de Trabalho Forçado de Masanjia, uma instalação de detenção notória por seu tratamento horrível aos praticantes do Falun Gong. Os guardas de Masanjia eram conhecidos por eletrocutar as genitais das praticantes mulheres com bastões elétricos, bem como por despi-las e trancá-las nas celas de prisioneiros masculinos para serem estupradas coletivamente.
Li, agora com 66 anos, chegou aos Estados Unidos em julho passado. Numa atividade pública em Nova York, no entanto, Li e outros praticantes do Falun Gong continuam a ser alvo do regime chinês.
Cerca de 50 chineses vestidos com camisas e bonés vermelhos e slogans pró-comunistas se aglomeraram na calçada oposta ao grupo do Falun Gong. Eles gritaram slogans anti-Falun Gong em alto-falantes e agitaram as bandeiras vermelhas do regime chinês.
Collin Ding, um estudante secundarista de 17 anos, disse que participou do evento para protestar pacificamente contra a contínua perseguição por suas crenças.
“Como praticantes do Falun Dafa, nós cultivamos princípios universais baseados na verdade, compaixão e tolerância”, explicou Ding.
Ding afirmou que os princípios do Falun Gong o ajudam a se auto-examinar e a aprimorar-se quando confrontado com a adversidade, em vez de nutrir ressentimento para com os outros.
“Sempre haverá algumas pessoas ao seu redor que são agradáveis com você e algumas que são malvadas com você”, disse ele. “Mas, mesmo que as pessoas sejam malvadas com você, você deve ser genuíno com elas.”
Cristina Oz, de 32 anos, aprendeu sobre o Falun Gong no final de maio deste ano depois de se deparar com praticantes executando os movimentos suaves dos exercícios no Madison Square Park, centro de Manhattan.
“Foi como finalmente chegar em casa depois de uma longa jornada”, disse Oz. “Eu estava procurando por isso toda a minha vida.”
E vindo da Romênia, que anteriormente estava sob o controle de uma ditadura apoiada pelos soviéticos, Oz estava familiarizado com a forma como os regimes comunistas reprimem as práticas espirituais. “Muitas pessoas foram mortas, muitas pessoas foram perseguidas” pelo antigo regime comunista na Romênia, disse ela.
“É por isso que eu me identifico tanto a [situação da] China, porque eu sinto e entendo isso muito bem”, disse Oz. “O comunismo destrói a origem das pessoas, os valores das pessoas.”
O povo chinês deve aprender a verdade do regime chinês e enxergar além da propaganda comunista, disse o praticante do Falun Gong Li Dianqin.
“Exige nosso entendimento” sobre as tendências repressivas do regime chinês, disse Li. E quando as pessoas do mundo tomarem juntas essa mesma consciência, o “regime chinês se desintegrará completamente”, acrescentou.
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