Por Paul Huang, Epoch Times
Enquanto o presidente Donald Trump anunciava tarifas e sanções para reequilibrar o comércio entre os Estados Unidos e a China, um porta-voz da mídia estatal chinesa publicou um artigo de opinião dizendo que a China deveria “remover os Estados Unidos” da Organização Mundial do Comércio (OMC) como retaliação. O provocativo artigo mostra não só a hostilidade contra os Estados Unidos existente dentro da burocracia do regime por parte de alguns de seus membros, mas também a sua falta de compreensão da natureza da OMC, dizem analistas.
“[China] deveria tomar medidas mais ousadas, como considerar um movimento legal para possivelmente retirar os Estados Unidos da organização mundial [OMC] por instigar conflitos comerciais uma e outra vez em violação às regras da própria OMC”, disse Mei Xinyu, pesquisador do Ministério do Comércio da República Popular da China.
O artigo de 23 de março foi publicado como uma “opinião” pelo China Daily, jornal de língua inglesa, porta-voz do Partido Comunista Chinês, controlado pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado, um braço propagandístico do regime chinês.
Mei também disse que a China não deveria limitar-se ao mecanismo de resolução de litígios da OMC em retaliação às sanções comerciais dos Estados Unidos contra a China, e que uma tentativa de expulsar os Estados Unidos da OMC poderia forçar o país a “exercer autocontrole”.
Atualmente, a OMC não dispõe de um mecanismo para eliminar ou expulsar um Estado-membro. A organização intergovernamental é responsável pela regulamentação do comércio de bens, serviços e propriedade intelectual entre os seus 164 Membros. Os Estados Unidos desempenharam um papel fundamental na criação da OMC em 1995, bem como do seu antecessor, o Acordo Geral Sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio, em 1948.
Analistas dizem que o artigo publicado pelo principal jornal em inglês de propaganda do regime chinês reflete o pensamento subjacente de pelo menos alguns responsáveis pela tomada de decisões do regime, ou pelo menos a ameaça que tentam transmitir ao mundo.
“China Daily nunca publicaria nada que comprometesse a opinião do regime chinês”, disse Gordon Chang, analista de assuntos da China e da Ásia Oriental. “O artigo de Mei Xinyu reflete o pensamento da burocracia chinesa e expõe sua crescente hostilidade contra os Estados Unidos.”
Xia Yeliang, ex-professor de Economia da Universidade de Pequim, disse que Mei é conhecido na China como um “agitador de extrema-esquerda”, que de vez em quando faz comentários sobre a mídia estatal, como por exemplo quando o regime chinês tem necessidade política de mostrar seus pontos de vista antiamericanos.
“Em todo caso, foi a China que violou repetidamente as normas da OMC,” disse Xia, que agora reside nos Estados Unidos e critica frequentemente o regime chinês. “A China nunca cumpriu suas obrigações com a OMC nos últimos 17 anos. Por sua vez, se a OMC leva a séria a aplicação de suas normas, deveria então considerar punir a China.”
Trump culpa a OMC por permitir a ascensão da China às custas dos Estados Unidos. Entre outras coisas, o governo de Trump culpou a China por não cumprir a promessa de evoluir até uma economia orientada para o mercado e jogar pelas regras do comércio internacional.
De acordo com autoridades da administração Trump, como o recém promovido assessor comercial da Casa Branca Peter Navarro, o modelo econômico da China combinado com a decisão dos Estados Unidos de permitir sua entrada na OMC em 2001 conduziu ao rápido crescimento do déficit comercial China-EUA ao longo das últimas duas décadas, e como resultado permitiu o autoritarismo e a hostilidade militar do regime chinês em todo o mundo.