Porta-voz do regime chinês quer que EUA seja retirado da OMC

Em uma demonstração de hostilidade, um regime que nunca respeitou as regras da OMC em 17 anos quer agora expulsar um dos fundadores da organização

28/03/2018 11:21 Atualizado: 28/03/2018 11:21

Por Paul Huang, Epoch Times

Enquanto o presidente Donald Trump anunciava tarifas e sanções para reequilibrar o comércio entre os Estados Unidos e a China, um porta-voz da mídia estatal chinesa publicou um artigo de opinião dizendo que a China deveria “remover os Estados Unidos” da Organização Mundial do Comércio (OMC) como retaliação. O provocativo artigo mostra não só a hostilidade contra os Estados Unidos existente dentro da burocracia do regime por parte de alguns de seus membros, mas também a sua falta de compreensão da natureza da OMC, dizem analistas.

“[China] deveria tomar medidas mais ousadas, como considerar um movimento legal para possivelmente retirar os Estados Unidos da organização mundial [OMC] por instigar conflitos comerciais uma e outra vez em violação às regras da própria OMC”, disse Mei Xinyu, pesquisador do Ministério do Comércio da República Popular da China.

O artigo de 23 de março foi publicado como uma “opinião” pelo China Daily, jornal de língua inglesa, porta-voz do Partido Comunista Chinês, controlado pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado, um braço propagandístico do regime chinês.

Mei também disse que a China não deveria limitar-se ao mecanismo de resolução de litígios da OMC em retaliação às sanções comerciais dos Estados Unidos contra a China, e que uma tentativa de expulsar os Estados Unidos da OMC poderia forçar o país a “exercer autocontrole”.

Atualmente, a OMC não dispõe de um mecanismo para eliminar ou expulsar um Estado-membro. A organização intergovernamental é responsável pela regulamentação do comércio de bens, serviços e propriedade intelectual entre os seus 164 Membros. Os Estados Unidos desempenharam um papel fundamental na criação da OMC em 1995, bem como do seu antecessor, o Acordo Geral Sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio, em 1948.

Analistas dizem que o artigo publicado pelo principal jornal em inglês de propaganda do regime chinês reflete o pensamento subjacente de pelo menos alguns responsáveis pela tomada de decisões do regime, ou pelo menos a ameaça que tentam transmitir ao mundo.

“China Daily nunca publicaria nada que comprometesse a opinião do regime chinês”, disse Gordon Chang, analista de assuntos da China e da Ásia Oriental. “O artigo de Mei Xinyu reflete o pensamento da burocracia chinesa e expõe sua crescente hostilidade contra os Estados Unidos.”

Xia Yeliang, ex-professor de Economia da Universidade de Pequim, disse que Mei é conhecido na China como um “agitador de extrema-esquerda”, que de vez em quando faz comentários sobre a mídia estatal, como por exemplo quando o regime chinês tem necessidade política de mostrar seus pontos de vista antiamericanos.

“Em todo caso, foi a China que violou repetidamente as normas da OMC,” disse Xia, que agora reside nos Estados Unidos e critica frequentemente o regime chinês. “A China nunca cumpriu suas obrigações com a OMC nos últimos 17 anos. Por sua vez, se a OMC leva a séria a aplicação de suas normas, deveria então considerar punir a China.”

Trump culpa a OMC por permitir a ascensão da China às custas dos Estados Unidos. Entre outras coisas, o governo de Trump culpou a China por não cumprir a promessa de evoluir até uma economia orientada para o mercado e jogar pelas regras do comércio internacional.

De acordo com autoridades da administração Trump, como o recém promovido assessor comercial da Casa Branca Peter Navarro, o modelo econômico da China combinado com a decisão dos Estados Unidos de permitir sua entrada na OMC em 2001 conduziu ao rápido crescimento do déficit comercial China-EUA ao longo das últimas duas décadas, e como resultado permitiu o autoritarismo e a hostilidade militar do regime chinês em todo o mundo.