Por que China não abandonará o roubo em sua estratégia para superar EUA

O plano ‘Feito na China 2025’ se baseia no roubo e na aquisição

03/05/2018 11:40 Atualizado: 03/05/2018 11:40

Por Editores do Epoch Times

O que constitui o plano ‘Feito na China 2025’?

O motivo por trás do plano econômico

O Partido Comunista Chinês (PCC) quer transformar a China numa “superpotência industrial”: um país tão avançado em manufatura de tecnologia que dominaria os mercados globais de alta tecnologia e substituiria os concorrentes estrangeiros.

O modelo econômico para alcançar esse objetivo, o programa “Feito na China 2025”, foi lançado em 2015. Nele, o regime chinês delineia 10 setores relacionados à tecnologia que ele deseja desenvolver: tecnologia da informação avançada, robótica e máquinas de ferramentas automatizadas, aeronaves e componentes aeronáuticos, embarcações marítimas e equipamentos de engenharia naval, equipamentos ferroviários avançados, veículos de energia nova, equipamentos elétricos de geração e transmissão, máquinas e equipamentos agrícolas, novos materiais e produtos farmacêuticos, e dispositivos médicos avançados.

De acordo com uma análise de 2016 sobre o plano realizada pelo Instituto Mercator de Estudos da China com sede na Alemanha, “O objetivo é essencialmente construir uma estrutura econômica e capacidades semelhantes à da Alemanha e do Japão: um país industrial forte baseado numa robusta e inovadora indústria manufatureira.”

O programa baseia-se em políticas industriais existentes, mas com uma coordenação mais profunda entre várias agências estatais. O plano “Feito na China 2025” é agora uma parte crítica da estratégia nacional do regime chinês.

Para alcançar o objetivo de controlar as cadeias de suprimentos globais o mais rápido possível, o regime chinês tem um método principal: direcionar empresas estatais e privadas para investir e adquirir empresas estrangeiras com o objetivo de roubar suas inovações tecnológicas.

O regime chinês financia diretamente esses investimentos de alta tecnologia, usando uma variedade de fundos de investimentos nacionais e empresas de investimento que fornecem apoio financeiro a empresas chinesas de alta tecnologia.

Depois que o plano foi divulgado, os investimentos chineses em empresas estrangeiras, especialmente as alemãs, especializadas em automação e digitalização da produção industrial aumentaram significativamente, segundo o Instituto Mercator.

Os números globais do investimento da China também refletem essa prioridade: em 2016, as duas principais indústrias em que as empresas chinesas participaram de aquisições estrangeiras foram fabricação (em torno de US$ 30 bilhões) e tecnologia da informação/software (cerca de US$ 26,4 bilhões), segundo a Instituição Chung-Hua para Pesquisa Econômica, sediada em Taiwan.

Outra estratégia empregada pelo regime chinês é pressionar empresas estrangeiras que fazem negócios na China a transferir seu conhecimento técnico para suas contrapartes chinesas em joint ventures. Isso geralmente é feito em troca de dar às empresas acesso ao mercado chinês.

Um relatório recente sobre as práticas de roubo de propriedade intelectual da China publicado pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA descobriu que, para as empresas norte-americanas que são o foco das políticas industriais do regime chinês, a pressão para transferir tecnologia era “particularmente intensa”.

Uma pesquisa do governo dos EUA de 2017 sobre a indústria de circuitos integrados dos EUA constatou que 25 empresas tiveram que formar joint ventures com entidades chinesas e transferir sua tecnologia.

As empresas europeias também sentem a mesma pressão. A Câmara de Comércio da União Europeia na China divulgou uma pesquisa de confiança empresarial de 2017 em que os percentuais mais altos dos entrevistados estavam em setores visados pelo plano “Feito na China 2025”: 31% na indústria aeroespacial e de aviação, 23% em maquinaria e 21% em automóveis/componentes automotivos. No geral, 17% dos entrevistados disseram que tiveram que transferir sua tecnologia.

Um trabalhador chinês esfria cabeças de bonecas de plástico em água numa fábrica de brinquedos em Shangyu, província de Zhejiang, China, em 17 de setembro de 2015 (Kevin Frayer/Getty Images)
Um trabalhador chinês esfria cabeças de bonecas de plástico em água numa fábrica de brinquedos em Shangyu, província de Zhejiang, China, em 17 de setembro de 2015 (Kevin Frayer/Getty Images)

Evitando a “armadilha da renda média”

A difícil questão econômica do regime chinês

O regime chinês vê a modernização do seu setor manufatureiro como uma parte crítica da sobrevivência na economia moderna e da competição bem-sucedida “com outros rivais estabelecidos no mundo”, como disse um artigo do jornal estatal China Daily. O Estado está tentando escapar do destino da “armadilha da renda média”: um fenômeno no qual, após alcançar os níveis de renda média, o crescimento de um país se detém e não consegue dar o salto para se tornar uma economia avançada.

Assim, em vez da fabricação de bens básicos como roupas e calçados que a China é conhecida, o regime quer produzir principalmente produtos de alta tecnologia. Essa façanha é mais fácil de dizer do que de fazer, já que a China ainda está atrasada em avanços tecnológicos.

Enquanto isso, as empresas estrangeiras que anteriormente confiavam na mão de obra barata da China para produzir seus produtos agora estão em busca de outros lugares. O aumento dos custos da mão-de-obra e dos preços da terra levaram muitas empresas a mudarem suas fábricas para países do Sudeste Asiático, como Vietnã, Bangladesh e Índia, onde os custos operacionais são mais baixos.

Um relatório do Boston Consulting Group de 2011 também descobriu que, com a maior produtividade nos EUA e os custos operacionais crescentes na China, a diferença de custos entre a produção na China e nos Estados Unidos diminuirá, tornando cada vez mais lucrativo para as empresas americanas voltarem para casa.

Nos últimos anos, grandes multinacionais como Nike, Adidas, Nikon e Microsoft fecharam suas fábricas chinesas.

Gerentes de fábricas cantam canções vermelhas comunistas no início do seu dia de trabalho no vilarejo de Nanjie, na região central da província de Henan, em 27 de setembro de 2017 (Greg Baker/AFP/Getty Images)
Gerentes de fábricas cantam canções vermelhas comunistas no início do seu dia de trabalho no vilarejo de Nanjie, na região central da província de Henan, em 27 de setembro de 2017 (Greg Baker/AFP/Getty Images)

O comunismo é o problema central

Por que o regime chinês não irá, e não pode, jogar de forma justa

Existe uma expressão em chinês, “pedir a um tigre por sua pele”. O dizer pode ser comparado aos Estados Unidos pedindo ao Partido Comunista Chinês que participe de forma justa nos negócios. Assim como o tigre precisa da sua pele para sobreviver, o Partido também precisa do roubo e das práticas desleais para competir.

Um problema fundamental é que os Estados Unidos não entendem a natureza da fera. O problema com as práticas do Partido Comunista não são os problemas na superfície. O problema é a natureza por trás dos problemas, a ideologia que dirige suas ações.

A China ainda é um país comunista, e o Partido mantém um controle rígido sobre todo o país. As crianças são doutrinadas com slogans do Partido; empresas com mais de 50 funcionários são obrigadas a ter representantes intermediários do Partido em suas instalações; o Departamento Político Geral é encarregado de doutrinar os militares com ideologia comunista; e outras áreas do país têm programas semelhantes.

Entre os muitos slogans do Partido há, “Manter o máximo alinhamento com o Comitê Central do Partido” e “Executar os comandos do Partido se você entendê-los. Mesmo que você não os entenda, faça isso de qualquer maneira e sua compreensão deve se aprofundar enquanto estiver cumprindo essas ordens.”

Sob a ideologia comunista, não há conceito de propriedade pessoal e, sob seus sistemas, a luta entre países, empresas e até pessoas comuns se torna o modo de vida padrão. O conceito geral é que, se algo pode ser usurpado, então faça isso; e sustenta que mentiras e enganos são métodos aceitáveis ​​para alcançar seus objetivos. Entre os principais slogans do Partido durante a Revolução Cultural estava, “a batalha com o céu, a luta com a terra e o conflito com a humanidade, nisto está a alegria sem fim”.

O roubo econômico é dirigido pelo Partido Comunista, com metas estabelecidas em seus planos econômicos de cinco anos. O plano “Feito na China 2025” continua programas similares do Partido voltados para o roubo econômico, incluindo sua política do Projeto 863, seu Programa Tocha, seu Programa 973, entre outros. O livro “Espionagem Industrial da China“, de William C. Hannas, James Mulvenon e Anna B. Puglisi, afirma que “cada um desses programas busca colaboração e tecnologias estrangeiras para preencher as lacunas fundamentais” e incentiva especialistas treinados no Ocidente a servirem o Partido, seja retornando para a China ou “servindo no local”.

Um relatório de 2011 do Escritório do Executivo Nacional de Contrainteligência dos EUA diz que o Projeto 863 “fornece financiamento e orientação para os esforços de aquisição clandestina de tecnologia e informações econômicas sensíveis dos EUA”.

Delegados militares partem após a 2ª sessão plenária do Congresso Popular Nacional em Pequim em 9 de março de 2016 (Fred Dufour/AFP/Getty Images)
Delegados militares partem após a 2ª sessão plenária do Congresso Popular Nacional em Pequim em 9 de março de 2016 (Fred Dufour/AFP/Getty Images)

Não há empresas privadas reais na China

Empresas estatais e privadas servem aos ditames do regime chinês

Na superfície, o regime chinês permitiu que alguns princípios de mercado fossem introduzidos na China após as reformas econômicas dos anos 80. Na realidade, o sistema comunista não permite a verdadeira propriedade privada.

O regime chinês considera todas as inovações tecnológicas essenciais para seus interesses nacionais. Assim, empresas privadas e estatais servem aos interesses do regime chinês. Quando se trata de investimentos estrangeiros nos setores de alta tecnologia priorizados no plano “Feito na China 2025”, o regime orienta as empresas chinesas sobre onde e como investir, para seu próprio benefício.

Como demonstra a análise do Instituto Mercator, o regime chinês geralmente disfarça ou esconde seu envolvimento e participação. “Os fundos de investimento soberano e as empresas de gestão de investimentos governamentais desempenham um papel cada vez maior no IED [investimento estrangeiro direto] de alta tecnologia”, diz o relatório. “Embora esses fundos e sua administração frequentemente se apresentem como empresas privadas, o papel ativo do Estado é ocultado por trás de uma rede opaca de estruturas de propriedade e financiamento.”

Por exemplo, a JAC Capital adquiriu a empresa holandesa de semicondutores NXP em 2016. 51% da JAC é de propriedade de um veículo de investimento do Conselho de Estado da China, a principal agência administrativa do regime.

Também em 2016, o Fundo Nacional de Investimento em Circuitos Integrados (IC Fund) comprou uma participação de 4,29% na Apex Technology, um consórcio de investimento chinês – pouco antes de a Apex adquirir a Lexmark International, uma fabricante americana de impressoras. De acordo com um relatório da Câmara de Comércio dos EUA sobre o plano “Feito na China 2025”, os formulários de relações com investidores revelaram que “o IC Fund cooperou com a Apex não apenas como investidor financeiro, mas também na esperança de que a Apex satisfizesse a estratégia nacional da China”.

Empresas de fundos privados também podem ser usadas para financiar aquisições estrangeiras. Uma reportagem da Reuters revelou que o financiamento parcial para a oferta de US$ 1,3 bilhão da firma de investimentos privados Canyon Bridge, com sede na Califórnia, para comprar a fabricante americana de chips Lattice Semiconductor originou-se do Conselho de Estado da China.

Em setembro de 2017, o presidente norte-americano Donald Trump bloqueou o acordo, alegando preocupações com a segurança nacional. Afinal, o desenvolvimento da indústria de semicondutores está no topo da lista de prioridades do plano “Feito na China 2025”. Atualmente, a China depende muito de chips importados, uma das maiores categorias de importação do país.

Trabalhadores chineses posam com uma alternativa local mais barata do Relógio Apple em Shenzhen, na província de Guangdong, sul da China, em 22 de abril de 2015 (STR/AFP/Getty Images)
Trabalhadores chineses posam com uma alternativa local mais barata do Relógio Apple em Shenzhen, na província de Guangdong, sul da China, em 22 de abril de 2015 (STR/AFP/Getty Images)

Por que a China precisa roubar tecnologia

O sistema comunista não permite a verdadeira inovação

O povo chinês é conhecido por se destacar em educação e constitui um dos maiores grupos étnicos envolvidos em programas de estudos universitários no exterior, como nos Estados Unidos. Então, por que o regime chinês se tornou tão notório por roubar propriedade intelectual para impulsionar sua economia?

O problema não está no povo chinês, que mantém, até certo ponto, os valores familiares e a ética de trabalho da cultura tradicional chinesa. Em vez disso, o problema está no regime chinês, em suas visões comunistas sobre a propriedade intelectual e em seu sistema de corrupção que permite e até endossa essas atividades.

Sob o Partido Comunista Chinês, que incentiva a luta e o engano, o investimento em inovação e o desenvolvimento de propriedade intelectual única é uma perspectiva perdida. Se uma empresa gasta tempo e dinheiro em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o produto resultante será copiado pelos concorrentes logo após o seu lançamento. Por causa dessa cultura de roubo do Partido, a pesquisa e o desenvolvimento são, portanto, um investimento perigoso para a sobrevivência de um negócio.

Devido à falta de inovação independente, o Partido foi forçado a preencher essa lacuna, investindo em programas de P&D. No entanto, com os fundos do Estado fluindo através de inúmeros níveis da burocracia, o dinheiro muitas vezes não chega onde é pretendido; e em empresas estatais, onde há pouca perspectiva de ascender na hierarquia sem se envolver em negociações corruptas, é comum os funcionários não se dedicarem e simplesmente aproveitarem para pegar a onda dos financiamentos estatais pelo maior tempo possível.

O Partido Comunista Chinês está ciente desse problema e, por causa disso, apesar de ter uma grande população de pessoas qualificadas e treinadas em pesquisa, o Partido ainda depende de inovações estrangeiras por meio de programas como o “Feito na China 2025” e o Projeto 863.

Além disso, as empresas chinesas são forçadas a competirem por seus benefícios e subsídios. A principal marca da China na história recente tem sido seu mercado de fabricação barata e de produtos de baixo custo. As empresas chinesas precisam, portanto, competir arduamente nos preços e são forçadas sempre que possível a cortar custos e recorrer a atalhos sacrificando a qualidade.

É por causa dessa concorrência pela produção de baixo custo que os produtos chineses modernos são igualmente de qualidade inferior.

Ambos os elementos afetaram o esforço do Partido Comunista Chinês para criar marcas locais respeitadas e sua tentativa de entrar nos mercados de bens de luxo e de alta tecnologia. A cultura corrupta do Partido é a responsável pela P&D ruins, o que leva a seus programas de roubo de propriedade intelectual. A cultura do Partido também é a causa da baixa qualidade do produto chinês, que também prejudica a percepção do público a respeito das marcas chinesas.