Pessoas que buscam a medicina tradicional chinesa fariam melhor procurando ervas medicinais fora da China.
Profissionais médicos chineses e até mesmo a Administração Estatal de Medicina Tradicional Chinesa (AEMTC) têm alertado que, por causa da alta concentração de pesticidas e fertilizantes no solo chinês, muitas ervas comumente utilizadas em receitas tradicionais chinesas perderam sua eficácia.
“Alguns dizem que a medicina chinesa poderia ser arruinada precisamente por causa das ervas chinesas. Isto não é de forma alguma um exagero”, disse Wang Guoqiang, chefe da AEMTC, num fórum de cultivo de ervas medicinais chinesas e ecologia em 3 de julho, conforme reportado pela mídia estatal Xinhua.
Um relatório investigativo de 2013 do Greenpeace descobriu que ervas chinesas cultivadas e colhidas na China estavam cheias de pesticidas. O relatório recomendou que as autoridades tomassem medidas rigorosas e urgentes.
Leia também
• Tibetanos lutam contra desastre ambiental causado por mineração na China
Nos últimos anos temos visto um crescimento na demanda por medicina tradicional chinesa. De acordo com Wang, este aumento também estimulou a venda generalizada de ervas caseiras, que são frequentemente expostas a pesticidas e fertilizantes agrícolas que interferem com suas propriedades medicinais.
Wang não é o primeiro a fazer comentários publicamente sobre os problemas das ervas chinesas. Em 2011, Zhou Zhongying, um professor na Universidade de Medicina Chinesa de Nanjing, também alertou que a medicina chinesa seria arruinada por seus próprios ingredientes, informou o portal de notícias chinês Sina.
Em 2013, Jing Shiming, o vice-diretor da Associação Provincial de Medicina Chinesa de Guangdong, pediu maior regulação para resgatar a qualidade das ervas chinesas, relatou o China.com.cn.
Mas os problemas vão além de apenas poluentes e pesticidas.
Leia também
• Como sal cancerígeno chega às mesas na China
Yang Chaobo, um médico chinês aposentado de 46 anos, praticou a medicina tradicional chinesa por 20 anos e trabalhou num hospital afiliado à Academia Chinesa de Ciências Médicas Chinesas antes de se mudar para Nova York em 2014.
“Ervas chinesas exigem um processamento especial”, disse Yang, que vive em Flushing, no norte do bairro do Queens, ao Epoch Times numa entrevista por telefone. “Por exemplo, a raiz Rehmannia precisa ser cozinhada e em seguida exposta ao sol por um total de nove vezes. Mas, frequentemente na China, este passo não é seguido diligentemente.”
A raiz Rehmannia, conhecida como “gan di huang” em chinês, é usada para tratar hepatite e doenças cardíacas.
Apesar das declarações de autoridades e médicos chineses, Yang é pessimista sobre a situação do meio ambiente da China. Ele sugere que as ervas medicinais sejam colhidas na natureza em vez de cultivadas em larga escala, evitando as deficiências da agricultura chinesa.
Leia também
• Regime chinês assassinou cerca de 1,5 milhão para extração de órgãos, aponta relatório
“Agências ambientais em vários níveis atribuem pouca importância às ervas chinesas”, disse Yang. “Eles são incapazes de proteger o meio ambiente por falta de poder administrativo e financiamento.”
Yang acredita que, dadas as semelhanças de clima entre a China e os Estados Unidos, tanto a real eficácia da medicina chinesa bem como a confiança em sua eficácia elevariam consideravelmente se as ervas fossem simplesmente cultivadas em fazendas nos Estados Unidos.
Ele concluiu: “A combinação de métodos tradicionais chineses com o ambiente natural da América para o cultivo de ervas seria uma ótima maneira de salvaguardar o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa.”