Às vésperas do 19º Congresso Nacional, o Partido Comunista Chinês (PCC) está pronto para silenciar qualquer possibilidade de dissidência, com os peticionários tendo recentemente recebido atenção extra. Realizado a cada cinco anos, o Congresso irá desvendar a próxima rodada de liderança no partido.
Nas últimas semanas, o regime prendeu ativistas pró-democracia, contratou censores on-line para reportar usuários que publiquem conteúdo considerado inapropriado e restringiu viagens para o Tibete.
Os peticionários, cidadãos que têm queixas que desejam trazer para as autoridades centrais, disseram ao Epoch Times que, nos últimos dias, homens à paisana passaram a vigiar as ruas.
A peticionária Liu Huizhen, do distrito de Fangshan, Pequim, disse: “Muitos peticionários em Pequim estão sendo seguidos. Muito poucos peticionários de fora da cidade ficaram, já que todos foram forçados pelas autoridades a voltar para suas casas”.
Liu está submetendo uma petição porque sua casa foi alvo de arbitrariamente demolida pelas autoridades locais.
Ela descreveu cerca de 30 agentes vestidos à paisana usando cachecóis vermelhos (um elemento típico do uniforme do PCC) e vagando pelas ruas perto de sua casa. “À meia-noite do dia 1º de outubro, levantei-me da cama para ver o que estava acontecendo. Havia dois desses caras fora da minha casa com lanternas tentando olhar para dentro. Eu estava aterrorizada.”
Outra peticionária informou ao Epoch Times na semana passada que, ao tentar enviar uma carta de queixa pelo site do Escritório Estatal do PCC para Cartas e Demandas — um departamento de Estado para ouvir queixas do público — o sistema on-line retornou continuamente uma mensagem de erro. Ela não conseguiu enviar a carta, mesmo quando tentou por computadores diferentes.
Na semana passada, um vídeo que se disseminou amplamente na internet chinesa mostrou um grupo de peticionários que pulava de um ônibus. Um peticionário da Mongólia Interior que estava no ônibus, Ma Bo, disse ao Epoch Times que o grupo foi preso pela polícia em 4 de outubro e foi levado a uma prisão negra em Jiujingzhuang, Pequim, conhecido como um centro de detenção para peticionários.
Alguns peticionários foram presos logo que passaram seus cartões de identidade na estação de metrô ou na estação de ônibus, disse Ma.
Havia mais de uma dúzia de peticionários no ônibus. Quando um deles passou as pernas pela janela e saltou do ônibus para evitar a prisão, o resto do grupo o seguiu. Os dois policiais no fundo assistiram a todos escapando do veículo.
As autoridades locais também estão recompensando, com 1.000 yuan (cerca de R$ 475), os que entregarem os peticionários à polícia.
Ma disse que no dia seguinte à prisão registrada no vídeo, todos os peticionários (que vieram de diferentes partes do país) foram enviados de volta às suas cidades à força. Ma foi posto em prisão domiciliar num hotel em Pequim.
A Radio Free Asia também informou que um grupo de ativistas de direitos humanos da província de Guizhou foi forçado pela polícia local a sair da cidade e tirar férias. Nos últimos anos, esta tem sido uma tática comum de as autoridades desencorajarem os dissidentes a protestar. O fenômeno é tão comum que até existe um termo para isso: “estar de férias”.
Colaboloraram: Li Xi e Gu Xiaohua