Perseguição ao Falun Gong continua na China

20/10/2017 13:10 Atualizado: 24/10/2017 10:54

Yang Guanren, presidente regional de uma grande empresa com sede em Pequim, estava em uma viagem de negócios. Em 15 de março de 2017, enquanto ia de táxi de Guangzhou para Shenzhen, Yang conversou com o motorista sobre a atual perseguição contra a prática espiritual do Falun Dafa na China.

Falun Dafa, também conhecido como Falun Gong, é uma disciplina espiritual da Escola Buda que inclui a prática de meditação e consiste em viver de acordo com os princípios da verdade, benevolência e tolerância. Os benefícios que proporciona para a saúde física e mental levaram a uma grande popularidade, tanto que, de acordo com uma pesquisa do governo, em 1999 havia 70 milhões de adeptos na China. Os praticantes dizem que seus números atingiram mais de 100 milhões.

O regime chinês viu a presença de Falun Dafa como uma ameaça ao seu governo autoritário e iniciou uma campanha para erradicar a prática em julho de 1999. O Centro de Informação do Falun Dafa calcula que milhões de praticantes foram presos e detidos desde que se iniciou a perseguição e que muitos sofreram tortura e abuso na prisão. O regime também lançou campanhas de propaganda em massa em um esforço para colocar a opinião pública contra os praticantes.

Yang é a mais recente vítima da perseguição.

Depois de ouvir Yang, o motorista dirigiu-se à delegacia de polícia de Yuehai e o acusou de ser praticante do Falun Dafa. As autoridades prenderam Yang.

Yang Guanren (Minghui.org)
Yang Guanren (Minghui.org)

A família de Yang foi notificada pela polícia de que ele seria libertado em 30 dias mediante pagamento de fiança. Mas quando chegou o 30º dia, a família de Yang foi ao Centro de Detenção do Distrito de Nanshan, onde Yang estava detido, e o centro se recusou a liberá-lo ou permitir que ele visse sua família.

Quando a família foi pedir explicações na delegacia, os policiais se recusaram a recebê-los. Um oficial inclusive os ameaçou dizendo que seriam presos se fossem lá novamente.

A família contratou um advogado, mas ainda assim não conseguiu libertar Yang, mesmo ele tendo feito um requerimento junto ao escritório da Procuradoria (agência nacional de promotores), segundo informou o site Minghui.org, uma plataforma on-line de informações em primeira mão sobre a perseguição ao Falun Dafa na China.

A família de Yang também contou ao Minghui que as forças de segurança nacional foram até a cidade natal de Yang e saquearam a casa de seus pais, ambos idosos com mais de 80 anos de idade. A mãe de Yang estava tão angustiada que ficou acamada por vários dias, disse a família.

A perseguição continua afetando milhares de praticantes em toda a China. Entre janeiro e junho de 2017, pelo menos 3.659 praticantes do Falun Dafa foram levados e detidos pelas autoridades, enquanto 7.209 foram vítimas de ameaças, de acordo com as últimas estimativas do Minghui. Devido ao controle rigoroso da informação na China, esses cálculos podem ser muito menores do que os números reais.

As prisões e as ameaças ocorreram em todo o país, com relatos de mais de 30 províncias, regiões autônomas e municípios governamentais centralizados.

As prisões se concentraram em quatro províncias: Shandong, Liaoning, Hebei e Jilin têm o maior número de praticantes detidos.

O maior número de casos de praticantes que sofreram ameaças das autoridades ocorreu nas províncias de Shandong, Liaoning e Sichuan. Além disso, pelo menos 1.174 casas de praticantes foram saqueadas. O montante total de dinheiro e bens confiscados pelas autoridades chega a mais de 1,9 mihão de yuans (cerca de 288 mil dólares).

O Ministério da Segurança Pública, a Comissão Central de Assuntos Políticos e Jurídicos, o ilegal Escritório 610 (criado em 1999 como uma organização do tipo Gestapo para vigiar os praticantes do Falun Dafa) continuam sendo as principais autoridades responsáveis pela perseguição.

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