O Partido Comunista Chinês pode estar utilizando a rede social TikTok para fortalecer seu poder, segundo a agência de inteligência do Canadá informou em um documento antes sigiloso, recentemente divulgado ao público.
O documento de 2022, cedido para a Comissão de Interferência Estrangeira do Canadá, mostra que o Serviço Canadense de Inteligência de Segurança (CSIS) expressa preocupações sobre a coleta de dados de usuários ocidentais pelo aplicativo do TikTok e seu possível impacto na democracia.
“O TikTok, o primeiro aplicativo de mídia social da República Popular da China (RPC) centrado no [mercado do] Ocidente, tem o potencial de ser explorado pelo governo da RPC para fortalecer sua influência e poder no exterior, incluindo no Canadá”, afirmou o CSIS em um “Resumo Analítico“.
A versão com partes censuradas do documento antes ultrassecreto foi divulgada em 18 de setembro pela investigação que atualmente examina a interferência estrangeira no Canadá.
O Epoch Times entrou em contato com a representação do TikTok no Canadá para comentários, mas não obteve resposta imediata.
O CSIS observou que o TikTok é um dos “aplicativos de mídia social dominantes no mercado”, disponível em 150 países e 75 idiomas. A plataforma conta com mais de 1 bilhão de usuários ativos mensais, incluindo 8 milhões no Canadá.
Segurança de dados
O CSIS expressou preocupações sobre a coleta de dados do TikTok, especialmente porque sua empresa matriz, a ByteDance, deve cumprir leis chinesas que exigem que empresas forneçam acesso às agências de inteligência do país. O CSIS alertou que isso pode expor usuários e empresas canadenses à possível exploração de seus dados.
O TikTok coleta uma ampla gama de informações dos usuários, incluindo dados biométricos, detalhes de localização e informações de dispositivos. “O TikTok [trecho censurado] tem acesso a uma quantidade significativa de dados de usuários que contêm informações pessoais sensíveis”, escreveu o CSIS.
Embora a ByteDance afirme que as informações dos usuários são armazenadas em centros de dados nos Estados Unidos e em Cingapura, o CSIS apontou para documentos internos da empresa que indicam que os dados armazenados no exterior podem ainda ser acessíveis a partir de servidores na China.
Além disso, o CSIS citou a equipe de auditoria interna da ByteDance, dizendo que ela tinha “planos para acessar dados de localização por GPS de dispositivos de usuários específicos dos EUA — sem o conhecimento ou consentimento deles — para monitorá-los de perto para fins não verificados.”
Censura de conteúdo
O CSIS afirmou que o TikTok e a ByteDance estiveram envolvidos na censura de conteúdos relacionados a valores democráticos, citando pesquisas de fontes abertas.
Um exemplo disso foi durante as eleições de meio de mandato dos EUA em 2022, quando a ByteDance não removeu 90% dos anúncios com desinformação, enquanto outras plataformas de mídia social, como Facebook e YouTube, bloquearam a maioria deles com sucesso, segundo o CSIS.
Além disso, o algoritmo do TikTok direcionou, segundo relatos, usuários para conteúdos que apresentavam mercenários russos na Ucrânia, o que, de acordo com o CSIS, viola as diretrizes da plataforma, que proíbem conteúdos que “promovam, normalizem ou glorifiquem a violência extrema”.
Proibições internacionais
O CSIS observou que vários países impuseram restrições ou baniram completamente o TikTok devido a preocupações de segurança. Em junho de 2020, a Índia proibiu o TikTok junto com 300 outros aplicativos chineses, classificando-os como uma “ameaça à soberania e integridade” do país. Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Austrália implementaram restrições ao uso da plataforma, especialmente em dispositivos governamentais.
Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um projeto de lei exigindo que a ByteDance venda o TikTok dentro de um ano ou enfrente um banimento em lojas de aplicativos e serviços de hospedagem. Essa alienação visa proteger a segurança dos dados de americanos e os interesses nacionais, impedindo que o Partido Comunista Chinês acesse os dados dos usuários do TikTok nos EUA, segundo John Kirby, conselheiro de comunicações de segurança nacional da Casa Branca.
O Canadá proibiu o TikTok em dispositivos móveis do governo desde 28 de fevereiro de 2023. Após a proibição federal, províncias e territórios do país seguiram com restrições semelhantes em seus dispositivos governamentais.
Em meio a essas restrições, o TikTok está acelerando a transferência de seus funcionários da China para o Canadá e outras posições no exterior. Citando informações de fontes abertas, o CSIS observou que o TikTok abriu centenas de vagas de emprego no Canadá. A agência também expressou preocupações sobre uma subsidiária do TikTok que abriu um escritório no bairro de Liberty Village, em Toronto, no final de 2020.
