Pequim está afundando em média 11 centímetros por ano

30/06/2016 11:07 Atualizado: 30/06/2016 11:07

Moradores de Pequim têm de lidar com grave poluição atmosférica, rios tóxicos, sumidouros e montes de lixo, e agora, uma cidade que está afundando.

A cidade, que tem uma população metropolitana de cerca de 20 milhões de pessoas, está afundando a uma taxa de 11,4 centímetros por ano, em algumas partes, segundo resultados de satélite publicados na edição de junho da publicação Remote Sensing.

“Pequim é uma das cidades com maior escassez de água no mundo. Devido à superexploração das águas subterrâneas, a região de Pequim tem sido vítima da subsidência de terras desde 1935”, escreveram os autores do estudo, liderado por pesquisadores de Pequim.

A cidade exauriu a maioria de sua água subterrânea, o que é a causa do afundamento, segundo o estudo.

“Localizada no extremo norte da planície norte da China, Pequim é classificada como a quinta cidade com maior escassez de água no mundo”, disse o relatório. “A água subterrânea é a principal fonte de água para fins industriais e para atividades agrícolas e uso doméstico. Com seu rápido crescimento urbano, tem havido uma crescente demanda de água em Pequim.”

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Os pesquisadores usaram dados de imagens de satélite e GPS para compilar suas conclusões. Eles analisaram tendências topográficas entre 2003 e 2010, e concluíram que a cidade está baixando de nível.

O estudo disse que os distritos centrais de Pequim estão afundando mais rapidamente. Os autores do estudo advertem que mais subsidência, ou o afundamento gradual de uma área de terra, representará uma ameaça de segurança para a capital, que terá “um grande impacto nas operações do metrô”.

Os distritos de Chaoyang, Changping, Shunyi e Tongzhou são as áreas mais severamente impactadas. Chaoyang, o lar de elevados hotéis e edifícios de escritórios no distrito central de negócios em Pequim, foi identificado como a área mais severamente impactada pelos problemas de subsidência do solo, segundo o estudo.

A maior parte do abastecimento de água de Pequim vem de águas subterrâneas, e à medida que estas são extraídas de forma mais agressiva, o solo subterrâneo seca, fazendo com que a cidade afunde, disseram os pesquisadores.

O relatório acrescenta que a subsidência de terras é “um risco geológico grave que estão ameaçando a segurança da infraestrutura pública e urbana”.

E Pequim não é a única cidade que tem problemas de subsidência. A mídia estatal Diário da China informou em 2012 que 50 cidades chinesas estão afundando, provocando danos estruturais em edifícios, oleodutos, pontes e sistemas de drenagem urbana. O relatório observou que Xi’an, a antiga capital chinesa, localizada na província de Shaanxi, no noroeste da China, afundou mais de 20 centímetros desde 1959.

Em toda a China, uma área de cerca de 79 mil quilômetros quadrados também afundou mais de 20 centímetros, disse Zhang Zuozhen, o vice-presidente do Instituto de Monitoramento Geológico-Ambiental da China, na matéria do Diário da China.

Além disso, a China não pode recorrer à maioria de seus rios para obter água. O Ministério de Recursos Hídricos do país disse que cerca de 55% dos 50 mil rios da China que existiam na década de 1990 desapareceram, segundo um relatório de 2014 publicado pelo The Ecologist.