Parlamento de Viena condena a extração forçada de órgãos na China

21/04/2017 06:30 Atualizado: 21/04/2017 12:21

A cidade de Viena tornou-se a primeira capital europeia a agir sobre uma resolução do Parlamento Europeu que censura o regime chinês pelos seus crimes da extração forçada de órgãos.

O Parlamento Provincial de Viena “condena a extração forçada de órgãos, sistemática e sancionada pelo Estado, de prisioneiros na República Popular da China”, diz a resolução, que foi aprovada por unanimidade em 7 de abril.

O regime chinês realizou a extração forçada de órgãos “sem consentimento e afeta um grande número de adeptos do Falun Gong e membros de minorias religiosas, étnicas e politicamente perseguidas”, continuou a resolução.

A resolução também pediu ao governo federal austríaco que tome medidas para que “o mau uso dos transplantes de órgãos na China [seja] discutido publicamente e condenado”; que uma comissão internacional seja criada para investigar a atividade da extração forçada de órgãos conduzida pelo regime chinês; e para que a comunidade internacional exija a libertação imediata de prisioneiros políticos não violentos.

O Parlamento Europeu emitiu uma resolução semelhante em 11 de dezembro de 2013.

“As decisões do Parlamento Europeu sobre a doação de órgãos e o comércio orgânico são amplamente desconhecidas não só entre a população, mas também nos círculos políticos”, disse Faika El-Nagashi, porta-voz de direitos humanos do Partido Verde de Viena, ao Epoch Times. “É por isso que dissemos: Por favor, ajam.”

El-Nagashi disse que a resolução, que foi introduzida pelo Partido Verde, pelo Partido Popular Austríaco e pelo Partido Socialdemocrata da Áustria, demorou meio ano para ser preparada e foi intencionalmente redigida de forma que todas as partes pudessem aderir.

Ela acrescentou que a resolução de Viena poderia inspirar o governo federal austríaco, que está prestes a realizar novas eleições, a condenar os crimes de órgão do regime chinês.

“Se você se mantiver firme no momento certo, você pode dar um passo adiante”, disse El-Nagashi. “Acredito que fizemos isso em Viena, demos um importante passo adiante.”

As alegações de que o Partido Comunista Chinês estava extraindo os órgãos de praticantes do Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa que tem sido alvo de uma brutal campanha de perseguição desde 1999, surgiram em 2006.

David Kilgour, ex-parlamentar canadense, e David Matas, um advogado canadense de direitos humanos, verificaram que as alegações eram coerentes após realizarem uma investigação independente. Sua conclusão tem sido continuamente ignorada pelo regime chinês.

Kilgour e Matas publicaram suas descobertas num relatório de 2006, intitulado “Colheita sangrenta: a matança do Falun Gong por seus órgãos”. Em 2014, o jornalista americano Ethan Gutmann publicou suas próprias descobertas no livro “O Massacre: assassinatos em massa, extração de órgãos e a solução secreta da China para seus problemas com dissidentes”.

Em 2016, Kilgour, Matas e Gutmann publicaram uma atualização bastante ampliada de seus trabalhos sobre a extração forçada de órgãos na China. Este último relatório estima que o regime chinês realizou entre 60 e 100 mil transplantes de órgãos por ano entre 2000 e 2015 e que os prisioneiros de consciência foram as principais vítimas – principalmente os praticantes do Falun Gong, mas também uigures, tibetanos e cristãos domésticos – da extração forçada de órgãos para abastecer a lucrativa indústria de transplante na China.

Documentários sobre a extração forçada de órgãos têm sido reconhecidos por seu papel esclarecedor e ganhado vários prêmios. Mais notavelmente, o filme de 2014 “Colheita Humana: o comércio ilegal de órgãos na China” recebeu um Peabody, o prêmio mais prestigiado entre os meios de transmissão e a mídia eletrônica.

Anastasia Lin, a canadense atual “Miss Mundo”, teve como tema principal de sua campanha de concurso de beleza a questão dos direitos humanos e da exposição da extração forçada de órgãos na China.

Nos últimos anos, o Congresso dos Estados Unidos, o Parlamento Europeu, o Comitê das Nações Unidas contra a Tortura, a Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional e outros organismos internacionais condenaram o regime chinês pela extração forçada de órgãos.