Opinião global começa a virar contra Pequim em meio à pandemia

28/04/2020 08:57 Atualizado: 29/04/2020 09:46

Por Bowen Xiao

A opinião global começou a virar contra Pequim, à medida que um número cada vez maior de líderes e autoridades têm desafiado ou buscado a responsabilidade e a transparência do Partido Comunista Chinês (PCC) ao lidar com a pandemia.

Especialistas disseram ao Epoch Times que uma luta internacional está se formando e que ela só continuará a crescer à medida que os países começarem a repensar seriamente sua relação com Pequim. Eles disseram que os líderes estão se tornando mais cautelosos com o Estado comunista por causa de como ele reagiu ao surto, que se originou em Wuhan.

A Austrália – em um esforço bipartidário – pediu recentemente uma revisão independente de como Pequim tratou o vírus do PCC, amplamente conhecido como o novo coronavírus. A ministra das Relações Exteriores, Marise Payne, disse que a investigação exigiria “cooperação internacional” e “deve se tornar realidade”. Após os comentários de Payne, o embaixador chinês Cheng Jingye ameaçou a Austrália com um “golpe econômico” se eles não recuassem. Payne depois respondeu criticando e rejeitando a ameaça do embaixador.

Na Grã-Bretanha, políticos como o membro conservador do Parlamento e o presidente do Comitê de Relações Exteriores, Tom Tugendhat, pediram diretamente à China que explicasse o encobrimento do vírus e a dificultação da resposta global ao espalhar mentiras, além de questionar se permitir a tecnologia 5G da Huawei no Reino Unido foi a decisão certa.

As autoridades de Downing Street dizem que Pequim enfrentará “acerto de contas”, como relatou o The Mail, enquanto a comunidade de inteligência britânica – MI6 e MI5 – também acredita que o país precisa reavaliar seu relacionamento com a China.

A chanceler alemã Angela Merkel pediu à China que seja “mais transparente” sobre a origem do vírus, argumentando que isso beneficiaria a resposta global.

O presidente francês Emmanuel Macron disse que seria “ingênuo” dizer que a China lidou melhor com a pandemia do que as democracias ocidentais e que não existe essa comparação.

Em uma carta de 22 de abril, o Ministério do Interior alemão disse que diplomatas chineses procuraram as autoridades do país para tentar convencê-los a fazer declarações positivas sobre a resposta de Pequim à pandemia. O ministério observou que “o governo federal não atendeu a essas solicitações”.

Desde então, Downing Street removeu a China de seus gráficos de comparação de vírus, que incluem dados de vários outros países, devido a preocupações de que as estatísticas do regime sejam imprecisas.

Inúmeros processos foram instaurados nos Estados Unidos, desde advogados-gerais a escritórios de advocacia e cidadãos americanos, que têm tentado buscar justiça pela má resposta da China, o que, segundo eles, levou à disseminação mundial de pandemia.

Carole Lieberman, especialista em testemunhas forenses e analista jurídica, disse que países do mundo todo estão acordando com a ideia de que o PCC pode não ter intenções benignas e que, para alguns, é uma “verdade desconfortável, porque eles querem manter seus acordos comerciais e outros benefícios”.

Os países são geralmente considerados imunes a ações judiciais, a menos que sejam incluídos na exceção de que suas ações sejam semelhantes às do terrorismo, disse Lieberman ao Epoch Times. Algumas das investigações estão procurando as origens do vírus do PCC e se ele deveria ser uma arma biológica ou se ele se originou diante das condições imprudentes dos laboratórios da China, que segundo observações, subiram a esse nível.

“Embora a China possa não ter que pagar os bilhões que buscam os processos, sua reputação sofreu um golpe irreparável”, disse Lieberman. “O mundo inteiro suspeitará de algo relacionado com a China em um futuro imediato”.

Documentos internos do governo obtidos pelo Epoch Times destacaram como o regime chinês falhou em relatar casos do vírus do PCC e censurou as discussões sobre o surto, alimentando a propagação da doença.

“Durante anos, as pessoas têm deixado passar coisas como comidas tóxicas para animais de estimação e produtos para bebês, substâncias cancerígenas, produtos de má qualidade etc.”, continuou Lieberman.

“Mas o coronavírus será a gota d´água”.

Funcionários de uma avalanche de países se queixaram publicamente após terem recebido suprimentos médicos de baixa qualidade que haviam comprado da China para combater a pandemia. Em meio a essa lista estão a Espanha, a República Tcheca, a Turquia, a Holanda, o Canadá e  a Irlanda, entre outros. Em um caso, testes rápidos para o vírus do PCC da China falharam em detectar com precisão o vírus em 70% a 80% dos casos.

Uma pesquisa realizada em abril ((pdf) pela empresa McLaughlin & Associates descobriu que 75% dos americanos acreditavam que os Estados Unidos deveriam acabar com sua dependência da China com relação às importações de medicamentos.

Casey Fleming, presidente e CEO da estratégia de segurança e empresa de inteligência BlackOps Partners, disse que os países do mundo livre começarão a se unir para responsabilizar o PCC “não apenas pela resposta falsa, mas também pelas perdas monetárias e perdas de capital”.

“Temos que esperar a China tentar controlar a narrativa, mudar a culpa e usar coerção no processo”, disse ele ao Epoch Times.

O Epoch Times documentou histórias de alguns cidadãos chineses – incluindo médicos que denunciaram o surto, jornalistas cidadãos, acadêmicos e empresários – que foram silenciados pelo regime por expor a verdade.

Em uma das medidas mais fortes em resposta à China, o Japão está reservando US$ 2 bilhões em dinheiro para ajudar as empresas a retirar sua produção do país comunista, que ocupa a 177ª posição entre 180 lugares no ranking mundial de liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras 2019.

Acordando

É “inquestionável” que cada vez mais pessoas estejam acordando para a realidade do que o PCC é, de acordo com Frank Gaffney, vice-presidente da Comissão do Presente Perigo: China.

“O país que sofreu nas mãos deste Partido Comunista Chinês vai pensar muito sobre ele, especialmente quando as evidências mostram que, se não foi uma arma que eles soltaram, certamente tem servindo como uma”, disse ele ao Epoch Times.

Gaffney, que foi secretário assistente de defesa da política internacional de segurança durante o governo Reagan, disse que, embora seja difícil responsabilizar um país estrangeiro como a China por suas ações”, pelo menos faremos algumas coisas que os prejudicarão pelo que fizeram”.

“Acho que o que você verá certamente será uma dissociação em termos de cadeias de suprimentos, que já está começando”, disse ele. “Acho que as empresas que planejam fazer muitos negócios com os chineses irão recosiderar o assunto”.

Enquanto isso, uma nova política na Índia exige que o investimento direto estrangeiro exija aprovação do governo, o que poderia deteriorar ainda mais as relações entre a China e a Índia.

Mas não são apenas os políticos e líderes que estão se manifestando contra o PCC, os cidadãos estão começando a expressar muito do mesmo sentimento.

Enquanto os americanos lutam para combater uma crise que nunca havia ocorrido antes em suas vidas, uma pesquisa realizada em 21 de abril pelo Pew Research Center descobriu que 66% dos americanos agora têm uma visão negativa da China – a maior porcentagem registrada desde que o centro começou a fazer pesquisas em 2005. Essas opiniões foram igualmente defendidas por democratas e republicanos.

Em uma pesquisa do YouGov no Reino Unido, realizada em 17 de abril, a maioria, 50%, votou que não “confiava absolutamente” no número de mortes pelo vírus do PCC relatadas pelo governo chinês. A segunda opção mais alta, com 32% dos votos, era que “eles não confiam totalmente neles”.

O encobrimento do PCC, que exponencialmente exacerbou a pandemia em relação ao resto do mundo, marca o despertar dos cidadãos de todo o mundo para “entender completamente o verdadeiro mal do comunismo chinês”, segundo Fleming.

O crescente sentimento anti-PCC pode causar uma grande mudança nas empresas americanas e ocidentais para se desassociar da China comunista e espalhar o risco de sua cadeia de suprimentos em todo o mundo, acrescentou Fleming, observando que a política de segurança nacional dos Estados Unidos está mudando, como visto na nova estratégia de contra-inteligência nacional.

“A COVID-19 forçou o mundo a ficar em casa com a perda de liberdade e renda e muito tempo livre para ver a pandemia, como o PCC reagiu e as mortes que causou”, disse Fleming.

“É natural que cidadãos e governos de todo o mundo desejem responsabilizar o ofensor. Ao fazer isso, eles removerão a capa do verdadeiro mal da China comunista”, acrescentou.

Veja também:

O Método do PCC