OMS: Número de casos de Covid-19 saltam de 100 mil para 300 mil em 15 dias

23/03/2020 17:24 Atualizado: 23/03/2020 17:24

Por EFE

Genebra, 23 mar – A expansão do novo coronavírus está acelerando e o número de pessoas contaminadas no mundo cresce a uma taxa quase exponencial, com 100 mil casos diagnosticados nos primeiros 67 dias da pandemia, passando para 300 mil somente nos últimos 15 dias.

“Foram necessários 67 dias desde o primeiro caso para alcançar os 100 mil primeiros, 11 dias para os próximos 100 mil casos e apenas quatro dias para haver outros 10 mil casos”, disse nesta segunda-feira o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Os casos confirmados de coronavírus no mundo são mais de 332 mil e os mortos ultrapassam 14,5 mil, de acordo com os últimos dados fornecidos pelas autoridades de saúde em todo o mundo à OMS.

“Você pode ver como o vírus está acelerando, mas não somos prisioneiros ou espectadores indefesos. Podemos mudar a trajetória dessa pandemia”, disse Tedros, durante entrevista coletiva virtual.

Centenas de milhões de pessoas em todo o mundo estão confinadas em suas casas ou têm liberdade de movimento restrita para forçar a implementação de uma das recomendações essenciais da OMS, que é que as pessoas se afastem umas das outras para evitar a transmissão deste vírus altamente contagioso.

“A quarentena e distância social são essenciais para retardar a transmissão do vírus e economizar tempo, mas fazem parte de uma série de medidas defensivas que devem ser complementadas por estratégias agressivas”, disse o funcionário da OMS.

Eles consistem em submeter um teste de diagnóstico a todos os casos suspeitos de coronavírus, isolar todos os casos confirmados e identificar e colocar em quarentena todos aqueles que tiveram contato com eles.

PREOCUPAÇÃO COM PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Tedros disse que a OMS recebeu informações alarmantes sobre o contágio de inúmeros profissionais de saúde dedicados ao tratamento de pacientes com a Covid-19, mas não identificou os países onde essa situação é mais grave, nem o número total de médicos, enfermeiros ou pessoal auxiliar afetados.

“Os profissionais da saúde só podem fazer um trabalho eficaz se o fizerem com segurança. Mesmo que façamos tudo da maneira certa, se não dermos prioridade a eles, muitas pessoas morrerão pois não haverá ninguém para salvar suas vidas”, salientou Tedros.

O acesso a equipamentos de proteção para os profissionais da saúde tornou-se uma batalha internacional, já que o número de pacientes com sintomas graves e que necessitam de hospitalização aumentou acentuadamente, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

OMS RECONHECE FALTA DE MATERIAL

Tedros Adhanom reconheceu que há uma escassez global de tal material e que, para isso, é necessário trabalhar em cada fase da cadeia de suprimentos, desde a matéria-prima até o produto final.

Em países como Itália, Espanha, França e Suíça (o segundo país da Europa mais afetado por um milhão de habitantes), que veem um aumento drástico no número de casos diariamente, há cada vez mais vozes pedindo medidas mais drásticas de confinamento e a interrupção total da atividade econômica para impedir o deslocamento de trabalhadores.

Nesse sentido, e ao apelo de alguns setores da Itália para também fechar supermercados por causa da possível transmissão do vírus que poderia estar ocorrendo ali, o diretor-executivo da OMS para emergências sanitárias, Mike Ryan, disse nesses locais estão adotando medidas indicadas, como a distância obrigatória entre as pessoas e acesso por um número limitado de cada vez.

Ele argumentou que decisões desse tipo dependem exclusivamente das autoridades nacionais, mas lembrou o problema que seria gerado para garantir o suprimento de necessidades básicas às famílias.

Enquanto isso, a chefe da unidade de doenças emergentes da OMS, María Van Kerkhove, disse que as informações indicando que as pessoas contaminadas com o coronavírus, mas que estão no estágio inicial e não apresentam sintomas mais conhecidos (tosse seca, febre e dificuldade respiratória, principalmente), mas que perderam o olfato e o paladar, ainda precisam ser verificadas.

Uma dúzia de países está investigando essa pista, reunindo informações abrangentes sobre pacientes confirmados e seus contatos.