O primeiro-ministro japonês Ishiba se reúne com o primeiro-ministro chinês em sua estreia diplomática

Por Sean Tseng e Jon Sun
12/10/2024 13:40 Atualizado: 12/10/2024 13:40
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

O novo primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, reuniu-se com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, à margem da cúpula dos países do sudeste asiático em Laos, em 10 de outubro, onde Ishiba fez sua estreia diplomática.

Os dois líderes confirmaram seu compromisso de promover laços mutuamente benéficos para estabilizar as relações bilaterais em meio às tensões contínuas, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Japão (MOFA, na sigla em inglês).

Com relação a Taiwan, que Pequim afirma ser parte de seu território, Ishiba declarou que está monitorando de perto a situação entre os dois lados do Estreito e disse que a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são importantes.

Os dois países registraram um aumento das tensões nos últimos meses após incursões de aeronaves militares chinesas no espaço aéreo japonês e o esfaqueamento fatal de um estudante japonês em Shenzhen.

A reunião foi vista como uma chance para Ishiba mostrar suas habilidades diplomáticas antes de formar um novo governo. Ele dissolveu a Câmara dos Deputados do Japão em 9 de outubro para uma eleição antecipada em 27 de outubro. O Partido Liberal Democrático (LDP, na sigla em inglês), no poder, do qual Ishiba foi eleito em 1º de outubro como líder e, portanto, primeiro-ministro, provavelmente precisará manter a maioria na Câmara com o apoio de outros partidos políticos.

O tratamento das relações diplomáticas com a China atraiu uma atenção significativa da comunidade empresarial japonesa.

Em agosto, a Câmara de Comércio Japonesa na China informou que 60% das empresas japonesas achavam que o ambiente de negócios havia piorado, marcando o terceiro declínio consecutivo. Muitas citaram perspectivas econômicas incertas, concorrência acirrada e lucratividade reduzida como motivos para reduzir ou retirar investimentos.

Tetsuro Homma, presidente da Câmara, pediu ao governo chinês para melhorar o ambiente operacional para essas empresas.

A Câmara, em nome de seus membros, também solicitou o restabelecimento da isenção de visto para os cidadãos japoneses e a garantia de sua segurança. Ela também destacou que as leis anti-espionagem da China têm impedido a expansão dos negócios.

Em 21 de agosto, um funcionário da Astellas Pharma foi indiciado por suspeita de espionagem. Ele estava detido desde março de 2023, depois de ter sido preso quando se dirigia ao aeroporto para retornar ao Japão. Os detalhes sobre o suposto crime, o julgamento ou o tratamento do funcionário permanecem desconhecidos, criando um efeito inibidor nas empresas japonesas que operam na China.

Em 4 de outubro, a Federação Empresarial do Japão publicou suas recomendações de políticas sobre prioridades internacionais, incluindo a manutenção de uma ordem econômica internacional baseada em regras, a garantia de um comércio justo e o fortalecimento da colaboração com o Sul Global — um grupo de mais de 70 países em desenvolvimento localizados principalmente no hemisfério sul — para promover um melhor ambiente de negócios nessas regiões.

Desde que o Japão e a China normalizaram suas relações em 1972, as empresas japonesas investiram pesadamente na China, criando laços profundos de comércio, produção e cadeia de suprimentos. A China é o maior parceiro comercial do Japão, com US$300,7 bilhões em comércio em 2023, embora tenha havido uma queda de 3,8% em relação ao ano anterior, de acordo com o MOFA. O Japão é o segundo maior parceiro comercial da China, depois dos Estados Unidos.

Em 2023, o investimento direto do Japão na China caiu para US$3,8 bilhões, 64,1% a menos do que em 2022, tornando o Japão o 14º maior investidor na China, de acordo com o MOFA.

Muitas empresas japonesas se retiraram da China, transferindo a produção de volta para o Japão ou para outros países do sudeste asiático, como o Vietnã. De acordo com o Teikoku Databank, o número de empresas japonesas na China caiu 9,4%, de um pico de 14.394 em 2012 para cerca de 13.034 atualmente.

As empresas que permanecem na China estão mais concentradas em gerenciar os riscos políticos e econômicos do que na aquisição de talentos ou nos desafios culturais, de acordo com um relatório do Teikoku Databank divulgado em agosto.

Em 4 de outubro, representantes das principais organizações empresariais do Japão, incluindo a Federação Empresarial do Japão (Keidanren) e a Câmara de Comércio do Japão, reuniram-se com Ishiba para compartilhar recomendações de políticas econômicas. Eles pediram que o governo aumentasse os salários e trabalhasse com o setor privado para expandir o investimento doméstico.

Durante uma reunião separada à margem da cúpula de 10 de outubro, Ishiba se reuniu com o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol.

De acordo com o escritório de Yoon, Ishiba observou que as relações entre os dois países haviam melhorado muito durante o governo de seu antecessor, Fumio Kishida, e de Yoon, e expressou o desejo de aprimorá-las ainda mais.

“Espero que promovamos o desenvolvimento das relações entre a Coreia e o Japão por meio de uma comunicação ativa e próxima”, disse Yoon.

O Japão, a Coreia do Sul e a China são importantes parceiros comerciais dos países do Sudeste Asiático, mas não são membros do bloco da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).