O mais recente oficial de segurança pública demitido na China tem um crime mais sombrio do que corrupção

07/03/2018 12:27 Atualizado: 07/03/2018 13:58

Por  Annie Wu, Epoch Times

A campanha anticorrupção do líder chinês Xi Jinping tem varrido o aparelho de segurança do país desde que o czar da segurança Zhou Yongkang foi investigado e despojado de seu posto em 2012.

O mais recente oficial de segurança afastado é Ni Xingyu, ex-vice-presidente da Academia de Polícia da Província de Jiangsu.

Em 2 de março, a agência anticorrupção do Partido Comunista Chinês, a Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCID), anunciou em seu site que Ni foi expulso do Partido e será transferido para as autoridades judiciais para ser processado.

Ni foi acusado de suborno e envolvimento em relações sexuais inapropriadas, de acordo com a CCID.

Com 59 anos, ele é um veterano da força policial, nomeada de segurança pública na China. Ele trabalhou no departamento de segurança pública da cidade de Yangzhou (na província de Jiangsu) por muito tempo. De 1993 a 2003, ele atuou como chefe de departamento.

De 2003 a 2007, foi diretor da Agência 610 local: uma organização extralegal do Partido que foi criada com o propósito único de realizar a perseguição ao grupo espiritual Falun Gong, uma prática de meditação baseada em ensinamentos morais budistas e taoistas. Acreditando ser a popularidade do Falun Gong uma ameaça para a autoridade do Partido – eram 100 milhões de adeptos na China em 1999, de acordo com meios de comunicação de mídias ocidentais que citam números fornecidos por funcionários chineses – o ex-líder do Partido, Jiang Zemin, lançou uma campanha nacional para erradicar a prática.

Os praticantes do Falun Gong fazem exercícios em pé. Imagem anterior à perseguição, que começou em 1999. (Cortesia de Minghui.org)

Adeptos da prática foram presos, detidos, sentenciados a campos de trabalhos forçados e a centros de lavagem cerebral onde o emprego da tortura psicológica é sistematicamente utilizado na tentativa de forçá-los a desistir de sua fé.

Além de mobilizar o aparelho de segurança existente, Jiang também ordenou a criação da Agência 610, encarregada de perseguir o Falun Gong de maneira capilar, até o nível local.

Ni liderou a Agência 610 em Yangzhou, local de nascimento de Jiang. Lá, Ni trabalhou em estreita colaboração com Ji Jiangye, pessoa do círculo de confiança de Jiang e que serviu como secretário do partido e prefeito de 2001 a 2009. Em 2015, Ji foi condenado a 15 anos de prisão por suborno.

Em 2010 e 2012, a Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG – sigla em inglês) identificou publicamente Ni como um perpetrador de crimes contra os direitos humanos durante seu mandato em Yangzhou e, mais tarde, em Huai’an, uma cidade vizinha, onde ele foi o chefe de segurança pública e vice-prefeito. A organização sem fins lucrativos WOIPFG registra os casos de praticantes de Falun Gong perseguidos e aqueles que são os responsáveis pelos abusos e maus tratos.

Ao servir em Huai’an de 2007 a 2014, Ni dirigiu as forças de segurança pública da cidade para sequestrar praticantes. Mais tarde, os praticantes perseguidos foram submetidos à lavagem cerebral, condenados à prisão ou sentenciados a campos de trabalhos forçados. [Todas essas condenações e prisões se dão à revelia da lei, pois a Constituição Chinesa garante a liberdade de crença].

O Minghui.org, site especializado em acompanhar e publicar notícias sobre a perseguição ao Falun Gong na China, documentou o caso de Du Mingliang, uma praticante do Falun Gong residente em Huai’an.

De 2005 a 2009, Du foi levada para a prisão e ao centro local de lavagem cerebral. Ela sofreu várias formas de tortura, como prisão em solitária, privação de sono por longos períodos de tempo, monitoramento ininterrupto e detenção forçada em um hospital psiquiátrico.

Em 2011, ela foi novamente detida. Du foi sequestrada enquanto estava na rua e levada ao Centro de Detenção de Huai’an, onde foi aprisionada por um mês. Sua casa também foi saqueada e objetos de valor foram confiscados.

As forças de segurança pública tentaram enviá-la para um campo local de trabalhos forçados, mas a instalação se recusou a aceitá-la, segundo reportagem de Minghui.org.

Em dezembro de 2017, Ni foi investigado pelo CCID. No ano anterior, ele foi afastado de seu posto na academia de polícia. A notícia mais recente é a confirmação de que ele será punido pelo partido.

Zhuang Zhengming colaborou para esta reportagem.