Um relatório e um livro recém-publicados sobre a economia chinesa revelaram a gravidade do problema da dívida da China.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou em 6 de dezembro sua avaliação quinquenal (ou a cada cinco anos) sobre a estabilidade financeira em todo o mundo. O relatório sobre a China detalhou a gravidade de sua dívida, que – compartilhada entre os governos central e locais, corporações e indivíduos – soma 2,55 vezes o PIB (Produto Interno Bruto) do país. Este é um aumento significativo em relação ao relatório anterior, que registrou a dívida chinesa em 1,8 vezes o seu PIB.
O Banco Mundial ainda não lançou seus números do PIB para 2017, mas He Wewen, vice-diretor do Centro para a China e a Globalização (CCG), um grupo de reflexão (think thank) com sede em Pequim, estimou que o PIB da China em 2017 poderia chegar a cerca de 82 trilhões de yuanes (cerca de US$ 12,3 trilhões), de acordo com uma reportagem do jornal estatal porta-voz do regime chinês, o Diário do Povo, publicada em 28 de outubro. O PIB da China em 2016 foi de US$ 11,19 trilhões, de acordo com o Banco Mundial.
Usando a estimativa do PIB do CCG para a China, e a estimativa da relação dívida/PIB do FMI, a dívida nacional da China equivaleria a 209 trilhões de yuanes (cerca de US$ 31,6 trilhões).
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No relatório, o FMI apontou que a taxa de aumento da dívida foi significativa nos últimos seis anos. Além isso, ele advertiu contra a presença continuada de bancos paralelos não regulamentados, bem como os esforços do regime chinês para apoiar empresas-zumbi falidas, contribuindo para a crise do crédito.
O economista chinês Dr. Cheng Xiaonong, radicado nos Estados Unidos, que acaba de publicar um novo livro sobre a economia chinesa, disse numa entrevista à Voz da América que o regime chinês pagou um preço pesado para manter o aparato maciço que criou para monitorar e controlar a sociedade. Apenas manter as forças de segurança pública e o exército empregados é extremamente caro. Segundo a estimativa de Cheng, das 31 províncias e municípios diretamente administrados na China, 25 estão endividados, sobrevivendo apenas com os recursos provenientes do governo central. Somente Xangai, Pequim e as províncias de Guangdong, Zhejiang, Jiangsu e Fujian mantêm-se a tona por si mesmas, com um superávit total de três trilhões de yuanes (US$ 453 bilhões).
Cheng Xiaonong também observou que as duas últimas décadas do rápido crescimento da China foram impulsionadas por eventos únicos: o investimento estrangeiro após sua entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio) e seu boom imobiliário. Sem futuras fontes de crescimento explosivo, ele previu que a prosperidade econômica da China será de curta duração e entrará numa “condição normal”.