O presidente Donald Trump divulgou na semana passada um novo plano estratégico de segurança nacional no qual apresentou os argumentos para preparar o país para enfrentar as “potências revisionistas” da Rússia e da China que desafiam os Estados Unidos e seus aliados. A China e sua agressiva ascensão receberam atenção especial, um desafio que o documento descreve como uma luta entre “a visão livre (americana) e a repressiva (chinesa) da ordem mundial”.
Segundo a Lei Goldwater—Nichols de 1986, o presidente está legalmente obrigado a apresentar ao Congresso um relatório anual sobre a estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos. No entanto, nos últimos anos, esses relatórios foram apresentados tardiamente ou sequer preparados. A administração Obama produziu apenas dois documentos estratégicos (em 2010 e 2015, respectivamente) ao longo dos oito anos de seu mandato.
Com apenas 11 meses no cargo, a apresentação do primeiro plano estratégico pelo presidente norte-americano sinaliza que sua administração procura demonstrar maior compromisso com a segurança nacional. O plano estratégico é muitas vezes visto como uma indicação de como uma administração encara o papel dos Estados Unidos no mundo e também aponta para a direção futura da liderança diplomática e militar dos Estados Unidos.
Em contraste com os planos estratégicos da administração anterior de Obama, o presidente Trump concentra-se fortemente no avanço da posição dos Estados Unidos ao competir com aqueles que identifica como rivais estratégicos.
O documento apresenta três grupos principais de adversários que competem ativamente contra os Estados Unidos e seus aliados: as potências revisionistas da China e da Rússia, os Estados rebeldes do Irã e da Coreia do Norte e as organizações transnacionais de ameaças terroristas, em particular os grupos terroristas jihadistas.
“China e Rússia estão reafirmando sua influência em nível regional e global”, argumenta o documento. “Em resumo, estão questionando nossas vantagens geopolíticas e tentando mudar a ordem internacional a seu favor”.
No entanto, ficou claro que a China recebeu a maior parte da atenção quando o presidente Trump elaborou e apresentou oficialmente suas preocupações e prioridades de política externa, porque a China foi mencionada 23 vezes, e a Rússia 17.
O documento afirma que a antiga política norte-americana se baseava na crença de que “o apoio dos Estados Unidos à ascensão da China e sua integração à ordem internacional” libertaria aquele país. Contrariando as expectativas, o documento afirma que a China expandiu seu poder em detrimento da soberania de outros países e que busca ativamente remover os Estados Unidos da região Indo-Pacífico.
Em resposta aos desafios apresentados pela China, a estratégia de Trump exige uma “reafirmação” do compromisso com alianças e parcerias existentes, ao mesmo tempo em que se criam novos relacionamentos.
O plano estratégico promete que a visão de Trump para o Indo-Pacífico “não exclurá nenhuma nação”. Em particular, Taiwan ocupa um lugar proeminente no debate sobre “militares e segurança” na seção Indo-Pacífico, afirmando que os Estados Unidos “atenderão às legítimas necessidades de defesa de Taiwan e impedirão a coerção” de acordo com o Lei de Relações com Taiwan.
Em comparação, Taiwan só foi mencionado uma vez como uma simples nota de rodapé no plano estratégico de 2010 da administração Obama, e foi totalmente omitido no documento de 2015.
A estratégia de Trump também promete que os Estados Unidos “aumentarão a cooperação quadrilateral com o Japão, Austrália e Índia”. A aliança hipotética das quatro democracias — conhecida como Diálogo Quadrilateral de Segurança ou Quad — foi brevemente apresentada pelo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe em 2007, mas o conceito foi abandonado depois de protestos da China. O ressurgimento da ideia pode indicar a vontade do governo do presidente americano de formalizar oficialmente a aliança, apesar da esperada rejeição chinesa.
O novo plano estratégico de Trump está baseado em quatro princípios organizacionais principais: proteger a pátria americana, proteger a prosperidade americana, preservar a paz através da força e promover a influência americana.
Embora se concentre mais na China, o plano estratégico norte-americano também reitera muitos dos planos estabelecidos pelo presidente para enfrentar as ameaças da Coreia do Norte e de outros lugares, como por exemplo o sistema de defesa escalonado de mísseis e o fortalecimento da segurança das fronteiras para combater as ameaças de terrorismo.
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