Na perseguição à disciplina espiritual Falun Dafa na China, longe de serem protegidas por seu sexo, as mulheres são tratadas com muito mais brutalidade do que os homens.
Das mais de 4.000 mortes confirmadas de praticantes desta disciplina da Escola Buda — também conhecida como Falun Gong — mais da metade corresponde ao sexo feminino.
As mulheres são rotineiramente espancadas, eletrocutadas e submetidas a outros tipos de tortura física extrema da mesma forma que os homens, mas além disso tudo elas também são abusadas sexualmente nas prisões por grupos de homens ou pela própria polícia.
Contra este tipo de agressão, as mulheres não têm qualquer tipo de proteção, porque não existe uma lei no sistema penal da China para punir aqueles que atacam um “objeto de perseguição” do Partido Comunista.
Falun Dafa é uma crença baseada nos princípios universais da verdade, benevolência e tolerância que também inclui meditação e exercícios suaves. Os benefícios desta disciplina para a saúde física e mental levaram a uma grande popularidade, com mais de 70 milhões de praticantes na China em 1999 de acordo com uma pesquisa estatal, embora os praticantes afirmem que seu número atingiu mais de 100 milhões.
Mas a popularidade do Falun Dafa foi percebida como uma ameaça à ideologia autoritária do Partido Comunista Chinês, que então iniciou uma perseguição nacional contra os praticantes em julho de 1999. O Centro de Informação do Falun Dafa calcula que milhões de praticantes foram presos e detidos desde que a perseguição começou.
“Fui torturada e humilhada durante três anos”
Uma professora do noroeste da China — perseguida por sua crença no Falun Dafa — sofreu muitas formas de tortura e humilhação em um centro de detenção e uma prisão por três anos. Ela foi espancada e depois jogada em um monte de excrementos, entre outras formas de tortura perpetradas pelo Regime Comunista Chinês.
Apresentamos a história pessoal de Liu Yuqin, uma professora da província de Gansu, embora este seja apenas um dos muitos casos que ainda existem nos campos de trabalho chineses e nos centros de detenção.
Praticando Falun Dafa
“Comecei a praticar Falun Dafa em abril de 1998 com a esperança de curar minhas doenças. Eu tinha problemas cardíacos, hepatite B, neurastenia, insônia, enxaqueca e gastrite. Depois de apenas alguns meses de prática, todas as minhas doenças desapareceram.
Mal pude acreditar quando recebi o resultado do exame de hepatite do hospital. Cada um dos exames que fiz deu negativo. Depois de confirmar que eu era a única Liu Yuqin que tinha ido ao hospital naquele dia, chorei de alegria e gratidão.
No entanto, as coisas mudaram depois que o Partido Comunista Chinês começou a perseguir os praticantes do Falun Dafa. A polícia começou a visitar com frequência minha escola e minha casa para me ameaçar. Eles também confiscaram minhas fitas de música e livros do Falun Dafa.
Detenção
A polícia da cidade de Qingyang foi ao meu trabalho em 15 de maio de 2009. Eles me enganaram para que eu os acompanhasse. Esse foi o início de um pesadelo de três anos de tortura.
A polícia saqueou minha casa. Eles me amarraram a uma cadeira na delegacia e me interrogaram durante toda a noite.
No dia seguinte, me transferiram para o Centro de Detenção da Cidade de Huan. Eles algemaram minhas mãos atrás das minhas costas e me colocaram em um pequeno carro. Eu não conseguia respirar e comecei a chorar de dor. Um oficial me bateu e me chutou. “Vamos ver se você vai morrer”, disse ele. Outro oficial ficou com medo de que eu pudesse realmente morrer, então ele abriu as algemas e colocou minhas mãos à frente do corpo, me algemando novamente. Aí eu pude respirar de novo.
Centro de detenção
Fui colocada primeiro no Centro de Detenção da Cidade de Huan. Iniciei uma greve de fome de nove dias em protesto. Os guardas me torturaram e me xingaram. Fui então transferida para o Centro de Detenção da Cidade de Qingcheng em julho de 2009.
Os guardas mandaram que as outras prisioneiras, incluindo assassinas e drogadas, me torturassem. Elas frequentemente me espancavam e me xingavam. Algumas presas arranharam meu rosto e depois colocaram poeira nas minhas cicatrizes para torná-las permanentes. Em outra ocasião, ficavam me batendo no pátio. O sangue da minha boca e do meu nariz espirraram na parede. Eu contei para um guarda e mostrei-lhe a mancha de sangue. As prisioneiras negaram e disseram que era sangue de mosquito.
Então, os guardas mandaram as prisioneiras me espancarem. Elas agarraram meus cabelos para bater minha cabeça contra a parede. Um guarda também insinuou que eles me paralisariam depois que eu dormisse à noite. Então eles me tiraram da cama e me jogaram no chão, machucando minhas costas. Eu ainda sinto dor nessa parte do corpo e não consigo segurar objetos pesados nem me inclinar para lavar meus pés.
Uma prisioneira arrancou violentamente um prato de comida da minha mão, que caiu no chão. Limpei o chão e joguei a comida suja no lixo. Um guarda então mandou que as prisioneiras me obrigassem a comer a comida do lixo. As presas retiraram a comida do lixo junto com outras porcarias. Várias pessoas me seguraram pelos braços, me imobilizaram e então enfiaram a mistura na minha boca.
Perdi a consciência por causa das torturas e só acordei vários meses depois, em 25 de abril de 2010.
Prisão
As autoridades me condenaram a três anos de prisão por possuir materiais do Falun Dafa. Fui levada para a prisão feminina de Gansu em 18 de maio de 2010.
Os guardas nos obrigaram a escrever um “relatório de pensamento” para denunciar Falun Dafa. Não me deixaram ir ao banheiro ou dormir por três dias.
Uma vez abri uma janela enquanto a limpava. As detentas me culparam pelo congelamento de algumas flores e, como uma punição, me obrigaram a lavar os banheiros por uma semana.
Em outra ocasião, uma presa deixou cair um objeto dentro de uma fossa, então elas me obrigaram a me arrastar naquele lugar para pegá-lo. Elas empurraram minha cabeça e meu corpo para dentro da fossa e todo o meu corpo ficou coberto de fezes. Mesmo assim, eu não consegui encontrar o tal objeto, então elas jogaram lá dentro uma mulher mais baixa que eu.
A prisão tem uma seção especial para os praticantes do Falun Dafa, onde os outros prisioneiros são instruídos a torturar fisicamente os praticantes. Eles não deixam que os praticantes olhem para outras pessoas, conversem com os outros ou caminhem sozinhos. Se um praticante não cumpre suas ordens, eles o levam para um canto para ser maltratado até que o praticante cumpra a ordem.
Perdi muito peso devido à tortura. Minhas doenças, que desapareceram quando comecei a praticar Falun Dafa, retornaram. Sofri um ataque cardíaco. Meu pulso caiu para 42 batimentos por minuto. A prisão temia que eu morresse lá, então me libertaram em 20 de fevereiro de 2012.
Quando meus filhos me viram, quase não me reconheceram. Eu era pele e ossos. Eu passei de 68 Kg para 54 e tinha os cabelos totalmente brancos.”
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