O ativista da democracia e dos direitos humanos Shih Ming-te, líder do Partido Democrático Progressista (PDP), que ficou no poder em Taiwan entre 1993 e 1996, morreu nesta segunda-feira aos 83 anos, informou a agência de notícias estatal “CNA”.
Shih, que passou mais de 25 anos na prisão durante a segunda metade do século XX e era conhecido como “o Nelson Mandela taiwanês”, morreu em consequência de um câncer, segundo a mesma fonte.
A morte de Shih provocou uma série de reações nas redes sociais, incluindo a do presidente eleito e atual líder do PDP, Lai Ching-te, que exaltou o antigo líder do seu partido nas redes sociais.
“Ele não apenas testemunhou a história, mas também participou dela pessoalmente, mesmo enquanto estava na prisão, lutando pela liberdade e pelos direitos humanos de Taiwan ao longo de sua vida”, escreveu Lai em sua conta no Facebook.
Shih teve o seu primeiro contato com o regime autoritário do Kuomintang (KMT) em 1947, quando o seu pai foi preso nos protestos antigovernamentais conhecidos como o “incidente 228”.
Essa experiência, a posterior morte do seu pai e a repressão exercida pelo KMT marcaram fortemente sua identidade política, a ponto de se alistar no Exército com o propósito de liderar uma rebelião armada contra o então líder da ilha, o general Chiang Kai-shek.
Em 1962, Shih foi preso por envolvimento em um movimento de independência e condenado à prisão perpétua, mas foi libertado em 1977, dois anos após a morte de Chiang.
Não demorou muito para que o futuro líder do PDP regressasse à prisão: em 10 de dezembro de 1979, Shih e outros líderes da oposição foram presos por organizarem uma manifestação em Kaohsiung a favor da democracia em Taiwan. Ele foi condenado à prisão perpétua novamente, e dessa vez foi libertado da prisão em 1990.
Nessa altura, Taiwan estava no meio de uma transição para a democracia e Shih pôde participar politicamente sem restrições, servindo como legislador do PDP entre 1993 e 2002 e como líder do partido entre 1993 e 1996.
Contudo, Shih distanciou-se do PDP nos últimos anos da sua vida e até participou em alguns momentos de confronto com esta força política, especialmente em 2006, quando liderou uma campanha contra o então presidente Chen Shui-bian (2000-2008) para denunciar seus crimes de corrupção, algo posteriormente endossado nos tribunais.