Com foco no 19º Congresso Nacional e nos nomes escolhidos por Xi Jinping para ocupar as principais posições de liderança do Partido, um oficial chinês discretamente forneceu pistas sobre a magnitude da investigação anticorrupção de Xi no exército chinês nos cinco anos desde que chegou ao poder.
Em uma conferência de imprensa realizada no dia 19 de outubro, um dia depois da abertura do congresso, Yang Xiaodu, ministro da Supervisão da China, disse que foram investigados 440 funcionários de alto escalão do partido que ocupam cargo militar em nível municipal ou sob a supervisão direta das autoridades centrais, desde o 18º Congresso Nacional, quando Xi foi nomeado líder do Partido Comunista Chinês (PCC).
Apenas um dia antes, a agência estatal chinesa de notícias Xinhua informou que 280 funcionários do Partido sob supervisão das autoridades centrais foram investigados de 2012 até junho deste ano, o que significa que cerca de 160 oficiais militares foram investigados desde que Xi assumiu o poder.
Entre 2013 e junho de 2016, o número de funcionários disciplinados aumentou para 913 mil, segundo o órgão disciplinar do PCC, a Comissão Central de Inspeção Disciplinar.
Xi embarcou em uma campanha anticorrupção destinada a expurgar seus inimigos políticos, ou seja, funcionários leais ao ex-líder do Partido, Jiang Zemin. E para consolidar seu poder, o líder foi incansavelmente atrás dos inimigos no exército, dentre eles Guo Boxiong e Xu Caihou, ambos vice-presidentes da Comissão Militar Central (CMC) nomeados por Jiang, que continuaram a exercer grande influência política mesmo depois que o sucessor de Jiang, Hu Jintao, assumiu o poder. Guo foi condenado à prisão perpétua no ano passado, enquanto Xu morreu em 2015 enquanto estava sob investigação.
Guo e Xu seguiram as ordens de Jiang durante o terremoto de Sichuan em 2008, quando foi amplamente relatado que os socorristas militares se recusaram a acatar as ordens para ir imediatamente à zona do desastre, já que todas as ações militares precisavam da aprovação de Jiang, que permaneceu presidente do CMC, apesar de ter renunciado à posição de liderança do Partido.
Mais tarde, em 2011, um inesperado voo de teste de um avião militar de combate surpreendeu Hu Jintao enquanto ele se reunía com o então secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates. Fontes disseram ao South China Morning Post que Xi se inspirou para agitar os militares depois de ver como Hu estava tão isolado pelos protegidos de Jiang, Guo e Xu.
Em 18 de outubro, em seu discurso inaugural no 19º Congresso Nacional, Xi Jinping fez menção a mais expurgos nas forças armadas enquanto cumpre seu segundo mandato de cinco anos.
O Epoch Times informou anteriormente sobre rumores de que Xi planeja aumentar o número de vice-presidentes do PCC para possivelmente três ou quatro, de modo que o poder possa ser estendido entre vários funcionários.
Além de Guo e Xu, alguns oficiais militares do alto escalão bem conhecidos que foram expurgados incluem Tian Xiusi, ex-chefe político da força aérea do PCC; Wang Jianping, ex-vice-chefe de gabinete do CMC; e Wang Xibin, ex-presidente da Universidade de Defesa Nacional do Exército Popular de Libertação (EPL). Tian e Wang tinham conexões com a facção de Jiang: Tian era um “cúmplice subordinado” de Zhou Yongkang, ex-chefe de segurança em desgraça que era leal a Jiang, enquanto Wang tinha subornado a Guo e Xu para garantir seu cargo militar.
Liu Yuan, general aposentado e atual vice-diretor da Comissão de Assuntos Econômicos e Financeiros do Congresso Nacional do Povo, também confirmou que a reforma das forças armadas havia começado, insinuando um futuro expurgo militar, em entrevista à Rádio e Televisão de Hong Kong em 18 de outubro.
No entanto, Liu não respondeu quando perguntado se o número de vice-presidentes da CMC aumentaria.
Liu é considerado por muitos como leal a Xi Jinping e como alguém que está tomando a dianteira na campanha anticorrupção das forças armadas.
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