As forças armadas da China compartilham uma fraqueza semelhante à das forças armadas da Rússia, o que pode dificultar seus esforços para conquistar Taiwan caso o regime avance com uma invasão, de acordo com um novo relatório.
O relatório (pdf), publicado pela National Defense University Press no início deste mês, analisou as biografias de mais de 300 oficiais superiores das forças armadas da China antes e depois das amplas reformas militares do líder comunista chinês Xi Jinping, em 2015.
Notavelmente, descobriu que muitos dos oficiais militares de alto escalão do Partido Comunista Chinês (PCCh) não tinham experiência em serviço conjunto e, portanto, seriam menos capazes de trabalhar com seus colegas em outros serviços.
Oficiais do ramo militar do PCCh, o Exército de Libertação Popular (ELP), foram efetivamente isolados em seus serviços, com os da Marinha nunca trabalhando com forças terrestres ou aéreas e vice-versa.
“Os oficiais seniores do ELP tendem a permanecer não apenas em seus próprios serviços, mas também em suas áreas funcionais designadas”, afirmou o relatório. “Os comandantes operacionais, por exemplo, raramente têm experiência de ampliação de carreira em logística e vice-versa.”
“As operações futuras do ELP podem ser prejudicadas por oficiais com perspectivas estreitas.”
Ao comparar o alto escalão dos líderes do ELP em 2015 e 2021, o relatório descobriu que as reformas de Xi “não tiveram impacto na idade média, experiência ou educação dos líderes seniores”.
Esse fracasso ocorre mesmo que um objetivo central das reformas tenha sido o de desenvolver um serviço conjunto mais robusto, de acordo com o relatório.
“Uma pedra angular das reformas do ELP na era Xi foi o desenvolvimento de uma estrutura de comando conjunto na qual os comandantes do teatro de operações têm autoridade em tempo de paz sobre as forças terrestres, navais e aéreas”, afirmou o relatório.
“No entanto, esse progresso não se estende ao sistema de atribuição.”
Simplificando, os oficiais seniores do ELP não foram designados para comandos de serviço conjunto. Além disso, havia pouca solução para esse problema, pois o ELP não tinha uma regra para garantir que esse treinamento ocorresse.
Os Estados Unidos, em comparação, desde 1986 exigem que os oficiais superiores se qualifiquem para o serviço conjunto por meio de educação em escolas de Educação Militar Profissional Conjunta e por meio do serviço em missões de serviço conjunto.
Em vez de impor a interoperabilidade entre os serviços, no entanto, Xi se concentrou em impor a conformidade ideológica e a lealdade ao Partido.
“Todos os oficiais do ELP são membros do Partido Comunista Chinês e devem ter perspicácia política suficiente para demonstrar lealdade a Xi e sua agenda”, afirmou o relatório.
“Xi esteve pessoalmente envolvido em seleções por meio de sua posição como presidente da CMC [Comissão Militar Central] e aumentou seu controle por meio de investigações anticorrupção”.
Esse curso de ação teve o efeito de diminuir efetivamente o número de oficiais superiores com experiência conjunta entre 2015 e 2021.
No ano passado, segundo o relatório, apenas 56% dos oficiais seniores do ELP haviam realizado alguma atribuição conjunta na década anterior. Uma queda de 5% em relação a 2015.
Isso significava que os oficiais do ELP eram muito menos propensos do que seus colegas americanos a também desenvolver uma experiência em áreas relacionadas, como logística, segundo o relatório.
“A especialização contínua em carreiras específicas significa que [os oficiais] têm conhecimentos relativamente profundos em áreas específicas, mas provavelmente conhecimento limitado de outras habilidades funcionais”, afirmou o relatório, “por exemplo, comandantes operacionais tendem a não ter experiência em logística ou aquisição. ”
Ao todo, o relatório destacou que o envolvimento e o treinamento limitados dos oficiais superiores do ELP no trabalho de domínio conjunto podem ter efeitos negativos na prontidão militar.
A coesão do ELP pode ser muito baixa em uma situação de combate complexa, afirmou o relatório, e pode imitar as repetidas falhas de fraquezas semelhantes presentes nas forças armadas russas durante a invasão da Ucrânia.
“Para que os militares sejam operacionalmente eficazes, a modernização e a reforma devem ser complementadas por líderes qualificados”, afirmou o relatório. “Durante anos, o ELP reclamou que seus oficiais sofrem de habilidades de liderança medíocres.”
“A rigidez nas atribuições do ELP pode reduzir a eficácia da China em conflitos futuros – especialmente aqueles que exigem um alto nível de união e adaptabilidade, como a guerra que a Rússia lançou contra a Ucrânia em 2022 – se os líderes militares chineses não tiverem perspectivas além de seu próprio serviço, especialidade e departamento.”
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