Por Sunny Chao, Epoch Times
O Ministério da Agricultura da China anunciou em 8 de novembro que atualmente há 7,4 milhões de trabalhadores migrantes que estão deixando o trabalho nas metrópoles urbanas e voltando para suas cidades de origem.
Nos últimos anos, milhões de residentes rurais na China, muitos dos quais vindos de vilarejos agrícolas empobrecidos, deixaram suas cidades de origem para ir às grandes metrópoles do país em busca de empregos melhor remunerados a fim de sustentar suas famílias. A China tem aproximadamente 300 milhões de trabalhadores migrantes.
O Ministério declarou em seu anúncio que as pessoas que agora retornam incluem trabalhadores migrantes, estudantes universitários, militares aposentados, além de cientistas e técnicos. A média de idade é de 40 anos, sendo 40% das pessoas com ensino superior. O ministério disse que essas pessoas se tornarão “a principal força” que levará os camponeses a enriquecerem.
No entanto, é mais provável que sejam pessoas que perderam seus empregos e agora são forçadas a retornar aos seus locais de origem.
O desemprego é considerado um assunto tabu em Pequim e historicamente os números oficiais são menores do que a realidade. O índice oficial de desemprego na China é de cerca de 4%, mas esse número não considera os trabalhadores migrantes que são tratados quase como cidadãos de segunda classe por causa de sua origem rural. Eles geralmente não podem acessar os benefícios do Estado, como quando há desemprego.
A economia chinesa também está experimentando uma desaceleração no crescimento. Diversos indicadores econômicos já mostraram isso, como o investimento em imóveis que atingiu seu mínimo em 10 meses, o crescimento das vendas no varejo abaixo do esperado e a queda nos preços do mercado de ações.
Wang, trabalhador migrante originário da província de Jilin, no nordeste da China, disse à NTD — parte da equipe do Epoch Media Group, à qual o Epoch Times pertence — em uma entrevista realizada em 12 de novembro, que ele e seus colegas trabalharam para um construtor de imóveis em uma grande cidade durante vários anos, mas não receberam um salário condizente. Eles entraram com uma ação contra o construtor nos últimos três anos, mas não receberam nenhuma resposta, disse ele.
“Nós processamos esses construtores várias vezes por causa da dívida no pagamento de trabalhadores migrantes no governo local e também em Pequim. Mas os funcionários do regime comunista nos expulsaram usando cassetetes da polícia”, disse Wang.
Ele também explicou que, com tantas pessoas retornando aos seus vilarejos de origem no campo, as oportunidades de emprego serão ainda mais escassas em casa. Retornar para a cidade natal é simplesmente um eufemismo para o desemprego.
“Nós não temos dinheiro. Como poderemos começar um negócio em nossa cidade natal?”, disse ele. “Se pudéssemos começar um negócio e viver bem em casa, por que nos incomodaríamos em viajar para a cidade para encontrar um emprego?”
NetEase, um portal de notícias chinês, informou em 22 de outubro que, no primeiro semestre deste ano, foram fechadas 5,04 milhões de empresas e mais de 2 milhões de pessoas perderam seus empregos. O relatório também salientou que os presidentes de 453 empresas de capital aberto renunciaram ou foram demitidos no mesmo período. Este relatório foi destruído pelos censores chineses pouco depois.
Yang Zhanqing, membro de uma ONG chinesa, também disse à NTD que, como a maioria dos trabalhadores migrantes está acostumada com o estilo de vida urbano, será difícil para eles se adaptarem ao modo de vida no campo.