Mercado de ações despenca na China devido a ameaças de tarifas dos EUA

21/06/2018 16:56 Atualizado: 25/06/2018 15:51

Por Annie Wu, Epoch Times

Quando surgiram as notícias de que o presidente norte-americano Donald Trump estava ameaçando impor uma tarifa de 10% sobre um valor adicional de US$ 200 bilhões em mercadorias chinesas, isso fez com que a bolsa de valores chinesa despencasse.

Em 19 de junho, as ações de Xangai caíram quase 4%, o menor valor em dois anos.

As ações de Hong Kong também foram duramente atingidas. O Índice Hang Seng caiu quase 3%, o menor nível de fechamento em seis meses.

Depois que Trump anunciou pela primeira vez em 15 de junho que daria prosseguimento às tarifas sobre produtos chineses no valor de US$ 50 bilhões, a China retaliou impondo suas próprias tarifas sobre os produtos norte-americanos. Trump prometeu que imporia tarifas adicionais caso isso acontecesse, e agiu rapidamente de acordo com sua palavra ao propor a punição adicional a 200 bilhões de dólares em produtos chineses em 18 de junho.

O assessor de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, disse a repórteres durante um comunicado de imprensa em 19 de junho que Trump estava decidido a implementar tarifas sobre os US$ 200 bilhões, caso Pequim fosse em frente com suas tarifas retaliatórias.

“Se eles achavam que eles [a China] poderiam nos comprar barato com alguns produtos extras vendidos e que isso permitiria que eles continuassem roubando nossa propriedade intelectual e joias da coroa, isso foi um erro de cálculo”, disse Navarro, reiterando a posição de Trump de que as práticas da China de roubo de propriedade intelectual estão prejudicando a economia americana.

Investidores nervosos na China

O espectro de uma nova rodada de disputas comerciais deixou os investidores chineses nervosos. Eles despejaram ações por todo o lado, com mais de 1.000 ações caindo para o seu limite diário de 10% em 19 de junho.

A moeda chinesa, o yuan, também caiu em valor, para 6,4754 contra o dólar americano no comércio da tarde, o mais fraco desde janeiro.

Em outro sinal de nervosismo relacionado ao comércio, o banco central chinês injetou 200 bilhões de yuanes (US$ 31 bilhões) em fundos de médio prazo no sistema bancário em 19 de junho. Analistas disseram que a medida sugere que o regime chinês está preocupado com a liquidez e as potenciais ramificações econômicas de uma guerra comercial total.

Yi Gang, governador do Banco Popular da China, pediu aos investidores que permaneçam calmos. “Vamos usar uma combinação de ferramentas de política monetária para manter a liquidez num nível adequado e estável”, disse ele.

Uma cliente confere itens importados num mercado na cidade de Qingdao, província de Shandong, em 1º de junho de 2018 (AFP/Getty Images)
Cliente confere itens importados num mercado na cidade de Qingdao, província de Shandong, em 1º de junho de 2018 (AFP/Getty Images)

Também em 19 de junho, o banco central divulgou um recomendação políticapara  que os bancos reduzissem seus coeficientes de reserva, ou seja, a porcentagem de depósitos que os bancos devem ter em caixa como dinheiro, outro sinal da ansiedade sobre as decisões dos investidores.

Como a China já enfrenta uma queda acentuada no crescimento dos investimentos, aumento do endividamento e aumento dos padrões de inadimplência, um conflito comercial com os Estados Unidos poderia tornar “uma situação ruim ainda pior”, disse a firma de serviços financeiros Nomura em 19 de junho.

A avaliação mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a estabilidade financeira da China descobriu que a dívida total do país, incluindo do governo central e local, corporativa e doméstica, equivalia a 2,55 vezes o seu PIB (Produto Interno Bruto).

“Como investidor, não estou otimista com meus investimentos”, disse Gu Xiaoliang, investidor particular de 31 anos em Xangai, em entrevista à Reuters. “Neste momento, eu não tenho um julgamento claro, então vou apenas esperar e ver”.

Resposta oficial

O regime chinês foi rápido na resposta. O Ministério do Comércio do país prometeu que, se Trump prosseguisse com as tarifas de US$ 200 bilhões, Pequim reagirá com medidas “qualitativas” e “quantitativas”.

Um de seus jornais estatais, o Global Times, também publicou um editorial com fortes palavras em 19 de junho, criticando Trump. E previu que, se a China impuser tarifas equivalentes sobre US$ 200 bilhões em produtos norte-americanos, os Estados Unidos poderiam impor outro conjunto de tarifas sobre mais US$ 200 bilhões ou mais em produtos chineses. Em 19 de junho, a Casa Branca disse que planeja cumprir este cenário se a China retaliar ainda mais.

“Trump está evidentemente tentando assustar a China”, escreveu o jornal estatal, talvez ciente de que a China teria mais a perder numa disputa comercial prolongada. Os Estados Unidos são o maior cliente da China. Em 2017, eles compraram US$ 505,47 bilhões em produtos chineses, segundo dados dos Estados Unidos.

O jornal afirmou ainda que a decisão de Pequim de impor tarifas sobre os produtos americanos foi tomada porque os Estados Unidos violaram os regulamentos da Organização Mundial do Comércio (OMC), primeiro cobrando tarifas sobre as importações chinesas.

Os Estados Unidos e a União Europeia apresentaram queixas à OMC, alegando políticas discriminatórias da China que colocam as empresas estrangeiras em desvantagem. Em particular, ambos enfatizaram que as empresas americanas estavam sendo forçadas a transferir tecnologia proprietária para seus parceiros de joint venture na China.

Colaborou: Reuters