Mercado em alerta: dívida das estatais chinesas é de U$ 2,3 bilhões

01/04/2016 10:46 Atualizado: 01/04/2016 11:12

Na terça-feira passada (22), o Epoch Times em inglês comentou sobre a bolha das dívidas das empresas em rápido crescimento na China, e explicou porque seu tamanho cada vez maior pode ser um problema no futuro, que deixou até o presidente do Banco Central da China preocupado com isso.

O Société Générale, um dos maiores bancos da Europa, disse que os rendimentos para produtos mais arriscados de gestão de riqueza (WMP) têm aumentado, o que geralmente mostra que os investidores têm sido prudentes quanto aos riscos.

Logo no dia seguinte (23), tivemos a confirmação do por que eles têm sido avessos ao risco. De acordo com o jornal Caixin, a empresa estatal Guangxi Nonferrous Metals Group Co. não cumpriu com US$ 2,31 bilhões de seus débitos, incluindo dívidas a bancos, fornecedores, bem como credores privados.

(Société Générale)
(Société Générale)

O não cumprimento de obrigações é uma coisa relativamente nova na China, pois o governo oficialmente não permitia que isso ocorresse até 2014.

“Quando eu estava na China, no final dos anos 1990, as pessoas diziam que não havia risco de inadimplência, pois o governo fecharia suas portas”, disse Fraser Howie, autor de “Capitalismo Vermelho”.

Desde 2014, uma série de empresas chinesas, como a Kaisa Group Holdings Ltd., não pagaram algumas de suas dívidas; entretanto, falências e reestruturações permaneceram baixas, e os valores eram relativamente pequenos.

As empresas estatais têm recebido auxílio do governo por décadas e ainda precisam passar pelo processo de pedir falência. O Banco de Desenvolvimento da China emprestou muito dinheiro, que provavelmente nunca retornará.

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Solução da dívida

Questões como estas explicam por que o regime chinês está lutando para encontrar uma solução para o excesso crônico de capacidade das estatais conhecidas como “empresas zumbis”.

De acordo com documentos apresentados ao Parlamento Chinês, quatro setores em especial declínio (aço, carvão, cimento, e não ferrosos) devem oficialmente US$ 1,56 trilhão, que provavelmente não poderão ser reembolsados.

Para piorar, o conceito de inadimplência é novo na China, e eles não têm experiência com processos de falência.

“À medida que a redução de capacidade se torna necessária, em breve, os empréstimos improdutivos para empresas estatais, que foram implicitamente garantidos pelo governo e são muito maiores do que os empréstimos ao setor privado, começarão a aparecer, finalmente”, escreveu o Société Générale em uma nota.

É por isso que a China ostentou recentemente várias ideias para lidar com empréstimos duvidosos e tirá-los dos livros de política dos bancos. Um deles é a securitização, muito conhecida nos Estados Unidos por seu abuso durante a era das hipotecas do subprime. De acordo com a Bloomberg, a China vai permitir que os bancos emitam US$ 7,7 bilhões em títulos de “asset-backed”, que são na verdade apenas respaldados por empréstimos inadimplentes e, portanto, não têm de fato respaldo algum.

(Société Générale)
(Société Générale)

De qualquer forma, este é apenas um julgamento, já que a quantidade é muito pequena, apenas três vezes o tamanho da inadimplência da Guangxi Nonferrous.

Outra estratégia é a conversão da dívida em capital próprio, cuja a imprensa tem escrito sobre mas as autoridades ainda não confirmaram. Este programa seria apenas converter a dívida inadimplente em participações de capital, que não resolveria o problema, mas, pelo menos, liberaria os balanços dos bancos novamente.

Durante a última reestruturação que ocorreu próximo à virada do milênio, a dívida bancária de 580 SEOs foi convertida em capital que depois foi vendido para empresas de gestão de ativos. As empresas não receberam um dividendo sobre estas participações, e deveriam comprá-las de volta depois de 10 anos, que no final das contas não aconteceu.

“Então eles prolongaram as dívidas bancárias por 15 anos, e elas ainda estão lá, acredite ou não”, disse Fraser Howie.

Quanto ao novo plano, o Société Générale não acha que isso vai funcionar. “Haveria também um problema de preços para equalizar a troca dos empréstimos improdutivos. Além disso, a troca só se tornaria um bom negócio para os bancos se a empresa subjacente pudesse mudar de posição, eventualmente; caso contrário, os bancos poderiam sofrer mais, dado ao baixo patamar de participações em comparação com os empréstimos bancários”.