Quando a estadunidense Lourdes Figueiredo abriu a embalagem de um pequeno conjunto de cupcake comprado numa loja há alguns meses, um pedaço de papel desprendeu-se com as palavras em inglês: “Made in china prison. I want freedom.” (“Produzido numa prisão chinesa. Quero liberdade.”)
“Eu fiquei chocada”, disse Figueiredo, uma nova-iorquina de 26 anos. “Inicialmente, eu pensei que pudesse ser uma brincadeira, mas depois que eu publiquei no Facebook, recebi vários comentários dizendo que não foi a primeira vez que algo assim aconteceu.”
Em 2013, Julie Keith, de Damascus, Oregon, encontrou numa caixa de decoração de Halloween uma carta de uma página inteira de Sun Yi, um prisioneiro de consciência no Campo de Trabalhos Forçados de Masanjia, no nordeste da China. Sun Yi, que foi preso por praticar o Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa severamente perseguida na China, incluiu detalhes sobre as torturas enfrentadas por prisioneiros de Masanjia e um apelo que a carta fosse reenviada a organizações de direitos humanos.
O ex-líder chinês Jiang Zemin ordenou a perseguição ao Falun Gong em 1999, uma repressão que persiste até hoje. Os praticantes do Falun Gong compõem a maioria dos prisioneiros de consciência na China e continuam sendo o grupo de fé mais severamente abusado no país.
Figueiredo disse que é “terrível” se a nota que ela encontrou na caixa de cupcake veio de um praticante do Falun Gong ou de outro prisioneiro de consciência.
“É loucura que eles não possam ter suas crenças” na China, disse ela. “Eu me sinto muito mal por quem quer que esteja passando por isso.”
Quando perguntada sobre o que ela diria à pessoa que escreveu a nota se elas se encontrassem – Sun Yi e Julie Keith tiveram seu primeiro encontro recentemente – Figueiredo disse, “eu provavelmente choraria”.
“Eu sou uma pessoa muito emocional”, disse ela. “Sinto muito pesar por eles.”