Mais de 800 praticantes do Falun Gong são sentenciados injustamente em 2017 na China por sua fé

18/12/2017 21:03 Atualizado: 28/12/2017 02:40

O sistema judicial da China é opaco e arbitrário, mas especialmente quando se trata de casos de praticantes do Falun Gong que são presos e acusados ​​simplesmente por sua fé.

Em outubro, Liu Xiyong, um praticante do Falun Gong de 76 anos, foi convocado para comparecer no Tribunal Distrital de Jinzhou, na província de Liaoning, para a sessão de abertura de seu julgamento. O tribunal havia dito à filha de Liu que uma sentença não seria decidida imediatamente. A sessão terminou naquele dia sem um veredito.

Mas em 10 de novembro, Liu Xiyong foi chamado ao tribunal novamente. Desta vez, o tribunal entregou-lhe uma notificação com sua sentença: três anos de prisão. O documento estava datado de 19 de setembro (antes mesmo da abertura de seu julgamento), mas Liu não sabia qualquer coisa a respeito até ver a nota em suas mãos.

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Mais de 800 praticantes do Falun Gong, como Liu Xiyong, foram condenados à prisão este ano, de acordo com estatísticas divulgadas recentemente pelo Minghui.org, um website baseado nos EUA que investiga a perseguição ao Falun Gong na China, embora esses sejam considerados números conservadores, devido à dificuldade de se obter informações da China.

O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma disciplina espiritual tradicional que foi introduzida ao público na China em 1992. A disciplina consiste em exercícios meditativos lentos e suaves e em ensinamentos morais baseados nos princípios da verdade, compaixão e tolerância.

Julgando que a popularidade do Falun Gong – uma pesquisa estatal em 1999 estimou que houvesse mais de 70 milhões de adeptos, embora os praticantes do Falun Gong afirmem que o número real seria de 100 milhões – era uma ameaça à ideologia ateísta do Partido Comunista, o ex-líder chinês Jiang Zemin lançou uma perseguição nacional. Milhões foram enviados a prisões, centros de lavagem cerebral e campos de trabalhos forçados, com o objetivo de forçá-los a abandonar a sua fé, de acordo com estimativas do Centro de Informação do Falun Dafa.

China, Falun Gong, perseguição - Praticantes do Falun Gong se reúnem numa manifestação diante do hotel Waldorf Astoria, onde o líder chinês Xi Jinping se hospedou durante sua visita à Nova York, em 26 de setembro de 2015 (Benjamin Chasteen/The Epoch Times)
Praticantes do Falun Gong se reúnem numa manifestação diante do hotel Waldorf Astoria, onde o líder chinês Xi Jinping se hospedou durante sua visita à Nova York, em 26 de setembro de 2015 (Benjamin Chasteen/The Epoch Times)

Este ano, 3.659 foram capturados pela polícia, enquanto 7.209 sofreram assédio das autoridades locais, de acordo com o Minghui.org. A Agência 610 e seus ramos, um órgão de inteligência do Partido Comunista Chinês similar à Gestapo nazista e criado com o único propósito de gerenciar a perseguição contra o Falun Gong, frequentemente trabalha em segredo com as filiais do “Zhengfa wei”, ou o Comitê Central dos Assuntos Político-Legislativos (CCAPL), para acusar e processar criminalmente os praticantes do Falun Gong com uma definição legal vagamente definida. Sob a liderança de Zhou Yongkang, o CCAPL ganhou um poder desmedido para deter, prender e condenar os praticantes do Falun Gong.

As províncias de Liaoning, Shandong, Hebei, Heilongjiang e Jilin tiveram o maior número de sentenças.

Detenções ilegais, sentenças severas

Há muitos casos de injustiça relacionados. Como exemplo, Yang Hong, um residente de Tianjin, e sua esposa Jiang Yahui foram abduzidos de sua casa em março de 2015 por quase duas dúzias de oficiais das forças de segurança locais, de acordo com o Minghui.org. Eles foram presos ilegalmente e sem julgamento no Centro de Detenção do Distrito de Nankai em Tianjin por dois anos e meio. Em agosto deste ano, sua família recebeu uma notificação que ambos foram condenados a seis anos de prisão, sem um tribunal sequer determinar o veredito ou a razão da punição. Em janeiro de 2016, o Tribunal Distrital de Nankai abriu uma sessão judicial para Yang e Jiang, mas nenhuma sentença foi emitida na ocasião.

China, Falun Gong, perseguição - Yang Hong e Jiang Yahui (Cortesia do Minghui.org)
Yang Hong e Jiang Yahui (Cortesia do Minghui.org)

Sentenças sem aviso prévio

Esse tipo de condenação secreta também ocorreu com Si Deli, um professor de artes e praticante do Falun Gong da província de Henan. As autoridades locais o prenderam em março de 2016 porque ele apresentou uma queixa legal ao mais alto órgão judicial do Partido Comunista Chinês, a Suprema Procuradoria Popular, contra o ex-líder chinês Jiang Zemin por seus crimes cometidos na perseguição ao Falun Gong.

Em junho de 2016, Si Deli foi condenado a três anos e meio de prisão, de acordo com o Minghui.org. Si Deli apelou sua sentença a uma instância superior.

Em agosto de 2017, sem uma sessão judicial e sem notificar o advogado ou a família de Si Deli, o Tribunal Intermediário da cidade de Xinyang emitiu uma nota dizendo que a sentença original de Si Deli continuava valendo.

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De acordo com as próprias regras da Procuradoria, Si Deli é inocente, pois em abril de 2017, o órgão judicial publicou um aviso em seu website afirmando que os cidadãos podiam apresentar denúncias contra funcionários de nível nacional do Partido Comunista Chinês.

O advogado de Si Deli informou ao Minghui.org que sua sentença foi arranjada sob os auspícios dos ramos locais da Agência 610 e do CCAPL.

Si Deli esteve preso anteriormente por 12 anos por praticar o Falun Gong, quando foi frequentemente espancado e torturado com bastões elétricos.

Contribuiu: Gao Jing