Por EFE
A China reiterou nesta quarta-feira a sua firme oposição ao esperado relatório da ONU sobre a situação dos uigures, que deverá ser divulgado hoje, e advertiu que o documento pode prejudicar a cooperação do país com a organização.
Segundo fontes do seu gabinete, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, planeja divulgar o documento nas próximas horas, no seu último dia de mandato e após reconhecer que tem estado sob forte pressão para não publicá-lo.
“Deixamos muito claro à alta comissária e a outros funcionários que nos opomos fortemente a este relatório. Todos sabemos que a chamada questão de Xinjiang é uma mentira completamente fabricada com motivos políticos e visa minar a estabilidade da China e obstruir o seu desenvolvimento”, disse o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, aos repórteres.
Segundo o diplomata, Bachelet “deve permanecer independente, evitar interferir nos assuntos internos da China e não se resignar à política de poder de vários países ocidentais”.
Além disso, o embaixador chinês advertiu que o relatório pode minar as relações entre ONU e Pequim.
O relatório se concentra na situação dos direitos humanos dos uigures, uma minoria na província noroeste de Xinjiang que o governo chinês reprimiu durante décadas por considerar o local um reduto do extremismo islâmico, ao ponto de, em 2018, ter sido descoberto que tinham sido criados campos de detenção gigantescos para “reeducá-los”.
Bachelet confirmou na semana passada que recebeu uma carta assinada por cerca de 40 países pedindo para que não publicasse o relatório que o seu gabinete tem preparado há anos sobre a situação, cuja elaboração foi atrasada quando o governo chinês concordou com a visita da alta comissário ao país em maio.
Segundo Bachelet, esta visita era uma prioridade por ser uma oportunidade única para ver em primeira mão o que estava acontecendo no país e ter contato direto com parentes de uigures que estavam ou estão nestes campos.
Por outro lado, a política chilena tem sido fortemente criticada por organizações de direitos humanos por não ter publicado um relatório há muito esperado, atraso que atribuem à pressão chinesa.
Bachelet, cujo mandato termina nesta quarta-feira, prometeu divulgar o documento antes de deixar o cargo.
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