As ligações entre a maior empresa de telecomunicações da China e o regime dos talibãs

Huawei fez um acordo com o Talibã para construir um extenso sistema de comunicações militares em todo o Afeganistão

16/01/2019 22:06 Atualizado: 16/01/2019 22:06

Por Nicole Hao

Há relatos de que a Huawei vendeu sistemas de telecomunicações ao Talibã, uma organização terrorista que abraçou a guerra do líder militante Osama bin Laden contra os Estados Unidos.

O apoio da Huawei ao Talibã remonta ao ano 2000 ou mesmo antes. O talibã ajudou Bin Laden e seu grupo terrorista Al-Qaeda a atacar os Estados Unidos.

A Reuters informou em 8 de janeiro que a Huawei usou duas empresas para fazer negócios com o Irã e a Síria, ignorando as proibições relacionadas às sanções impostas aos dois países, como a Skycom Tech, com sede em Hong Kong e a Canicula Holdings Skycom Tech, registrada na Maurícia sob a sombra de uma empresa-fantasma chamada Canicula Holdings.

Embora a Huawei não tenha nenhum relacionamento com essas duas empresas na superfície, a Reuters descobriu pistas de que o gerente da filial da Skycom no Irã poderia ser Shi Yaohong, que por acaso é o nome de um executivo da Huawei. Shi foi nomeado presidente da Huawei na região do Oriente Médio em junho de 2012.

Além disso, a maioria dos signatários das contas bancárias da Skycom no Irã é de etnia chinesa e, pelo menos, três deles têm direitos de assinatura para as contas bancárias da Skycom e da Huawei.

A Huawei não apenas fez negócios com países sancionados pelos Estados Unidos, mas também vendeu sistemas de telecomunicações para o Talibã.

Regime chinês ligado à guerra de Osama contra os EUA

Population Research Institute informou em setembro de 2001 que o regime e os fornecedores chineses tiveram um papel fundamental na guerra de Osama bin Laden contra a América.

Desde o início da década de 1990, o regime do Talibã ajudou entusiasticamente a Al Qaeda contra os Estados Unidos, incluindo o atentado de 1993 ao World Trade Center, o bombardeio na Arábia Saudita em 1995 que matou cinco soldados americanos, os atentados a embaixadas dos Estados Unidos em 1998 na África Oriental e  ataque ao USS Cole, em 2000, na costa do Iêmen que matou 17 militares americanos.

O Talibã também manteve um relacionamento próximo com as autoridades de Pequim nas últimas décadas. Em dezembro de 2000, o Conselho de Segurança da ONU votou por colocar um embargo à venda de armas ao Talibã, que forçou o grupo terrorista a fechar os campos de treinamento terrorista de Bin Laden no Afeganistão. Pequim se absteve de votar.

Meses depois, a Huawei fez um acordo com o Talibã para construir um extenso sistema de comunicações militares em todo o Afeganistão.

O regime chinês apoiou o Talibã tanto em armas quanto em técnicas, disse o relatório. A Huawei fez uma contribuição importante para a construção dos sistemas de telecomunicações para os talibãs.

Agências de inteligência examinam as ofertas da Huawei

As agências de inteligência da Índia colocaram a Huawei em uma lista de vigilância por supostos negócios com o Talibã, segundo a mídia indiana em dezembro de 2001. Antes dos ataques terroristas de 11 de setembro, a Huawei Índia era suspeita de apoiar o terrorismo. Os Parques de Tecnologia de Software da Índia também investigaram as atividades da Huawei Índia e questionaram Jack Lu, então diretor de operações da Huawei no país.

Além disso, o Comitê de Segurança da Índia (CCS) planejou deportar 178 engenheiros chineses que trabalham para o centro de pesquisa e desenvolvimento da Huawei em Bangalore, porque a CCS descobriu que a Huawei estaria fornecendo equipamentos de vigilância de comunicação para o Talibã no Afeganistão, Paquistão e Iraque.

O regime chinês recusa a alegação e disse que o relatório é enganoso, enquanto o governo indiano não comentou.

Talibã ligado ao toque de recolher dos telefones celulares no Afeganistão

Acredita-se que o Talibã esteja controlando o sistema de comunicação móvel do Afeganistão, de acordo com o The New York Times em outubro de 2011.

A conexão entre a região e o resto do mundo depende de telefones celulares porque não há outro sistema de comunicação disponível, relatou o NY Times.

Desde que o Talibã montou o sistema de comunicação móvel, exerceu sua autoridade desligando o sistema às 20 horas todas as noites e voltando a ligar todas as manhãs. Esse toque de recolher dos telefones celulares ocorre em mais da metade das províncias do Afeganistão.

Em muitas regiões do Afeganistão, o celular é a única maneira de se conectar com o resto do mundo (Wakil Kohsar / AFP / Getty Images)

As transações de suprimento continuam apesar das sanções

É de comum conhecimento de que o Talibã está na lista de sanções da ONU desde 1999. Nenhuma empresa de comunicação foi autorizada a vender sistemas de comunicação para eles.

A Huawei supostamente forneceu o sistema de telecomunicações nas últimas décadas.

A mídia estatal da China, Guancha, informou em 26 de outubro de 2014 que um cliente ameaçou queimar a estação base se a Huawei não pudesse consertar a conexão com a internet dentro de uma semana.

O cliente era do Talibã e o código da estação base era “LGR004”, diz o relatório. O terrorista reclamou porque a “internet é muito lenta ou não funciona”.

O Talibã é famoso por suas atividades terroristas em todo o mundo e pelo apoio de várias outras organizações terroristas.