Líder chinês enfraquece Liga da Juventude Comunista e facção rival

29/11/2017 23:54 Atualizado: 29/11/2017 23:54

A Liga da Juventude Comunista, um braço fundamental do Partido Comunista Chinês (PCC), que muitos consideram uma das vias de ascensão no regime e de associação com outros funcionários comunistas, recentemente viu suas bases políticas se enfraquecerem ainda mais.

A organização é voltada para jovens entre 14 e 28 anos poderem aprender (ou serem doutrinados) sobre a ideologia do Partido.

Em 20 de novembro, o líder chinês Xi Jinping anunciou numa reunião de reforma do Partido que a Universidade de Estudos Políticos da Juventude Chinesa, uma escola fundada em 1948 e coadministrada pela Liga da Juventude e pelo Ministério da Educação da China, abandonaria seu sistema educacional, revisaria seus métodos de ensino e aprimoraria sua formação política, de acordo com uma reportagem da Xinhua, o jornal oficial do regime.

O anúncio foi desde então interpretado pela mídia chinesa como significando que a Liga da Juventude teve sua influência política reduzida ainda mais. O último anúncio de reforma emergiu após uma severa crítica de Xi Jinping sobre a organização, delineada em seu novo livro, publicado em setembro, “Extratos da discussão sobre os trabalhos da Liga da Juventude por Xi Jinping”.

No livro, Xi Jinping chamou a Liga da Juventude de “uma casca vazia” e uma organização que grita “slogans vazios”. O líder chinês inclusive alertou os membros da Liga: “Não pensem em obter promoção o tempo todo e não fantasiem sobre se tornarem os sucessores [da liderança do Partido]”, de acordo com uma reportagem da DW News, uma mídia chinesa pró-Xi Jinping no estrangeiro.

O revés da Liga da Juventude foi ainda mais exacerbado quando a Xinhua anunciou que a China CYTS Tours, uma empresa de turismo estabelecida no âmbito do Grupo de Viagens da Juventude Chinesa (GVJC), que é 100% de propriedade da Liga da Juventude e considerada uma de suas principais fontes de dinheiro, foi suspensa na pendência de uma nova notificação sobre sua mudança de propriedade.

A mídia chinesa especulou que o GVJC perderia seu controle sobre a China CYTS Tours quando as notícias emergiram que a negociação das ações da empresa foi suspensa em 20 de novembro. De acordo com a Xinhua, o GVJC atualmente possui apenas 17,17% das ações da China CYTS Tours.

O duplo golpe na Liga da Juventude não foi uma surpresa total. Em agosto de 2016, Xi Jinping anunciou medidas para reformar a Liga da Juventude. Em suma, já parecia que uma reestruturação mais ampla do Partido estava a caminho.

A Liga da Juventude produziu uma série de líderes bem conhecidos no regime, daí observadores políticos referirem-se à existência da chamada “tuanpai“, ou Facção da Liga da Juventude, dentro do Partido. Os ex-altos funcionários Hu Yaobang, Zhao Ziyang, Hu Jintao e o atual primeiro-ministro Li Keqiang foram todos ex-membros da Liga. A maioria deles está associada à facção tuanpai.

Mas, de acordo com Li Datong, ex-editor do Diário da Juventude Chinesa, o jornal oficial da Liga da Juventude, a tuanpai não é mais do que um “zumbi político“. Como resultado, uma reorganização bem-sucedida da Liga da Juventude poderia capacitar Xi Jinping a realizar uma revisão do Partido e assim enfrentar menos resistência de facções políticas rivais.

Havia sinais de que os quadros do Partido vinculados à Liga da Juventude não seriam favoráveis ​​à nova seleção da liderança sob Xi Jinping, introduzida em outubro após o 19º Congresso Nacional. Qin Yizhi, o ex-primeiro secretário da Liga da Juventude, foi rebaixado para o cargo de vice-diretor da Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena. Yang Yue, o antigo secretariado da Liga da Juventude de 2001 a 2005, e atual vice-governador da província de Jiangsu, não foi nomeado para o 19º Comitê Central do Partido Comunista, um corpo de mais de 200 funcionários que compõe a elite do Partido, embora ele tenha sido um membro suplente do 18º Comitê Central.