Por Daniel Cameron, Epoch Times
Em 9 de janeiro de 2018, depois de caminhar 4,5 km no frio, um aluno da terceira série entrou na sala de aula com os cabelos brancos como a neve. Sua desconcertada professora tirou uma foto e postou na internet. Ela não esperava que isso provocaria um debate acalorado sobre a extrema pobreza na China, seguido por uma intervenção dos propagandistas do regime chinês astutamente trivializando a questão com a clássica retórica comunista, que efetivamente conseguiu dissipar a discussão.
Wang Fuman, um garoto de oito anos de idade, vive em uma casa simples de adobe com sua avó e sua irmã mais velha no condado de Ludian, na província de Yunnan. Sua mãe “desapareceu” um dia e seu pai é um trabalhador migrante que não mora em sua casa. Para ir à escola, o pequeno Wang caminha mais de uma hora, o que não é agradável no inverno, especialmente quando ele não tem roupas quentes. Na manhã de terça-feira, quando a foto foi tirada, a temperatura estava em torno de -9 graus Celsius.
A imagem viralizada de Wang com os cabelos e sobrancelhas cobertos de gelo atingiu um ponto sensível para o regime chinês, cujos altos funcionários são sinônimo de peculato, suborno e corrupção.
Mais da metade da população chinesa vive na pobreza, fato que o regime chinês quer manter debaixo do tapete. Por exemplo, 1,5 milhão de moradores foram despejados de suas casas, agora demolidas, e deslocados antes dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, porque a China quer dar uma imagem falsa aos visitantes estrangeiros e, em vez disso, mostrar os chamativos prédios de apartamento no estilo ocidental. Então, quando a foto da “criança congelada” Wang se tornou muito viral tanto na China quanto no exterior, os demagogos chineses entraram em ação.
'Frost Boy' walked 4.5 kilometres through the mountains to get to school. His frozen hair is shedding light on China's rural povertyhttps://t.co/kh7K4KHCwK pic.twitter.com/r9m7JcEGx8
— TorontoStar (@TorontoStar) January 14, 2018
Wang não é mais o símbolo da pobreza rural, uma vez que agora está sendo usado pelo Partido Comunista Chinês para fazer propaganda. O menino de 8 anos foi convidado a ir a Pequim e nomeado herói patriótico. Ele foi fotografado agitando a bandeira comunista e jurando lealdade ao Partido. Ele foi fotografado vestindo uniforme do batalhão de choque e expressou sua intenção de se tornar um policial quando crescer.
Muito provavelmente, ele não tem ideia de que a polícia chinesa é obrigada a executar a política genocida de Jiang Zemin de “eliminar” os praticantes do Falun Dafa — grupo de pessoas pacíficas — prendendo-os e usando-os como banco de órgãos para alimentar o lucrativo comércio de transplantes da China.
Ao tratar a criança como uma celebridade, o regime chinês não só consegue reforçar a sua própria reputação entre a população como o partido que “luta pelo povo”, como consegue passar a ideia de que a criança lutou contra as condições geladas do inverno para chegar à escola, sendo que que a mudança de abordagem banalizou e mitigou o debate sobre a esmagadora pobreza da China.